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Mensagem: LISBOA E OS BRASILEIROS Wanderlino Arruda Wladênia completa já os seus quarenta e dois anos, põe na moldura dois títulos universitários, freqüenta pela segunda vez uma escola de motorista e fica imensamente alegre com a beleza e a inteligência dos seus três filhos. Suas alegrias, que são também a minha e a de Olímpia, têm em mim um outro efeito – o da saudade, o de boas lembranças da viagem que fiz a Portugal, logo depois do seu nascimento em 1962, juntamente com Antônio Ramos, D. Flora, Dulce Sarmento, Correia e José Almeida. É que, quando viajamos, Wladênia mui pequenina, era a primeira mocinha da família, tanto contentamento que Olímpia nem esboçou o menor desejo de fazer uma viagem à Europa. Eu que fosse sozinho, ela ficaria para curtir o encantamento da filha mulher. Agora, tanto tempo depois, a viagem volta-me à memória verdadeira multidão de boas lembranças. Vôo de dezoito horas, primeira escala em Recife, onde encontramos D. Fina e Dr. Hermes, que nos esperavam no aeroporto. Segunda descida na Ilha do Sal, pertinho da Costa d`África, onde encontramos outros brasileiros. Chegamos a Lisboa já bem à tardinha, saindo do avião com um envolvente frio do início da primavera. O primeiro impacto é quando a caravana brasileira dos Elos Clubes se reúne, ainda na pista para uma fotografia de chegada ao lado do DC4 da TAP. Sorrisos em todas a faces, com as boas vindas dos elistas portugueses, companheiros, irmãos e amigos. Logo depois o burburinho dos salões internacionais e da alfândega do Portela de Sacavém, o Aeroporto mais ocidental do velho continente. Mais fotografias, mais abraços, mais voto de feliz estada. No caminho para o centro de Lisboa, os táxis deslizam por bairros moderníssimos como o de Moscavide e por avenidas de encantar as vistas, como o da Liberdade e a do Brasil; por praças realmente lindas como a do Teatro, o Rocio, o Terreiro do Paço; ruas como a do Ouro e da Prata. De longe, a visão sentimental do Tejo, da antiga fortaleza de São João, do Largo do Comércio, da Ladeira do Chiado, da velha Alfama. Quando o motorista passa próximo às fontes luminosas dos Restauradores mostra-nos a estátua de D. Pedro, e diz-nos, orgulhosamente, que ali está ´o nosso D. Pedro quarto, vosso Primeiro´, um dos grandes heróis da história portuguesa. D. Flora e Antônio Ramos reviam as mesmas cenas depois de pouco tempo. José Almeida, natural do Norte, tinha estado em Lisboa apenas de passagem, quando veio para o Brasil. Joaquim F. Rodrigues Correia, que estudou em Coimbra quando menino, vira Lisboa fazia mais de quarent`anos, na sua própria linguagem. Dulce Sarmento e eu nos deslumbrávamos com a beleza pela primeira vez ou quando muito por saudades atávicas. Ninguém pode imaginar como é doce e gostosa a sensação de pisar no solo da pátria-mãe, sentir ali o berço da raça, origem da maioria de nossas tradições, um lugar que de modo algum para nós é estrangeiro. E como nós brasileiros somos bem recebidos em Portugal, em Lisboa, em Santarém, em Belmonte, no Porto em qualquer parte! À noite, o primeiro passeio a pé, a visita ao interessante mundo da Praça da Alegria, de Sé, dos cafés do Chiado, o trajeto de metrô, a subida das ladeiras, o olhar curioso nas vitrinas de ourivesarias e de lojas, a aproximação das fontes de todas as cores e todos os sons, mais bonitas do que as de qualquer outra parte do mundo. Por aquelas ruas e praças haviam passado também D. Dinis, Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, Luís de Camões, Eça de Queirós, Alexandre Herculano, Antero de Quental, Florbela Espanca, Fernando Pessoa! Por aqueles lugares havia passado também o brasileiro mais famoso em Lisboa, o nosso também sempre lembrado presidente Juscelino Kubitschek. Ele era tão querido lá, que quando chegava a qualquer lugar, teatro, cinema, restaurante ou café, todas as pessoas se levantavam em sinal de amizade, respeito admiração. Para nós, é claro, os portugueses não chegavam a tanto, mas sempre nos recebia com grande atenção e muito carinho.Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
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