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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 17 de novembro de 2024
 

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Mensagem: INCUBAÇÃO

Apartado da política, agora com tempo para circular, conviver e trocar idéias com as pessoas, testemunho como os tempos mudaram. Ninguém tem mais paciência para discurso político, estômago para reuniões partidárias e disposição para levantar bandeiras contra isso e contra aquilo. O desdém para a coisa política é assombroso. Nem mesmo quem está envolvido na vida partidária ousa, como antigamente, defender altos ideais: “Reforma Agrária, Anistia, Educação para Todos, Demarcação das Terras Indígenas...”.
Afinal, há quanto tempo não vemos uma arregimentação reivindicatória? Uma mobilização política? Um protesto? Quando ocorreu a ultima grande passeata - sem ser paradas gay?
Pelo visto, cada um está querendo é cuidar de si, sobreviver, se virar, dar asas a seus sonhos, sustentar sua família. As favas com a militância, a atuação política e os demagógicos estandartes.
Fui me dando conta de que as pessoas cansaram de ser carneirinhos e maria-vai-com-as-outras, descobriram com o tempo que o jeito de melhorar o mundo é sentar, conversar e cada um fazer um pedacinho, em vez dessa baboseira de fazer barricadas e odiar quem pensa diferente.
A geração das passeatas, dos protestos, das décadas de sessenta e setenta, hoje no poder, traiu seus ideais, rasgou os cartazes, recolheu as faixas, silenciou os microfones, esqueceu os valores éticos e, de través, prega agora a governabilidade, a política de resultados. Acabou-se o sonho! O onírico foi substituído pelo pragmatismo.
Muitos largaram a política, mas a maioria que permanece militante sustenta que, de certa maneira, neste meio, tem que sujar um “pouquito las manos”. Triste, né? Uma coisa é fazer alianças, acordos políticos em função do bem público. Outra, é exceder os limites, extrapolar, se locupletar. É intolerável tanta falta de ética.
Sem ética, sem ideais, não há política decente, digna.
Paralelo a este esmorecimento político tenho percebido que está surgindo em Montes Claros, Japonvar, São Paulo, China e Conchinchina, no mundo todo, um movimento silencioso, um novo jeito de pensar, agir e comunicar. Uma mobilização individual, livre, autônoma, crescente, imensa, que numa velocidade devastadora se espalha por todos os cantos do planeta.
A bandeira maior do movimento é a independência. As pessoas, principalmente os jovens, querem viver por conta própria, donos de seus narizes e negócios, sem chefe e horários, sem dar satisfação ao estado e a igreja. Não estão à procura de altos salários, nem segurança no emprego, buscam a liberdade, a autonomia. O alvedrio.
Hoje não há uma geração. Há tribos, galeras, turmas, cúmplices. A grande simbiose está sendo feita pela internet. Ela tornou possível que pessoas de interesses comuns se agrupem, conheçam, troquem idéias, tracem planos, projetos e fecundem coisas grandiosas.
Neste momento, neste exato segundo, milhões de conexões, entendimentos, sugestões e alquimias estão sendo realizadas. Tudo misturado numa panela, sem censura, sem termo, sem medida. São agrupamentos informais de cérebros, delírios e descobertas, sem que cada um perca sua individualidade e não deixe de perseguir seu objetivo pessoal, seu sonho, e mais, sem ter que prestar satisfação a seu ninguém. Servem-se da conexão internética para trocar idéias e ficar mais fortes e mais independentes.
São milhões de pessoas inquietas, irreverentes, céleres, que mesmo sem coordenação e consciência, mas numa rede colaborativa, mudarão intuitivamente o mundo - ralearão a burocracia, estremecerão os governos antiéticos e sabotarão os poluidores do meio ambiente.
Não podemos ter má vontade com esta nova gênese, pois nem eles, nem nós sabemos onde vamos parar. Uma coisa é certa, melhor interagir na internet do que ficar passivo na frente da televisão. Hoje, todos têm o direito a informação e a expressão. Acabou a época em que uns poucos privilegiados criavam e pensavam para quase totalidade e passiva assistência. Todo mundo pode criar, brincar, sugerir, expressar, produzir. Vejam o You Tube, os infinitos blogs na net, vejam o formigueiro de informações que é o mural do montesclaros.com!
Estamos vivendo em tempos exponenciais. O que não encontramos no Google? Segundo pesquisa, “existem mais de 330 bilhões de procuras no Google todo mês: 11 bilhões por dia”. A quem essas perguntas eram feitas antes? E as respostas, as informações captadas, a que se destinam?
Atualmente, um mundaréu de jovens já desconfiou que estuda para se preparar para empregos que ainda não existem, para usar tecnologias que ainda não foram inventadas, a fim de resolver problemas que nem sequer sabem se realmente existirão.
Estamos preparados para perder nossos empregos? Para o desaparecimento de nossas profissões? Para buscarmos uma nova e inimaginável fonte de renda?
Alertem-se, a queda entre as fronteiras do conhecimento será cada vez mais veloz. Tratem de aprender a aprender, de pensar com a própria cabeça, passem a agir estrategicamente com originalidade. Procure a evolução por conta própria, com base no emergente e no futuro.
Pode ser um delírio internético, mas tudo isto me instiga e me provoca, pois embora o mundo esteja mais complicado e vulnerável, está mais vibrante e interessante.
Afinal, a velocidade das mudanças e o questionamento de toda e qualquer premissa acabam colocando as coisas de cabeça para baixo, que não deixa de ser uma maneira diferente de ver o mundo.
E a percepção do mundo de vários pontos de vistas só tende a acelerar o processo criativo, que, por sua vez, é o dínamo desta nova estufa incubadora.
Já dizia Gandhi: “Seja a mudança que você quer no mundo”.

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