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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 19 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Retratos de família HAROLDO LÍVIO Desapareceram os retratos de família das paredes das salas de visita das melhores famílias. Ainda alcancei os bons tempos dos retratos dos ancestrais familiares.Os retratos ampliados eram expostos na parede, ficando assim reverentemente homenageados pelos descendentes, que tinham o capricho de guardar as fotografias de toda a parentela que já partira para a eternidade, principalmente os pais, avós, bisavós. Ampliados de tamanho e emoldurados serviam até para animar a conversa, enquanto a dona da casa preparava o café tradicional. Lá do alto da parede, de onde contemplam nosso mundo vão e enganoso, os finados pareciam estar acompanhando a prosa dos mortais, geralmente seus filhos, netos ou bisnetos, e tinham o direito de saber de que tratavam, na palestra, uma vez que os nomes dos retratados eram comumente citados. Ouvindo o próprio nome, da boca daqueles que tanto amou em vida, os homenageados apuravam os ouvidos para se comprazerem com o elogio póstumo e as manifestações de eterna saudade e gratidão dos entes queridos, que mandaram celebrar missas em sufrágio de suas almas e se habilitaram como herdeiros dos teres e haveres que acumularam em vida. Porque assim é a lei da vida. Isso de ter retratos de família entronizados na sala de visita nunca foi privilégio das classes mais abastadas. Nas famílias de menores posses também era corriqueiro o costume saudável de venerar a memória dos familiares que já haviam partido para o reino da glória. No meio rural, ainda se encontram muitos retratos pendurados na parede, conservando a melhor maneira de lembrar quem já partiu, mantendo viva a impressão de sua imagem. Recordo-me dos representantes de estúdios fotográficos que viajavam pelas pequenas localidades agenciando pedidos de ampliações, que eram entregues devidamente emolduradas. Em minha casa paterna, havia um retrato oval de meu avô materno, João Vicente Maria, que para minha visão infantil era um verdadeiro monumento. Havia, ainda, outros menores, de meus pais e meus irmãos mais velhos. Depois, com o passar do tempo, que tudo muda, eles acabaram substituídos por outros ornamentos. Os tempos novos trouxeram muitas novidades, entre elas a tal decoração de ambiente que determinou, drasticamente, o arquivamento dos retratos de família, colocando em seu lugar pinturas de paisagens, cortinas, etc. No entanto, os retratos de família são bens preciosos, dignos de serem guardados como tesouros, pois até gozam da proteção da lei. Nosso Código Civil, que é de leitura muito agradável, os coloca na relação de bens impenhoráveis. Estão de parabéns as pessoas que não cederam às pressões dos modismos e continuam com os quadros de família na parede como se fossem oratórios, que realmente são.

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