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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 20 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Saudade disque 800

Haroldo Lívio

Leio, no noticiário, com sentimento de pesar, o regresso do radialista Ubirajara Toledo, mais conhecido como Tio Bira, para sua cidade natal, a formosa Juiz de Fora, que se coloca entre as melhores metrópoles do Brasil. Ele deve ter suas razões, com sobra, para deixar Montes Claros, que aprendeu a amar desde que aqui aportou, parece que no já distante ano de 1964, como dirigente do SAPS - Serviço de Alimentação da Previdência Social, que abastecia a população com produtos subsidiados, numa época em que ainda não se falava, por aqui, em supermercados.
Recordo-me, como se fosse hoje, de que me encontrava em um grupo de amigos, quando alguém nos apresentou ao recém-chegado Ubirajara Toledo, informando-nos sobre seu currículo de radialista e ex-vereador na Manchester mineira, a segunda cidade de maior importância em Minas Gerais, que perdia em população apenas para a Capital. Atualmente, classifica-se em terceiro lugar, porém conserva sua característica de estar entre as cidades ideais para morar, razão por que é conhecida como a localidade preferida pelos militares do Exército para encerramento da carreira.
Vê-se, logo, que o veterano radialista nem precisa se justificar, por estar se afastando do nosso convívio. Embora saibamos de seu grande amor por nossa cidade, ele ouviu a voz do coração, que fala mais alto e retorna ao cenário da infância e da juventude. É um direito seu, de filho amado, que não lhe pode ser negado.
Sua decisão de retorno ao regaço materno pode ser facilmente traduzida pelo verso do poeta gaúcho Vargas Netto: “Querência, eu ouço a tua voz que não fala, mas que todo gaúcho ouve quando longe de seu .rincão!” Por outro lado, temos de reconhecer que o Titio Bira ama estremecidamente esta cidade, berço de seus netos, e prestou valiosa contribuição ao seu desenvolvimento artístico e cultural.
Quando aqui chegou, encontrou somente uma emissora de rádio, a ZYD-7, e a televisão era ainda um sonho para o futuro. Passou a apresentar um programa dedicado ao publico saudosista, onde declamava versos de sua autoria e de poetas locais, destacando-se a obra lírica de Cândido Canela e canções que embalavam os ouvintes. A cidade, antes de dormir, sintonizava “Saudade disque 800”, no horário de maior audiência. Não se pode negar o sucesso do radialista e a importância de sua participação na radiofonia de Montes Claros.
Nos últimos anos, parece ter-se recolhido ao remanso do lar e encerrou seu trabalho, ainda lembrado, com muita saudade, pelos rádio-ouvintes daquela quadra feliz em que nossos telefones tinham apenas três dígitos. Bastava discar 800 para ouvir o canto triste da saudade.

(N. da Redação - As fotos acima foram obtidas na Rádio Montes Claros 98 FM, numa manhã, há cerca de um ano. Ubirajara Toledo, sempre afável, gentil, veio nos ver por ocasião do Dia da Imprensa. Visitou todos os setores, abraçou a todos, riu. Falou de umas sombras que insistiam em cobrir seus olhos, as retinas cansadas. Ao sair, acenou. Partiu, chorando. Era possível saber que Tio Bira chorava, até que sua terna silhueta desapareceu na dobra do caminho).

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