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Mensagem: VIOLENCIA URBANA JOSÉ PRATES “Estamos vivendo aterrorizados pelos ladrões que não têm nem dia nem hora para assaltar. Não adianta cerca elétrica, alarme, câmara, cachorro etc. A nova onda agora, é chegar colocar o revolver na cabeça mandar deitar e pegar tudo,” diz a leitora Soli Queiroz na mensagem 52076 publicada no Mural. Já tivemos a oportunidade de dizer, aqui mesmo, que a violência generalizada no país é igual nas grandes cidades e em qualquer canto que desfrute de algum desenvolvimento econômico-social. Os métodos usados pelos bandidos são os mesmos e a reação das autoridades administrativas e policiais não tem diferença, porque as causas são as mesmas de norte a sul. O povo sofredor, amedrontado, sem tranqüilidade no exercício do direito de ir e vir, grita por socorro, mas, não é ouvido, porque a solução do problema não é exclusivo da polícia, mas, de todos, no conjunto da sociedade afetada pelo próprio veneno. A policia existente para combater o crime e oferecer segurança à população em qualquer lugar, é insuficiente porque o aumento dos seus efetivos é inferior ao aumento do numero de bandidos, multiplicados a cada dia, com ingresso de novos elementos. E qual é a causa disso? A formação de grupos que decorre de relações sociais desiguais e injustas que geram revoltas dos menos favorecidos descriminados, cujo desdobramento em desejo de revide resulta em violência urbana que, geralmente, surge em áreas segregadas da cidade, em decorrência desses conflitos sociais entre diferentes grupos étnicos e, em alguns lugares, migrantes que buscam seu espaço de vida e suas formas de sobrevivência. Em países como o nosso, de instituições frágeis, profundas desigualdades sociais, econômicas e o sistemático desrespeito às normas de conduta social estabelecidas pelos códigos legais ou pelo costume, dá margem aos comportamentos criminosos graves, como assassinatos, linchamentos, assaltos, tráfico de drogas, tiroteios entre quadrilhas rivais e corrupção, como, também, a banalização da vida humana. Isto porque a sociedade a sociedade aceita a ruptura das normas jurídicas estabelecidas no país e desrespeita a noção de cidadania o que faz aumentar a violência. Por que? Porque a sociedade admite passivamente tanto a violência dos agentes do Estado contra as pessoas, geralmente as mais pobres, quanto o descompromisso do individuo com as regras de convívio. E daí vem a impunidade da tortura pela polícia como meio de investigação; a ocupação desenfreada do espaço publico destinado ao pedestre por camelôs e carros; as infrações constantes no trânsito; a incompetência administrativa; a imperícia profissional; a negligência causadora de acidentes e o desrespeito ao consumidor. Tudo isso é aceito com tanta naturalidade que se assemelha a uma uma cultura. Então, entre os cidadãos habituados a esses comportamentos, encontram eco as formas violentas de fazer justiça, como a pena de morte, linchamentos e mesmo o fuzilamento sumário, como acontecem nos morros na execução de traficantes pela policia, com aplauso popular. O bandido do morro age dessa maneira com seus “adversários” mas, a população do asfalto grita pedindo socorro, porque foi atingida; o bandido é executado pela policia, a população bate palmas. A questão da violência urbana, que hoje assola o país, emerge como um problema para os indivíduos e as sociedades. Por que ela é tão recorrente? Uma comunidade, uma cidade toda ou mesmo o Brasil inteiro, de tempos em tempos fica chocado com ataques do crime organizado, ações violentas da polícia, chacinas, mortes bárbaras, e isso gera um estado de pavor e revolta enquanto a ação criminosa é lembrada com realce na mídia. Mas passado o impacto inicial, tudo se acalma: a mídia cala e o caso do momento é esquecido até o próximo noticiário. É a banalização da violência, um produto da própria sociedade. Não há um consenso quanto às suas causas, nem mesmo quanto ao fenômeno em si. Para o sociologo, Émile Durkheim, “a violência é um subproduto social decorrente de falhas no processo de socialização das pessoas e da ineficiência das instituições sociais modernas”. Para Karl Marx ela seria resultante das lutas de classes, o que não deixa, também, de ser correto.. O que acontece hoje nas grandes cidades é o crescimento vertiginoso das colunas de marginais da lei com o ingresso a cada dia, de mais e mais elementos suplantando os efetivos policiais que se tornam impotentes para o combate. O ingresso de novos elementos nas colunas policiais é muito mais difícil que nas colunas do crime, onde vantagens são oferecidas sem qualquer exigência, atraindo jovens mal formados, vindos de famílias desequilibradas socialmente pela exclusão preconceituosa. Ai é que deve entrar a ação social, partindo da tese de Durkheim para quem nenhum ser humano nasce criminoso, e se assim se transforma é porque o meio teve grande participação, como está visível na conduta da sociedade. O que é necessário, mesmo a longo prazo, é a reformulação dos conceitos sociais para acabar com a exclusão de grupos por questões de etnias, condições econômicas e culturais. Por outro lado, é inegável que políticas públicas de prevenção ao crime e a violência devem ser iniciadas junto às crianças, pois estas serão os sujeitos criminosos do amanhã, e muitas vezes como vemos, até mesmo do hoje. E assim o é, uma vez que as crianças estão abertas a receberem todas as informações possíveis e são extremamente sugestionáveis. Sobre isto comenta Durkheim: ´A consciência não contém ainda senão pequeno número de representações, capazes de lutar contra os que lhe são sugeridos; a vontade é ainda rudimentar. Por isso, é a criança facilmente sugestionável. [...] realmente, só uma cultura amplamente humana pode dar às sociedades modernas os cidadãos de que elas têm necessidade”. Obviamente, não é uma solução a curto ou médio prazo porque requer um, trabalho social competente e longo, levado às escolas e aos lares.. Referencias bibliográficas: DURKHEIM, Èmile. Educação e Sociologia. 11ª ed. São Paulo: Melhoramentos, 1978. DURKHEIM, Émile. As Regras do Método Sociológico/ 2ª ed. – São Paulo: Martins Fontes, 1999. MARX, Karl. Para a crítica da economia política. São Paulo: Abril Cultural, 1982 (Os Economistas) MARX, Karl. ENGELS, Friederck. O Capital. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971. (José Prates, 81 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros de 1945 a 1958 quando foi removido para o Rio de Janeiro onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)
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