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Mensagem: MILONGUEIRODin Canga, ou Din Bolero, ou Din Paiacim, era um rouxinol perdido nas chapadas do Norte de Minas! Criado na “larga” da vida, cedo aprendeu a malandragem e a sobrevivência noturnas. Aliados a isso havia a sua verve natural, o bom humor, a malícia, a habilidade em jogos de salão, cartas marcadas. Crooner de boleros e latinas. Milongueiro de pista de boate. Não foi feliz no amor, mas cultivou uma legião de amigos!Toda alma que o Criador manda a esse mundo o faz em missão!Como diz o trecho de uma canção portenha “cada qual com o seu cada qual” Cada um na sua!Seattle, o grande cacique dos Cheyenes, chegou a dizer que: “não se deve julgar um homem antes de andar duas luas com as suas sandálias.” E segundo Descartes, “julgar é obsceno!”. Din Canga varou a vida buscando conquistar o amor de Cecí, um esplendor de beleza feminina, uma distração do Criador, uma prostituta que não o aceitou como freguês e muito menos como amante.Por ela ele bebeu rios de uísque Cavalo Branco e afinou as suas cordas vogais cantando para ela “Aurora de Flor”.Presenciei uma mostra dessa paixão, na Boate Maracangalha em 1967. Bebíamos à noite, quando Ceci adentrou no salão do “dancing” devidamente acompanhada, num trepidante “tête a tête”!A orquestra de Lauzinho sentiu o clima dando os acordes da música fatal. Por empatia e companheirismo, abraçado a ele, solidário com sua desdita, cantamos juntos no salão iluminado pela luz de um abajur lilás, o seu hino de paixão!Nessa noite Din se embriagou e derramou rios de lágrimas enquanto os seus olhos orientais brilhavam na penumbra, a observar, através da cortina líquida e ácida do seu pranto, seu amor, Ceci, a dama da noite que numa mesa a um canto do salão tinha os seus lábios sugados demoradamente por um rico freguês!Nessa mesma ocasião compreendi a falácia do homem em sua semântica libidinosa e pude então assistir, ao vivo e em cores, o terrível massacre emocional de um apaixonado ante sua musa noutros braços.E junto com ele, no mesmo diapasão, cantamos “Aurora de Flor.”.
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