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Mensagem: (Do livro ´Por Cima dos Telhados, Por Baixo dos Arvoredos´ - Parte 66)POSSE NA ACADEMIA MONTES-CLARENSE DE LETRAS Quando recebi o vosso convite para participar desta Academia, na emoção da surpresa e do contentamento que no momento me assaltaram, veio-me à lembrança o dia distante em que cheguei a esta tão sonhada, tão querida e tão prometida cidade de Montes Claros. Eu vinha da roça e tinha 9 anos. Montes Claros, terra de meus pais, me acolheu com generosidade e me proporcionou oportunidades de estudo e trabalho. E hoje me premia admitindo-me em sua Academia de Letras. Desde já quero expressar que me sinto sumamente grato e honrado por esta alta distinção. Caber-me-á ocupar a cadeira que tem como patrono uma das inteligências mais sensíveis e brilhantes que Montes Claros já produziu. O poeta, escritor e jornalista Hermenegildo Chaves. E que teve como primeiro ocupante, uma outra mentalidade de escol, artista emérito na prosa, na poesia e na pintura, o também montes-clarense Geraldo Freire. A menção desses dois nomes nos leva à Montes Claros do primeiro quartel do século. A população andava em torno de 25.000 almas. Não havia rádio, nem televisão. O gramofone e o cinema mudo eram o toque moderno de então. O correio, a cavalo, trazia os jornais de Belo Horizonte e do Rio, com uma semana e mais de atraso. A energia elétrica, inaugurada em 1917, era escassa e ligada apenas à noite, para iluminação. A estrada de ferro chegaria em 1926. E começavam a aparecer os primeiros caminhões e automóveis, porém ainda sem estradas adequadas. As atividades econômicas giravam em torno dos produtos do campo. Mas Montes Claros já era uma cidade culta, sede de comarca e de bispado. Como matriz da cultura destacava-se a Escola Normal, fundada em 1879, fechada em 1905 e reaberta em 1915. Na Escola Normal de Montes Claros estudaram, cada um a seu tempo, Hermenegildo Chaves e Geraldo Freire. Hermenegildo Chaves, o patrono da cadeira 19, nasceu em Montes Claros a 7 de janeiro de 1898, filho do Professor João Antônio Gonçalves Chaves e Da Júlia Prates e Chaves. Aos 16 anos chefiava o Posto Meteorológico de Montes Claros e dois anos mais tarde, a 30 de julho de 1916, demonstrando desde cedo os seus pendores para o jornalismo, fundou com seus amigos Carlos Felinto Prates e José Figueiredo, um jornal quinzenário, literário e noticioso, intitulado O BISTURI. Algum tempo depois transferiu-se para Brasília de Minas, como escrivão da Coletoria Federal, exercendo ali a advocacia criminal. Em 1920, com 22 anos de idade, Hermenegildo Chaves deixa o sertão em demanda da capital do Estado, para seguir a carreira jornalística, à qual haveria de dedicar toda a sua vida. Em Belo Horizonte foi Diretor do Departamento Estadual de Informação, Diretor da “Folha de Minas”, Redator-Chefe do “Diário de Minas” e Diretor da Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais. Mas foi como Redator-Secretário do jornal “Estado de Minas”, e seu principal editorialista, que Monzeca, como era chamado entre os amigos, revelou-se o grande luminar da imprensa. Foi no “Estado de Minas”, principal órgão da imprensa mineira e dos “Diários Associados”, que Monzeca pôde exercer na plenitude a sua vocação, atingindo o ápice de sua brilhante carreira. Trazia consigo um lastro imenso de conhecimentos que o tornavam capaz de versar com facilidade e clareza os mais variados temas. Comentarista político dos mais lúcidos, traçou rumos e orientou atitudes de grandes homens públicos que se projetaram no cenário político de Minas e do Brasil. Ao lado de tudo isso, ou acima de tudo isso, Monzeca tinha um coração de ouro. “O prazer que dava a sua companhia era tão grande quanto o que proporcionava a leitura de seus editoriais, de seus sueltos, das páginas que deixou sem assinatura, perdidas na efêmera existência de uma edição de jornal ou de revista. Jamais alguém o viu defender uma tese menos nobre, uma idéia que não fosse marcada pelo desprendimento. Tinha inata em si a nobreza que faz os grandes homens, os que se salientam não apenas pela riqueza de bens materiais ou pelas falsas glórias da precariedade do poder exercido sem grandeza.” “A bondade e a pureza que punha em suas atitudes marcavam igualmente os seus escritos, os seus conselhos, as suas conversas informais. O lugar comum, o termo chulo, a expressão menos nobre, o vocábulo de gíria nele não encontravam guarida”. “Jornalista genuíno, tinha sempre uma nova idéia, uma sugestão diferente para o assunto que constituísse a preocupação jornalística do dia”.(continuará, nos próximos dias, até a publicação de todo o livro, que acaba de ser lançado em edição artesanal de apenas 10 volumes. As partes já publicadas podem ser lidas na seção Colunistas - Luiz de Paula)
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