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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 14 de novembro de 2024
 

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Mensagem: JUCA DE EUGÊNIO Alto, corpulento como um Hércules, emérito morador do Claro dos Poções-MG, alegre, cheio de truques, ágil no raciocínio. Tinha a resposta pronta para dar “em cima do pedido”. Quando alguém vinha com a mandioca, ele já estava com a farinha pronta. Uma vaca de sua fazenda, acometida de complicações de prenhês e fortes dores de parto, foi parir o seu rebento em uma gruta isolada da serra São Domingos. Juca, que seguiu no “pisadô’ do animal, encontrou a vaca já morta. Enterrou-a em seguida e conduziu o bezerrinho no colo, de volta para casa. Selou aí uma amizade duradoura do bovino com o humano! No ir e vir da fazenda para o povoado passava por cima de uma bica de madeira que ligava dois barrancos e servia de duto à água vinda da serra por gravidade e que era usada pelos vizinhos de baixo para o consumo humano e animal. Nessa lida diária, o garrote crescia e ele o transportava no colo rompendo, assim, progressivamente, o duto da bica. O garrote já adulto era conduzido como se fora um gato de madame. Mesmo quando convidado para jogar gaspará (jogo de derrubar latas com uma bola feita de pano), ou mesmo para um jogo de truco, ou dois dedos de prosa com os vizinhos da cachoeira Rompe Dia, o boi de estimação ia junto. Até mesmo para o namoro do seu boi com a vaca “Hermosa” moradora na propriedade de um compadre, o conduzia no colo, passando sempre por cima da bica com aquele enorme peso. Os vizinhos por diversas vezes reclamavam do estrago contínuo feito no duto de madeira e ele, ao seu modo peculiar, respondia dizendo que não atrapalhava em nada, já que a água de tanto passar por ali adquirira “o jiro” e com ou sem o duto perpetuara a sua função de passar. Doutra feita, retirou uma cerca que delimitava uma manga de capim com a manga de um vizinho. Reclamado, alegou que o seu gado era disciplinado e já havia se acostumado com o limite imposto pela cerca e em face disso não passaria para o outro lado. Certa manhã, ao acordar, deu por falta do seu boi mascote. Arriou o cavalo pampa e partiu no “pisadô’ da criação. Chegando à fazenda de Baltazar Duarte, vislumbrou ao longe o seu boi que rodava sobre um eixo imaginário como se estivera puxando engenho de cana. Exercia essa função na casa do seu dono. Ao chegar ao local da ação, Juca de Eugênio pode ver uma família de macacos guariba em cima de uma grande árvore próxima. Os ditos símios emitiam de maneira contínua o característico som tirado de suas gargantas. “Uéummm... Uéummm... Êimmm... Êimmm...” O mesmo som emitido pelo atrito das peças de madeira do engenho quando em função. Em face de ter se acostumado com aquele ruído, como se estivesse a trabalhar em um engenho, o boi fazia o movimento circular sobre o eixo.

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