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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 15 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Flor do Ipê Roxo Nada é mais agradável do que dar asas ao espírito, desafogar a mente e sentir-se humanamente ligado à natureza, dentro do contexto urbano, em uma tarde qualquer na hora final do dia, assentado despreocupadamente em um banco da Praça da Matriz, aqui em Montes Claros, no aguardo do jorrar cronometrado da água da fonte central, que brota com precisão exatamente às dezoito horas. Ouvir, em seguida, o badalar do sino da Matriz na hora do ângelus, conclamando os fieis à oração vespertina. É um momento de paz, que se pode viver diariamente, a custo zero. É salutar correr os olhos pelas grandes e nativas árvores ali preservadas, que formam um contraste entre o natural e o artificial; admirar os ipês roxos em plena inflorescência, embelezando a Praça com sua rústica presença, dentro de uma cidade embrutecida pelo concreto armado, pelo asfalto das ruas, pelo barulho dos carros, pela insensibilidade do ser humano. Os ipês derramam sobre a grama centenas de flores que dão uma coloração roxa à área ao seu redor, fazendo-me lembrar entristecido de centenas de ipês outros, espalhados pelas matas, que ainda permanecem intocadas pela mão do homem, e que nesta mesma época de inflorescência servem de esperas favoráveis a caçadores irresponsáveis, nas noites de lua cheia. O jorrar da água e o dobrar do sino na hora crepuscular, nos deslocam da violência urbana e das perturbações sociais para um instante de sublimação, que nos leva a um um momento de paz interior, a uma concentração meditativa, afastando-nos de todos os aspectos desagradáveis da vida. Em uma dessas tardes, fui lavado a meditar sobre a cosmovisão budista e convencer-me de que “o universo é composto por vários sistemas mundiais, sendo que cada um destes possui um ciclo de nascimento, desenvolvimento e declínio que dura bilhões de anos.” Fui levado a ver que estamos no final de um desses sistemas, que se afirma nos males causados à natureza pelo próprio homem. O planeta Terra chegou a um ponto de saturação pela destruição dos incontáveis ecossistemas, mas ainda existe a possibilidade de uma reversão, sem necessidade de se gastar bilhões de dólares para se pretender colonizar o distante planeta Marte, como opção preservacionista da espécie humana. Se esses bilhões, que se pretende gastar, forem aplicadas na preservação do meio ambiente terrestre e na diminuição da emissão de gazes poluentes, nosso Planeta continuará a acolher o ser humano, a permitir que ele aqui viva e se reproduza. E que ele possa assentar-se com tranquilidade em uma praça qualquer, em uma cidade qualquer, e sentir-se ligado à natureza, ao meio onde vive e considerar-se integrado a esse conjunto heterogêneo de rochas, de água e de ar que se chama Terra.

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