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Mensagem: A máquina do crimeManoel Hygino - Hoje em DiaViver é perigoso, dizia João Guimarães Rosa, que conhecia os riscos nos caminhos da existência. Haja vista que, voltando da cidade de Juramento, região percorrida por Fernão Dias e sua gente em lombo de bestas, um rapaz de 22 anos, dirigindo seu carro, avistou um quebra-molas na rodovia.Tentou frear, o veículo colidiu com um monte de terra, saiu da estrada, o rapaz se feriu gravemente. Um dos dois passageiros, salva-vidas americano, experiente, tentou salvar a vítima. Prestou ajuda, acompanhando as dores e a agonia.Braços ao alto, sinais de pedidos de socorro a viaturas que por ali circulavam. Ninguém atendeu. Os que transitavam tinham medo de assalto. A ajuda chegou tarde.Fatos como este se registram todos os dias. O brasileiro teme ir à rua, ver os filhos se deslocando até os educandários, assistir a partidas esportivas nos estádios, receber o salário nos estabelecimentos bancários, entrar nas filas para qualquer propósito, porque não há mais tranquilidade e confiança. Está-se sob permanente risco, inclusive de perder a vida.As famílias vivem mais cercadas presentemente do que os criminosos nos presídios e penitenciárias. Trancam-se em casa, vendo o tempo passar, ao aguardar os filhos que foram às aulas, durante o dia ou durante a noite. Ou aqueles que simplesmente esperam gozar apenas o direito de ir e vir, que é elementar. Teme-se até oferecer ajuda aos que necessitam, como no caso mencionado.Carradas de razões têm as autoridades de cidades que decidiram pelo toque de recolher para menores de 16 anos, desacompanhados de pais e parentes.Retrocede-se no tempo, pois em Belo Horizonte nos anos 40, os adolescentes eram proibidos de circular pelas ruas depois de 10 horas da noite, embora fosse uma providência simplesmente de proteção. Hoje, a causa é o perigo de assalto agressão ou morte.Em junho, Patos de Minas adotou a medida. Menores têm de voltar para casa até 23 horas, por decisão da Justiça, mas atendendo a pedidos dos próprios pais. Visou-se reduzir os casos de tráfico de drogas e brigas envolvendo menores. A cidade de Arcos já segue o sistema, o mesmo acontece em Pompéu. Em municípios da Bahia, três, São Paulo, cinco, aderiram ao toque de recolher.Difícil compreender como a sociedade custou a descobrir a droga e sentir-se agredida, a cada dia e hora, minuto a minuto pela terrível mal. Apenas tardiamente, quando se praticara um verdadeiro e ainda inacabado-genocídio, percebeu-se a tragédia, percorrendo as ruas, invadindo os lares, violentando exatamente adolescentes e jovens, o alicerce de uma nação.A droga adentrara todos lugares, as vias públicas, os lares, ingressava, sub-repticiamente quase sempre, porque os agentes do crime são cuidadosos em sua desumana atividade.Uma atividade que não termina nos presídio, porque as quadrilhas organizadas empresarialmente, continuam assaltando a sociedade, por todos os meios, ininterruptamente, usando instrumentos sofisticados de comunicação.Quantos brasileiros são viciados em drogas? Quantos milhões são usuários? Quantos agentes agem nas ruas, nas exposições, à porta dos estádios esportivos, nas festas “funk”, nos festivais? São estatísticas que jamais se completarão.Um mal sem fronteiras e sem limitações. Identificado em todos os lugares do mundo, do Brasil, qualquer tempo, moléstia insidiosa e praticamente sem remédio coletivo. Quantos já perderam a vida nos embates nas favelas do Rio de Janeiro, na Linha Vermelha, na Amarela, nas vias sem distinção de cor?Em junho, em Janaúba, MG, três jovens foram assassinatos em acertos de conta com o tráfico de drogas. Em dois deles, os executores mataram as vítimas no meio da rua em cenas típicas de favelas, como conta a descrição. Mais e mais, as motos são os cavalos dos bandidos modernos. Mais velozes, consomem combustíveis menos arcaicos. Às famílias, compete o dever de sepultar os entes queridos.
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