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Mensagem: A RUA DR SANTOSJOSE PRATES Lendo a crônica de Wanderlino sobre a Rua Dr. Santos, as recordações bateram forte quando ele falou de José Figueiredo Pinto, dono do Foto Pinto, um atelier bem montado que ficava ali mesmo, pertinho da gente, quase em frente ao jornal. Praquele tempo, não sei se pra hoje, também, era um atelier sofisticado, bem distante dos lambe-lambes especializados em foto 3x4 estabelecidos em pequenos cômodos. No jornal, quando necessitávamos de fotografo, convocávamos o Pinto e eu me sentia o máximo, acompanhado por ele para alguma cobertura importante, como a visita de Juscelino, Ademar de Barros ou outra reportagem que exigisse fotografias que não eram publicadas de imediato, porque não tínhamos condições técnicas para isso. Era necessário preparar o clichê e isso não fazíamos no jornal. Aquele tempo, inicio da década de 50, a rua dr. Santos, como todas as outras do centro, eram calçadas com pedras de tamanho e formato irregulares, com falhas em muitos lugares que na ocasião chuvosa enchia de lama, prejudicando mais o trânsito de pedestres do que de carros, poucos naquele época, mas, que para tormento dos transeuntes, passavam buzinando e salpicando lama por todos os lados. Os passeios eram razoáveis, embora deixassem a desejar. As ruas centrais, principalmente a dr. Santos que era a principal, estavam sempre com muita gente transitando pelo meio, pelo costume que havia de usar a rua e não o passeio. Iniciando seu governo em 1951, o Prefeito Eneas Mineiro de Souza, lançou o projeto de pavimentação de todo o centro da cidade, que teria inicio pela rua dr. Santos, a mais importante, com residência de pessoas como Alfeu Gonçalves Quadros, Antônio Fraga, Arthur do Vale; com estabelecimentos como a redação e oficina do principal jornal da cidade; escritório de advogados de nome como Orestes Barbosa, etc. Antes de qualquer providência para a pavimentação, foi necessário criar e executar o plano de saneamento básico que, praticamente não existia. O esgoto então existente era uma fossa profunda, cavada no quintal de cada residência, que recebia os detritos vindos da casa e do sanitário, levados pela rede exclusiva de canos. Isto, na casa de rico, porque na casa de pobre era juntar tudo numa lata e depois jogar na “privada”. O projeto de pavimentação do centro da cidade foi bem recebido e incentivado, principalmente pelos membros do Rotary Club e da Loja Maçonica que tinham grande influencia na cidade, principalmente no meio abastado. A questão foi como seria: calçamento ou asfaltamento. A idéia do asfaltamento foi afastada pelas dificuldades que se apresentaram. Não me lembro quem, falou sobre um calçamento adotado no Rio de Janeiro, que era muito bonito e substituía o asfalto e estava sendo usado em vários logradouros públicos da então capital federal. Formaram uma comissão presidida pelo dr. João F. Pimenta, composta de membros do Rotary e Camara Municipal, para ir ao Rio de Janeiro verificar esse calçamento e suas possibilidades para Montes Claros. Fui acompanhando a comissão, para a cobertura jornalística. Aliás, foi essa a primeira vez que a imprensa montesclarense deslocou um repórter para cobrir um acontecimento fora da cidade. Chegando ao Rio de Janeiro, hospedei-me num hotel humilde, na Rua do Riachuelo, no centro da cidade, enquanto os outros hospedaram em outro local, que não me lembro onde. No dia seguinte, depois de colher informações, a comissão foi ao cais do porto e viu toda área pavimentada com um espécie de tijolo que chamavam de “blocrete”, um bloco de cimento concretado, mais ou menos de 30x30 cms. Todas as possibilidades foram levantadas, inclusive os custos com a instalação de uma fábrica em Montes Claros. Tudo aprovado, a pavimentação do centro foi iniciada e Montes Claros não demorou a ficar de cara nova, com rede de esgoto e ruas pavimentadas. Outra grande novidade surgiu, também, na administração do Capitão Enéas: a Guarda de Trânsito. As semáforas já tinham sido instaladas, mas, verificava-se um desrespeito a elas, devido, naturalmente à falta de hábito e ao pequeno movimento. Foi necessária, então, a criação da guarda de trânsito com poder de multar os infratores. Para efeito de hierarquia e disciplina, embora municipal, ficou subordinada ao Delegado Especial de Policia, nessa ocasião o Cel Coelho que incumbiu ao Tenente Moura, ex instrutor do Tiro de Guerra, a preparação dos candidatos a guarda, para o exercício da função. Quando estes estavam preparados, foram distribuídos em pontos de controle do transito nas principais ruas e a novidade despertou grande curiosidade em muita gente que ficava parada na calçada, olhando o guarda trabalhar. O interessante é que os carros obedeciam e, mesmo que nada viesse pela rua transversal, ali ficavam aguardando a abertura do sinal. O difícil foi fazer os ciclistas obedecerem ao sinal. Os guardas não podiam multar as bicilcletas porque, naquele tempo, nem placa elas tinham. (José Prates, 81 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros de 1945 a 1958 quando foi removido para o Rio de Janeiro onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)
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