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Mensagem: JOAQUIM SURUBIM E ADÃO CALANGO As seriemas e jaçanãs cantavam no córrego Bandeira, os tucanos nos ocos de pau os passarãos voavam pela serra do São Domingos cantando tiau... tiau... e as jararacas espreitavam nos talhados de pedra no fundo do rio São Lamberto. O gado nelore cagava para trás nas mangas das fazendas da Boa Sorte e botava os donos para frente. Corria uma aragem boa vinda da cachoeira Rompe Dia, do córrego Extrema Baltazar Duarte, Gera e Atair, entre risos e gargalhadas contavam os causos de Joaquim Surubim e Adão Calango. Virgílio, genro de Baltazar dava gaitada, gritava interjeições e sai rompendo para a praça montado em uma mula. O fazendeiro Joaquim Surubim andava com uma coberta suja no ombro, que nem doido de asilo arrastando as suas alpercatas de couro com os dedos cheios de bicho de pé. Era meio surdo e, como não escutava direito respondia o que entendia e não concluía bem o diálogo com o interlocutor. À noite, soltava sua égua na larga deixando que a mesma resolvesse no homérico o que tinha de amor platônico pelo cavalo de um vizinho. Pela manhã, saía à procura da égua levando o cabresto pela mão arrastando a sua “precata” na chapada. Um passante, ao vê-lo perguntou: “Como vai a comadre Belmira”, perguntando pela esposa de Joaquim. - Tô caçando minha égua! - Perguntei se ela está boa, insistia o passante, falando baixo. - Passei creolina no rabo dela e soltei na chapada!... Doutra feita molhava a minhoca nas águas do São Lamberto e um vaqueiro que passava falou: “Ei, seu Joaquim, está pescando?” – “Tô “pinicando”. “É surubim?” “Não sei se é bagre ou é mandim...” A sua filha trouxe da cidade umas xícaras bastante pequenas e o convidou para tomar um café, estreando-as. Acostumado a grandes copos e canecas de esmalte, ao se sentar à mesa, falou: “Traga-me o café e um pedaço de cordão de um metro.” “Uai, para quê, pai?” “Para amarrar na asa da xícara. De tão pequena que é, se eu a engolir, puxo com o cordão!” Já Adão Calango, da fazenda Quebra Ovo, gostava de levar a vida brincando e caçoando com todos. Alto, magro, bigodudo, um caboclo de bem com a vida e com a natureza. Era sua verve caipira. Aonde chegava aprontava logo uma e deixava todo mundo de orelha em pé. Chegando um dia em Claro dos Poções, viu a praça cheia de conhecidos,compadres e comadres. Sabedor que o amigo Cassiano não estava na cidade e como na roda havia parente e aderente do ausente, foi se aproximando e perguntando: “Compadre Cassiano morreu mesmo?” Logo a roda de pessoas pululava de perguntas e indagações sobre o falso “de cujus”. Os parentes vinham tomar satisfação, pedir detalhes e ele respondia, na troça: “Eu tava só perguntando se ele morreu! Ocês é que fizeram o baticum!...” Certa feita passava pela praça do povoado Boa Sorte trotando no seu cavalo, quando um magote de gente que tomava uma cachaça no bar do Pedrinho ao vê-lo, provocou: “Conta uma mentira aí pra nós, Adão!” Diminuindo o trote da montaria ele respondeu, em cima da bucha: “Agora não dá, pois vou até a casa do Altair para avisá-lo de que uma porcada invadiu o seu mandiocal e está comendo tudo!” A galera munida de paus e pedras saiu na carreira em socorro da plantação do Altair para espantar a porcada invasora. Era mentira pura.
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