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Mensagem: ...ASSIM ERA O NOSSO BREJO - PARTE 6 - O Padre Augusto... início -Continuando a série de arruamentos, dava-se na esquina da Farmácia, próxima de uma barbearia. Dali entrava-se na Rua do Padre, hoje, a Rua Padre Augusto, sobre quem estarei falando nos próximos capítulos. Havia quem a chamasse também de Rua da Amargura, porque era nela que se encontravam, na Sexta-Feira Santa, as imagens de Jesus e Maria. Ela era pequena, estreita, com alguns casebres de “pau-a-pique”, destacando-se a melhor que era construída de adobe. Quem entrasse no interior desta ultima, notaria logo a sua simplicidade, pois se compunha de uma sala comprida, com pisos de tijolos à guisa de ladrilhos. Ornamentava-a, de mobília, um banco de cada lado e mais algumas cadeiras ao fundo. Na parede, um grande relógio. Ao lado da porta de um dos quartos, o único forrado e assoalhado, balouçava uma cadeira de balanço com assento e espaldar de palhinha. Aquele quarto era realmente o de maior conforto, sem vidros nas janelas, mas com uns panos de aparar o vento. A cama era simples e com um monograma na cabeceira. Em torno de um oratório, pregadas na parede, várias fotografias. Mais para o alto, do lado oposto, dois quadros de grandes molduras, com os retratos do Papa Leão XIII e do Cardeal Arcoverde. Num canto da parede, uma estante de livros e um lavatório com um jarro e uma bacia esmaltados. Como prolongamento da casa residencial, seguiam-se várias construções simetricamente divididas em pequenos quartos de hospedaria, feitos a propósito para os hóspedes que ali aportavam diariamente. Tinham sido construídas especialmente para este fim, porquanto o lugarejo de Brejo das Almas não contava àquela época com nenhum Hotel ou pensão, de modo que os viajantes se abrigavam neles, sem qualquer despesa! No fundo da casa havia um pasto que chegava até o rio. Nele os hóspedes soltavam os seus animais de montaria, porque os do proprietário, a não ser quando havia jornada prevista, estavam sempre distantes nos terrenos de um amigo. Em nosso antigo Brejo das Almas, faziam-se festas anuais, destacando-se a do mês de setembro, quando os negros, como recordação da legenda do monarca africano “Xico Rei”, vestiam-se trajes típicos, dançavam pelas ruas, eram solenemente recebidos à porta da Igreja. Esses “Catopés” obedeciam ao negro velho Gonçalo Preto, o mais antigo capitão dos “dançantes” do vilarejo. Naquela rua estreita, no entanto, o povo se aglomerava verdadeiramente duas vezes cada ano: no dia 28 de junho, na fogueira de São Pedro, e no dia 31 de Julho, aniversário do Vigário da freguesia. Eram duas festas que atraiam grande multidão de povo! Na véspera de São Pedro, padroeiro da Igreja Católica, após o ritual litúrgico na Matriz, à noite, duas fogueiras crepitavam na ruazinha! O calor sufocava, mas a criançada e a população inteira estavam ali atentas! A bandeira do santo saía lá de dentro, conduzida respeitosamente por um grupo de moças. Cá fora, introduziam-na num mastro muito comprido e que era levado segundo o costume, várias vezes ao redor do fogo, quando então os homens entoavam: -“Que Santo é esse que vamos levar?” -“É o senhor São Pedro para festejar!” O mastro era suspenso ao pipocar ensurdecedor de enormes rojões que saudavam, com toda certeza, a glória com que Jesus recebera no seu Reino o Apóstolo Simão Pedro! Terminada a parte religiosa, era servido o café com biscoito, batata assada e outros comestíveis – o ângulo da festa mais apetecido pela arraia miúda... No dia 31 de Julho armavam-se cobertas de piteira ou de bagaço de cana, no quintal da casa, para o almoço dos convidados. O aniversariante era pobre, mas os amigos faziam questão fechada de festejar o seu natalício, oferecendo-lhe bois e comestíveis vindos até de muito longe! Finda a missa votiva aquela imensa procissão acompanhava-o! Foguete e banda de música! À porta falavam vários oradores! Era discurso que não acabava mais! No fim, lautas mesas de almoço! Nos outros dias do ano, sua vida era bem diferente e até miserável! Entretanto, ele já se acostumara aos sofrimentos que a vida lhe oferecia! Dava tudo que era seu e sabia que viera ao mundo para cumprir certa missão e não para ser engrandecido! Era um santo velhinho e toda a gente o admirava, envaidecida de tê-lo ali e respeitava-o acima de tudo! Criava uma dezena de crianças a quem apelidava com nomes de animais. Todos os conheciam como “Sô Padre”, os parentes mais próximos por “dindinho”, estou me referindo ao Padre Augusto Prudêncio da Silva, nascido em Montes Claros, mas que transferiu-se para “Brejo das Almas”, hoje nossa querida Francisco Sá, “beldade, do norte de minas” onde iniciou sua vida Sacerdotal e onde viveu por quase 40 anos, sobre quem tratarei nos próximos capítulos. Um grande abraço meus conterrâneos brejeiros. Enoque A Rodrigues, São Paulo, SP.-
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