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Mensagem: MONTES CLAROS INTELECTUAL E COMERCIALJosé Prates A história de Montes Claros, essa heróica cidade mineira cravada no sertão, vivendo sob os efeitos da seca que martiriza a região, não se resume na luta penosa contra todos os obstáculos para atingir a grandeza da metrópole que hoje é. Não foram soldados dessa luta gloriosa, apenas, comerciantes interessados no desenvolvimento do capital, num plano puramente material como convém ao capitalismo. Ao lado dos interessados no plano comercial para o arraial que nascia, estavam outros cujo interesse maior era promover a cultura daquele povo que pouco enxergava além do comércio. Não foram poucos, naturalmente. Muitos como Jerônimo Máximo de Oliveira e Castro, primeiro Juiz Municipal ajudaram a formar a cultura e o desenvolvimento intelectual daquele povo, dividindo comércio e cultura, porque nem só de pão vive o homem, como disse Jesus à multidão que lhe procurava. Nem só de comércio vivem os grandes centros. É necessário que neles se processem, também, a formação cultural e intelectual do povo, como base do progresso economico. E nesse processo de formação cultural e intelectual de Montes Claros, estiveram presentes João Chaves, o último bardo; Cyro dos Anjos e alguns outros notáveis do passado e contemporâneos como Cândido Canela, Hermes de Paula e Darcy Ribeiro que não pretenderam frear o comércio, mas, a ele aliar a cultura necessária ao desenvolvimento popular. E o resultado apareceu: ombro a ombro, lado a lado, cresciam cultura e capitalismo com respeito mutuo, o que, sem dúvida, proporcionou a rapidez do progresso comercial e cultural, levando o Arraial das Formigas, humilde e distante dos grandes centros, à grandeza da metrópole de hoje: rica e culta. Progresso cultural e progresso comercial caminharam juntos. Nenhum estagnou. No decorrer do tempo, o processo continuou ativo. Ao lado do comércio e da indústria que se firmavam, sempre esteve a cultura abrindo escolas como o Grupo Escolar Gonçalves Chaves, criado em 1908, onde estudaram personalidades como Alfeu Quadros, Hermes de Paula e Darcy Ribeiro; instalando colégios e criando faculdades para receberem os jovens ávidos de saber, que vinham e vêm de outras plagas buscar recursos escolares. E assim, o ensino cresceu até chegar ao que hoje é: universidade. Intelectuais pululam na cidade como Augusto Vieira com suas estórias da aldeia; Raphael Reys e suas crônicas; Ruth Tupinambá que nos conduz ao passado com o romantismo de seus artigos; Wanderlino Arruda cronista e poeta; Waldyr Sena e seus comentários políticos; Luiz de Paula com seu livro; Oswaldo Antunes, o jornalista e Raquel de Souto Chaves, sem falar da maneira cativante de Márcia ou a elegância de Paulo Narciso. Montes Claros industrializada que não perdeu a veia política, hoje é uma metrópole que não permitiu que o comércio suplantasse a cultura nem privasse o nascimento e desenvolvimento intelectual de seus filhos. Não se rendeu ao mercantilismo em detrimento da cultura. Soube separar um do outro os incentivando ao crescimento dentro dos seus propósitos. Ainda agora, quando lemos o MURAL vemos crônicas sobre Cândido Canela; noite de autógrafos de Amelinha Prates ou voltar ao passado numa crônica de Ruth Tupinambá. E, hoje, com orgulho, falamos de uma Montes Claros culta voltada para o desenvolvimento intelectual em seus estabelecimentos de ensino, convivendo harmoniosamente e sob apoio mutuo, com a Montes Claros capitalista voltada para o desenvolvimento comercial através de seu parque industrial. Isto nos enche de alegria. (José Prates é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros de 1945 a 1958 quando foi removido para o Rio de Janeiro onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)
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