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Mensagem: PEDRIM DE ARAUJOO matuto Norte-Mineiro é dado a fantasiar as suas narrativas conferindo às mesmas um tom policrônico e hilário. Conota aos fatos uma importância exagerada e aumenta o tamanho da narrativa. Pedrim de Araujo foi um mestre na arte do ”causo”. Embora aparentasse seriedade e severidade, era um tanto esnobe e criou escola! Essa crônica é a primeira de uma série!Pedrim de Araujo, coronel da Guarda Nacional, quando qualquer cidadão de certo aprumo podia comprar um posto imponente na referida Guarda, foi modesto dono de um sítio, criador de porcos e algumas vaquinhas na região do Rio Pacuí, morador com ótimo prestígio na campesina cidade de Coração de Jesus, filho de tradicional família do local. Casou-se com dona Flora Lafetá, filha do emérito Conde Lafetá e se julgava, pelo nascimento e pelo casamento, muito mais importante do que realmente era.Mas o Coronel Pedro de Araújo Abreu, um Barão de Munchausen do cerrado, notabilizou-se por ser um mestre da narrativa, valorizada pelo seu habitual bom humor, cultuador do hilário e de uma boa tirada, de repente, no auge da conversa, um intuitivo!Além de “fazendeiro” era dono de uma bodega (uma venda, como falamos por aqui) instalada no piso de seu imóvel residencial, um belo casarão colonial no centro da pequena cidade. Dotado de uma preguiça enorme, abria o estabelecimento pela manhã, deitava no balcão, preparava e fumava seu cigarro de palha, meio adormecido, naquela madorna sertaneja. De repente, surgia um desgraçado de um freguês para perturbar sua paz e comprar rapadura. Ele dizia que não tinha, embora as rapaduras estivessem se derretendo na prateleira do estabelecimento, bem à sua frente. Diante da insistência do frustrado comprador, apontando para as rapaduras, só para não se levantar Pedrim dizia, simplesmente: - Não é para negócio! É pro uso da casa.Espírito inventivo, sempre prestigiando a sua tradicional preguiça, pendurava meia rapadura numa corda que ficava balançando em cima de sua cabeça. De vez em quando, tirava as duas dentaduras, as raspava na rapadura e as recolocava na boca, sorvendo, de olhos fechados àquela delícia, infinitamente melhor do à Ambrósia dos deuses do Olimpo... Nosso herói era de tal modo diferente dos demais moradores da terra que, nos meses de frio da chapada enquanto todos vestiam blusas ele tirava a camisa e transitava com o dorso nu. Consta que tal valentia lhe valeu várias pneumonias...Segundo ele, era tão ligeiro o seu cavalo Fenomenal, que percorria a distância de Montes Claros a Coração de Jesus, bem uns cinqüenta quilômetros, toda manhã, para comprar pão na Padaria Santo Antonio numa ida e volta que levava apenas quarenta minutos! E dizia orgulhoso: - Flora adora o pão quentinho que lhe trago, pois até derrete a manteiga...Cabeça feita, calmo, observador, não se esquentava com coisa alguma. As tiradas inteligentes, sempre aumentadas pela sua mitomania, que não faziam mal a ninguém, já correm mundo, levadas que foram para a Europa pelo poeta e escritor Felippe Prates, sobrinho neto de dona Flora, esposa de Pedrim, numa época em que nosso amigo viajou pelo mundo inteiro como executivo a serviço da Vale do Rio Doce.Assim, seus relatos ganharam corpo, criaram escola e encantaram ouvintes estrangeiros sempre atentos!Dentre outras histórias fantásticas, contava ele possuir um cavalo alazão de grande porte, puro sangue, o Fenomenal. Esse maravilhoso animal era tão exótico, que logo após a hora da morte o seu corpo desapareceu. Mas, certa noite, foi visto vagando nos Hades dantescos e levando na garupa um Exu de capa vermelha!Muito firme em suas narrativas, Pedrim dizia que sua criação de porcos era tão grande que era vendida “por minutos”. - Como assim, coronel? - Quando surge algum comprador, abro a porteira do chiqueiro, os animais vão saindo e, de olho no relógio, lhe vendo, então, cinco, dez minutos de porcos, de acordo com suas posses. - E o senhor ainda tem muitos porcos na sua fazenda? - Ah... Tem bem umas cinco horas e meia de porcos...
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