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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 16 de novembro de 2024
 

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Mensagem: As festas chegam

Manuel Hygino - Jornal ´Hoje em Dia´

Junho no interior brasileiro é o mês mais festivo, em que a religiosidade se alia a motivos regionais para comemorar três dos santos populares: Santo Antônio, São João e São Pedro, no dias 13, 24 e 29. Como se trata de um período frio, as fogueiras se tornam no centro das festividades, com muita batata doce assada, enquanto as donas de casa oferecem às pessoas da família e aos convidados preciosidades da culinária popular, preparadas durante o dia. Biscoitos e doces fazem a festa de crianças e adultos, enquanto crepita a lenha às chamas e se aquecem as conversas.
Poucas épocas marcam tanto a infância interiorana quando as festas de junho, que são, enfim, de reunião e confraternização da e das famílias, fenômeno que vai rareando. Há dispersão e, por que não admitir, também degradação de velhos costumes, simples e puros.
Havia levantamento de mastros, queima de fogos, soltura de balões, café com biscoito, bolos, chocolate, cuscuz, canjica, mas sempre nas noites de 12, 23 e 28 de junho. Acontece, contudo, uma profunda transfiguração. As festas assumiram um caráter caricatural, como chamado “casamento na roça” e bailes nos clubes. As fogueiras praticamente deixaram de existir, porque a lenha ficou cara e rara, e não há mais o sossego da festa em plena rua, como antigamente. O medo se instalou. Canta-se, ou cantava-se coletivamente, também se dançava: “Ó minha caminha verde/ Ó minha verde caminha/ Eu não vou na sua casa/ Pra você não ir na minha”. Assim por diante, seguindo-se quadras alegres e maliciosas: “Sua mãe é uma coruja/ Seu pai um caxinguelê/ Sua mãe morreu de fome/ Seu pai de santo comê!” Ou: “Quando vim de minha terra/ Trouxe fama de ladrão/ Uma moça na garupa/ E uma velha no cambão”.
Dos três, o mais festejado é, ou era, São João, embora as donzelas em plenas flores preferissem ou prefiram Santo Antônio, o casamento por excelência. Segundo Leonardo Dantas Silva, em Pernambuco, a data mais festejada é a de São João.
É algo muito antigo, segundo Dantas. A festa é a mais antiga do Brasil, já registrada por frei Vicente do Salvador, em sua “História do Brasil 1500-1627” “… Acudiam com muita boa vontade, porque são muito amigos de novidades, como no dia se São João Batista por causa das fogueiras e capelas”. Os colonizadores portugueses trouxeram o costume da Europa, onde as comemorações coincidem com o início do verão, daí a presença de tradição de costumes pagãos dentro dos festejos, adivinhações e o culto ao fogo. No que se refere às fogueiras, consta que foram transportadas ao Brasil pelos jesuítas. Segundo estes, Isabel, prima de Maria, mandara erguer uma enorme fogueira, a fim de anunciar o nascimento de seu filho, João Batista: “Houve um homem enviado por Deus, cujo nome era João. Veio ele como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por seu intermédio. Ele não era a luz, mas devia dar testemunho da luz”. A música caracteriza esse tempo de alegria, com foguetório, que assusta as moças e senhoras, que alvoroçam meninos e adolescentes. Tudo vale. Novos ritmos, inicialmente importados da Hungria, da Polônia, de salões aristocráticos - como as quadrilhas, da França, se introduziram nos cancioneiros locais. Até que surgissem as músicas tipicamente brasileiras.

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