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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 14 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Livro na Praça Domingo, Dia dos Pais, dando espaço livre em casa para o que desejassem fazer, fiel à minha rotina domingueira, estive na barraca do livro, do projeto “Livro na Praça”, da Secretaria Municipal de Cultura, na Praça da Matriz. Entre uma e outra laracha, como dizem os portugueses, ou um e outro bate-papo como dizemos nós que vivemos abaixo da linha do Equador, estive folheando alguns livros (são muitos). Gostei e li, por algum tempo, “Vamos brincar de brincar” de Milene Antonieta Coutinho Maurício. “Você que nasceu na era espacial! Você que nasceu na cidade grande! Você que vive em apartamento! Você que vê televisão o dia todo! Não fique aí parado: Ainda há tempo de ser criança! Desligue a televisão! Corra!!! Salve-se!!! VAMOS BRINCAR DE BRINCAR?” Os tempos são outros, mesmo nas cidades menores. Era tão bom correr pelas ruas de forma irresponsável, sem qualquer compromisso. Brincar de esconde-esconde, jogar futebol com bola de meia ou de bexiga de boi, para os meninos, ou brincar de roda para as meninas. Ler Milene Coutinho Maurício, em “Vamos brincar de brincar” é rever um passado ainda presente em nossas lembranças de crianças amadurecidas pelo tempo. Milene Coutinho é companheira da Academia Montesclarense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros e da Academia de Letras, Ciências e Artes do São Francisco. O cordel de Jason de Morais “Caçador e Pescador em Desafio”, edição independente, tomou parte considerável de meu tempo. Nascido nas barrancas do rio São Francisco, não fui pescador, mas penitencio-me de ter sido caçador, na minha juventude. Folheando o livro lembrei-me de Téo Azevedo, o cantor do sertão. Jason de Morais, poeta repentista, compositor, nascido e criado no sertão, foi caçador e pescador. “Aqui em Montes Claros / Há muito tempo passado / Existiu o Zé Tibúrcio / Um caçador afamado / Mas era tão mentiroso / Que deixava o povo abismado. / Mentia com sinceridade / Sem direito a ser gozado, / E se alguém criticasse / Ele ficava zangado, / Lá, chegavam caravanas / Que levavam algumas granas / E eles mentiam sossegados”. Jason de Morais é natural de Juramento/MG, mas reside em Montes Claros há incontáveis anos. Autor de “Inspiração de um poeta”, “Depois da vida”, “Rancho Solitário”, “Desafio de Mentira”, “Caçador e Pescador”, “Êta Saudade”, “Pequizeiro” e “Alguém chorou por você”. Ele apresentou-se no “V Festival” da Rádio Record, de São Paulo, em 1982. Um nome conhecido. Os escritores são muitos, os tipos de linguagem variados, os gêneros literários diversos. Abro, em momento outro, “O dia em que Chiquinho sumiu”, de Wanderlino Arruda, um livro de crônicas, com flagrantes de vida, apresentação de Haroldo Lívio. Na crônica que dá nome ao livro, instalada nas primeiras páginas, o sentimento de uma perda, o valor de uma afeição compartilhada pela força da amizade. Não houve tempo para ler mais. Wanderlino Arruda, mineiro de São João da Ponte é, antes de tudo, montesclarense. Sua biografia é das mais invejáveis deste sertão mineiro, não pelos bens materiais, mas pelo seu valor cultural. É difícil saber o que ele não é e do que ele não participou.Naquele domingo passei as vistas sobre outros livros, grande parte dos quais já tive oportunidade de ler. É agradável ver as pessoas passarem, pararem e manusearem os livros, com real interesse e efetiva aprovação, enquanto a música de João Chaves e de outros de igual valor deleitam os nossos ouvidos. O projeto “Livro na Praça”, como já informei em outra oportunidade, é uma realização da Secretaria Municipal de Cultura, sob a direção de Ildeu Braúna e coordenação de Doris Araújo, Dário Cotrim, Sebastião Abiceu e Marcelo Tiago de Brito. Está buscando difundir as obras literárias dos escritores montesclarenses e da região Norte-Mineira. A mostra pública ocorre todos os domingos, na Praça da Matriz, no horário de 9:00 às 14:00 horas. Os livros são expostos para conhecimento dos visitantes que comparecerem à barraca do Projeto. Todos os domingos alguns escritores se fazem presentes, em processo de revezamento, promovendo uma interação com os visitantes, num processo autor-livro-leitor. Ainda na Praça da Matriz escrevi este artigo, em papel emprestado pelo Sebastião Abiceu, degustando, em uma das inúmeras barracas, uma meia porção de torresmos e tomando uma cervejinha gelada, aguardando a hora de rever os parentes, no horário de almoço, no dia que se definiu como de homenagem aos Pais.

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