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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 19 de novembro de 2024
 

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Mensagem: (Do livro ´Por Cima dos Telhados, Por Baixo dos Arvoredos´ - Parte 67)

“Dele disse o Professor Alberto Deodato: Foi alma que não se maculou. Foi coração que só amou. Foi caráter que nunca tisnou. Foi inteligência que não teve crepúsculo. Foi pena que nunca se corrompeu. E Rubem Braga, seu amigo de uma vida inteira: Monzeca era irremediavelmente bom. Editorialista correto, elegante, ágil, capaz de usar a malícia contra os fátuos, os impostores, mas incapaz de maldade contra quem quer que fosse”. E o Professor João Camilo de Oliveira Torres, que redigiu o Código de Ética para o Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, afirmou em artigo estampado na imprensa da capital, que o fizera inspirado na vida de Hermenegildo Chaves.
Era irmão de João Chaves, outra glória da inteligência montes-clarense.
É este o nobre patrono da cadeira-19.
O primeiro ocupante da cadeira 19 foi Geraldo Freire.
Nasceu em Montes Claros, aos 4 de julho de 1910, filho do comerciante Celso de Souza Freire e Da Firmina da Silva Freire.
Estudou na antiga Escola Normal, não chegando a terminar o curso.
Foi funcionário dos Correios e era hábil desenhista e tipógrafo, tendo lecionado Português e História durante 2 anos no Ginásio Municipal de Montes Claros.
Foi Diretor de dois jornais: “A Crítica” e “Jornal do Sertão”, mas a sua atuação marcante na imprensa foi no jornal “Gazeta do Norte”, onde durante longos anos fez de tudo, da tipografia à expedição, e ainda assinava uma crônica na primeira página, na qual comentava, com sensibilidade, inteligência e muito humor, os acontecimentos em evidência na cidade e no País.
Lembrando seu tempo de criança, falou-me um dia que a casa de comércio de seu pai, o seu Celso, era um dos locais de encontro dos jovens intelectuais da época - Monzeca, Carlos Felinto Prates, Ary de Oliveira e muitos outros, que ali iam falar de literatura, de pescarias, de caçadas, de namoradas e também para ler o jornal “Estado de São Paulo”, que seu Celso assinava e recebia com a demora de quase um mês de viagem. Geraldo, mais jovem, assistia a essas tertúlias e mais tarde haveria de referir-se à influência que elas tiveram em sua vida.
Há em Montes Claros algumas famílias de gente simpática e engraçada e que sabe ver, melhor dos que os outros, o lado engraçado da vida. Os Fernandes Amorim, por exemplo. Todos conhecemos os casos engraçados do seu Pedro Montes Claros e de seus filhos. E também do Nozinho, do Júlio e do Jáder Figueiredo. Do Cândido Canela. Do José Prudêncio de Macedo. Do João de Paula e tantos e tantos outros. O Geraldo Freire era desse naipe e seus irmãos e alguns de seus filhos também possuem essa virtude. Convivi muito com ele. Fomos amigos por longos anos, até seu falecimento. Amizade que alcancei como um privilégio, através de meus primos mais velhos, contemporâneos dele, e que conservei e da qual desfrutei, para alegria de meu espírito, durante toda a sua vida.
O convívio com Geraldo Freire era ameno, e instrutivo. Agradabilíssimo e espirituoso, tinha sempre algo de novo e inspirativo a contar ou um ângulo diferente a descobrir nas cousas corriqueiras.
Mas Geraldo Freire foi sobretudo um grande poeta.
Profundamente lírico, por temperamento, era um pre-modernista, com Ronald de Carvalho, Raul de Leoni, Guilherme de Almeida e os acompanhou e aos promotores da histórica Semana de 1922, Manoel Bandeira, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Carlos Drumond de Andrade e Menotti del Pichia e outros, na arrancada modernista da poesia brasileira.
Por ocasião das comemorações do Centenário de Montes Claros, publicou o seu livro de poesias, sob o título de FONTE DOS SUSPIROS, cuja capa ilustrou, ele mesmo. Embora tendo produzido muito, perderam-se os originais da maior parte de sua produção e o livro trouxe apenas aqueles poemas que o autor pôde recolher na memória dos amigos ou em páginas de jornais que as publicara.
Possuía Geraldo Freire inspirada concepção da arte. São palavras suas: “um traço espontâneo, ou uma cinzelada doida, a improvisação de um verso, traem um artista. Ao passo que uma existência inteira dedicada à arte, possivelmente nunca atinja a perfeição, por muita técnica que se adquira. Sem o toque do gênio é impossível comunicar a emoção artística, razão por que não existe meia-arte. Às vezes existe talento, porém nem sempre existe arte. Esta é confundível e até esquiva; aquele é encontradiço. Não se é artista pelo simples fato de querer; é preciso que a arte também nos queira. A arte é mulher e como tal tem os seus eleitos.”
“Tenho como certo”, é ainda Geraldo Freire, “que não adianta lambuzar telas, colecionar rimas, desbastar mármores com cinzéis de ouro, dar murros em teclas de marfim, se não se é artista”. E arremata com esta frase que dá a medida de sua compreensão: “arte é o pensamento de Deus impresso na obra pelo gênio”.
Este é o conterrâneo nosso que faleceu há 7 anos passados. Foi casado com Da. Geralda Teixeira Freire e deixou 6 filhos: Carlos Eduardo Teixeira Freira, Ronald de Carvalho Freire, Rubens de Carvalho Freire, Eglantine Teixeira Freire, Iracema de Alencar Freire Pereira e Maria de Fátima Freire de Oliveira.
Gostaria de mostrar dois poemas de Geraldo Freire.

(continuará, nos próximos dias, até a publicação de todo o livro, que acaba de ser lançado em edição artesanal de apenas 10 volumes. As partes já publicadas podem ser lidas na seção Colunistas - Luiz de Paula)

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