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Mensagem: LUIZ DE PAULA, O CONTADORJosé Prates Quando dei baixa do Exército, nos meus vinte anos, voltei para Janaúba onde estava minha família e, ainda, tinha um emprego na Comissão de construção da Estrada de Ferro, que foi mantido durante o meu tempo de quartel. Voltei, apresentei-me e fui demitido. Janaúba começava a florescer com um bom comércio na exportação para outros estados, de produtos agrícolas, principalmente milho e algodão, despachando vagões lotados desses produtos para centros industriais, principalmente São Paulo. Eu nada entendia de comércio, porque desde muito cedo fui acostumado ao serviço público. Nasci numa agência dos Correios, no interior baiano onde vivi toda minha infância. Ainda na adolescência, em Montes Claros, empreguei -me na Estrada de Ferro como radiotelegrafista, e lá estive até a convocação militar. Agora sem emprego e sem experiência em outro setor de atividade, o que poderia fazer em Janaúba? Minha mãe preocupada comigo, falou com sua amiga Dona Lourdinha, esposa do Sr. Veraldino sócio-gerente da firma Fraga e Silva, Ltda, atacadista de milho e algodão. Este quis saber se eu conhecia datilografia. Conhece, sim. Respondeu minha mãe. Como, alguém que soubesse datilografia era raro naquele tempo, fui admitido como auxiliar de escritório, ajudante do contador Robinson Crusoé. Um ano depois, com a saída do contador que montou seu próprio escritório, assumi a contabilidade que era feita em partida simples, usando ficha tríplice como diário e razão. O que eu não podia fazer era assinar nada. Foi ai que conheci Luiz de Paula que nessa ocasião, era contador da firma algodoeira do Sr. Fraga, sócio do Sr. Veraldino. Ele aceitou assinar o balanço da firma Fraga & Silva, depois de conhecer o meu trabalho. Fui a Montes Claros encontrar-me com ele, quando o conheci pessoalmente. Conversamos bastante e fui esclarecido sobre muita coisa de contabilidade que eu não conhecia. Passei a admirá-lo pela sua capacidade profissional e seus largos conhecimentos de comércio. Só depois vim conhecê-lo como intelectual. Ainda em Janaúba, sempre que ia a Montes Claros a serviço ou a passeio, procurava a algodoeira porque gostava de estar com Luiz para ouvi-lo em questões de trabalho. Ficava empolgado com sua palestra e a facilidade que tinha em transmitir ensinamentos. Nessa atividade trabalhei dois anos. Deixei quando ingressei no serviço público em 1950. Luiz continuou como contador do Sr. Fraga. Continuei seu amigo e admirador. Em 1978 fui removido para o Rio de Janeiro, onde estou até hoje. No ano seguinte à minha chegada ao Rio, tomei conhecimento da candidatura de Luiz a Deputado Federal e, embora pudesse justificar o voto – não transferi o meu título - preferi ir votar em Montes Claros para dar meu voto ao amigo. Naquela eleição dois candidatos a Deputado estavam ligados à minha família: Humberto Souto, pelo parentesco com minha esposa, pelo lado Guimarães e Luiz de Paula pelo laço de amizade. Resolvemos, então, que eu votava em Luiz de Paula e mina esposa em Humberto. Passei, então, a acompanhar a trajetória dos dois na vida poliítica, acompanhando com interesse o desenvolvimento de cada um. A atuação de Luiz de Paula na Camara dos Deputados não teve grande repercussão nem ele alçou grande vôo, porque sua vocação nunca foi política partidária, mas o comércio e a industria. Sempre demonstrou sua capacidade administrativa que aliava à de contador e isto dava-lhe uma grande vantagem sobre os outros administradores, pois, não se restringia às questões administrativas propriamente ditas, mas a todo conteúdo da empresa. Conheci o seu trabalho como Deputado e acompanhei com interesse sua trajetória política. Quando teria que deixar a administração da Coteminas por ser Deputado, resolveu escolher a empresa, deixando a vida pública. Isto foi uma demonstração do seu interesse pela administração da empresa. Hoje meu contato com Luiz é, apenas, a leitura dos tópicos do seu livro publicados no mural. Gostoso! Somos transportados de volta ao passado e as recordações no fazem revivê-lo. Hoje, na página que publica, fala sobre Antônio Montalvão, fundador de Montalvânia. Foi nosso bom amigo. Lembro-me bem quando ele chegou da Argentina onde esteve algum tempo. Um dos fatos relacionados a Montalvênia que não me esqueço, foi quando Montalvão, iniciando o loteamento do que seria a cidade, separou três lotes juntos e os ofereceu, de graça, à Igreja Católica Romana, um; à Igreja Batista, outro e o terceiro a um centro espírita.Nessa ocasião, o Bispo de Montes Claros era Dom Victor Sartori que recusou a oferta. Perguntei-lhe por que a recusa. Ele respondeu: “Esse moço é comunista. Ele oferece três lotes juntos para três religiões diferentes. O povo vendo todas juntas, vai deduzir que tudo é igual e se tudo é igual tudo é nada. A sua oferta tem intenção clara de mostrar isto ao povo. O que me surpreende é a capacidade de Luiz em narrar a sua história com tamanha fidelidade, que nos faz reviver aquele tempo. Nele a juventude não morreu.(José Prates é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros de 1945 a 1958 quando foi removido para o Rio de Janeiro onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)
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