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Mensagem: O ANO DA FUMAÇA Luiz de Paula O ano de 1834 ficou na tradição sertaneja com o nome do ANO DA FUMAÇA. Segundo ouvi, contado pelos antigos que ouviram de seus pais e avós, o ano anterior fora de seca. E 1834 começou com chuvas fracas em fevereiro e março. E só. Por volta do mês de julho o tempo foi pouco a pouco escurecendo, com uma fumaça seca tomando conta de tudo. Vieram os meses seguintes até novembro, e nada de chuva. O céu era de uma cor só, cinzento escuro. O sol era uma bola vermelha, sem brilho, a rondar o céu, onde o vulto das serras não se destacava no horizonte. Era tudo de uma cor só: cinza escuro. No ar, nem a mais leve brisa. Era um mormação contínuo, dia e noite. E o povo a rezar e a fazer penitência, todo mundo achando que o mundo ia acabar. A Câmara Municipal declarou-se em sessão permanente e criou uma comissão formada por meu bisavô Antônio Xavier de Mendonça, o padre Azevedo Pereira e o sr. Francisco Vaz Mourão, para adquirir farinha de mandioca, onde houvesse, a fim de distribuir com a população faminta. Mas tudo tem fim. Dava gosto ver a alegria do povo, quando no finalzinho do ano, o vento e as primeiras chuvas começaram a carregar a fumaça e a lavar a cara do nosso mundo. Foi como se a gente sertaneja estivesse nascendo de novo.
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