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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 20 de novembro de 2024
 

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Mensagem: A PRAÇA É NOSSA!

Há uma instituição em minha aldeia, chamada Montes Claros Tênis Clube, nossa Praça de Esportes, que é um dos ícones de nossa cultura. Ela incrustou em mim imagens de um tempo feliz, lembranças que ainda povoam minha mente. Aos 10 anos de idade, em 1955, transpus, pela primeira vez, seu portão de ferro, de duas peças, e desci os degraus de uma larga escada para conhecer suas dependências, o que era um sonho de toda a criançada e dos jovens da cidade, então com pouco mais de quarenta mil habitantes. Procurei o saudoso Sabu (José Francisco de Oliveira), por indicação de meu pai, e disse a ele que gostaria de aprender a nadar. Pediu-me um exame médico. Fui ao consultório de Dr. Mário Ribeiro, na Dr. Santos, e este, após examinar-me com o maior desvelo, elaborou um atestado, dando-me como apto a freqüentar as piscinas. Voltei, ansioso, e entreguei o papel na secretaria. Daí, tornei-me um dos mais assíduos freqüentadores do clube. Só o deixaria oito anos após, obrigado a residir em Belo Horizonte para tentar um curso superior, já que, na época, em 1963, não tínhamos universidades.
Ainda meninos cultivávamos, como ídolos, nossos atletas das mais diversas modalidades esportivas. Falávamos, sem sequer ter visto jogando, de Zembla, Marlene e Lucy, estrelas do vôlei feminino. No vôlei masculino comentávamos e exaltávamos os saques de Piloto, as cortadas de Buião e Raimundo Fumaça, as pingadinhas de Bichara e a técnica do levantador Terezino. Quanto aos ídolos do basquete, tive a honra de, juvenil, participar de treinamentos em que ainda jogavam, dentre outros, Geraldo Barata, Diu, Walduck, Hélio, Tutica, Roberto, Cabeludo, Raimundo Chupa Dedo, Amauri, Mário Bode e João Carlos. Uma das maiores emoções de minha vida foi quando, ao final de um treino, Zim Bolão me chamou e entregou-me a camiseta de Geraldo Barata, toda suada, para que eu treinasse apenas os cinco minutos finais. E foi assim que encontrei meu esporte predileto. Cinco anos depois, chegaria à seleção mineira, disputaria um campeonato brasileiro universitário e receberia o troféu de craque do ano da segunda divisão de Minas Gerais, em 1966. Ilídio Costa, saudoso repórter esportivo, perguntou-me, numa entrevista, a quem eu devia tudo aquilo e respondi, na bucha: à Praça de Esportes de Montes Claros e a meu primeiro técnico, Zim Bolão. Minha geração nunca esquecerá as eletrizantes provas de natação, que se davam normalmente nas manhãs dos domingos. A imensa torcida se aglomerava em volta das barras de ferro que isolavam a piscina, onde competiam nossos grandes nadadores, dentre eles, Zé César, Diógenes, Max, Guigui, Gilberto, Leônidas, Waltinho, Maninho, Armeninho e Felipe. Um deles, Saulo, tornar-se-ia campeão mineiro do nado de peito. Os campeonatos de futebol de salão eram emocionantes, com vários times disputando. As rodadas, noturnas, se davam duas vezes na semana, as terças e quintas, e as arquibancadas, de madeira, ficavam completamente lotadas. As quadras de tênis viviam repletas de jogadores. No gramado da pista de atletismo, desfilavam grandes craques de nosso futebol. Em volta dela, muitos jovens passeavam de mãos dadas a lindas donzelas, ou iniciavam sutis paqueras com desejo de conquistar dadivosos corações. As horas-dançantes da chamada “Boate da Praça” selaram muitos romances que ainda perduram. Começavam por volta das dez horas da manhã e iam até as duas da tarde, embaladas por excelentes conjuntos musicais. Dos superintendentes lembro especialmente de “seu” Laércio e “seu” Pimenta, pessoas finíssimas, extremamente rigorosas com a disciplina. Volta e meia alguém pegava uma suspensão por não cumprir as normas do clube. Era um martírio ficar alguns dias sem freqüentar aquela aconchegante Praça de Esportes, berço de muitos atletas e orgulho de nossa aldeia. Eternamente nossa.

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