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Mensagem: Sobre as chuvas de ontem em Montes Claros. Alguém pode achar que 75 milímetros de chuva, em 5 horas, representem uma quantidade absurda. Não representam. Chuvas como esta, e muito maiores do que esta, sempre caíram em Montes Claros e jamais provocaram uma enchente como esta que ditou a súbita fúria do rio Vieira, tão humilhado por todos nós. Pelo menos depois que foi canalizado, no início da década de 80. Antes, sempre foi um espetáculo para a criançada ver as enchentes do rio Vieria. Um belo rio, quase puro, brincando com os indígenas da cidade. Pois bem. A chuva de 75 milímetros, e de até menos em outros pontos da cidade, a chuva apenas média de ontem não tem o condão de provocar a destruição que provocou. Alguma coisa errada surgiu no caminho. Há,alegada, esta questão do lago sul idealizado pelo prefeito Toninho Rebello, e abandonado pelos sucessores, com grande culpa - está visto. Mas, creio, há outras questões. Será que as obras de canalização a montante do rio Vieira não apressaram e conduziram a chegada das águas aos canais localizados abaixo, que perderam sua capacidade de escoar a água? Talvez este detalhe tenha contribuído muito - falta de planejamento, obras mal feitas, destruição de escapes naturais de água, etc. etc. O fato é que toda a área próxima do canal está agora apreensiva, e com justa razão. Sei de muita gente que sequer deixou o carro nos garagens, temendo o pior com a inesperada violência das águas. Uma coisa precisa ficar clara: tememos menos a chuva e mais, muito mais, a ação humana. Ainda mais que orientada por razões imediatistas, como a procura do voto, a demagogia, o descompromisso com tudo, a lambança de sempre. Será terrível para a cidade que a cada chuva de 75 milímetros, ou até menos, colhamos resultados como este de ontem. A ira da natureza aponta em alguma direção. É urgente identificá-la. Os responsáveis não devem apontar o dedo para a chuva.
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