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Mensagem: O Afeganistão por aí Manoel Hygino - Jornal ´Hoje em Dia´ Foi em agosto que encontrei a notícia no montesclaros.com. O Afeganistão aprovou polêmico projeto que permite aos homens xiitas negar comida às suas mulheres, caso se recusem a manter relações com eles. A nova lei vale apenas para a minoria xiita e estabelece outras normas, como a custódia exclusiva dos filhos para pais e avôs e a necessidade de permissão dos maridos para que as mulheres possam trabalhar. Recentemente, o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, bem aproximado politicamente do Ocidente, obrigava as mulheres xiitas a manter relações sexuais com seus maridos no mínimo a cada quatro dias. Restaria saber se os homens estariam dispostos ao cumprimento desse calendário, possivelmente extenuante. Vê-se que o Afeganistão vai mal, com ou sem taliban. Lá, 80% das mulheres são analfabetas e, no regime anterior, o dos talibans, estavam proibidas de estudar. No governo atual, são cerceadas de direitos fundamentais e obrigadas a regras absurdas de comportamento. Entre elas, submeter-se ao estupro pelos maridos, legalmente. As adolescentes são coagidas a casar antes de 16 anos e constituem moedas de troca em disputas de família e em cobranças de dívidas. Resultado: o índice de gravidez entre 10 e 14 anos é elevadíssimo. Na recente eleição de Karzai, elas compareceram temerosas para votar. Do ato em si e de represálias. O número de votantes do sexo feminino foi baixo. É bom realçar o trabalho da secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, ostensivamente contra estas práticas inaceitáveis neste milênio. Disse: ´Eu acredito que a transformação do papel da mulher na sociedade é o último grande impedimento ao progresso universal´. Não só no Afeganistão. Toda aquela região está comprometida com essas posições radicais. Na África, não menos, a não ser em determinados países. Na terra de Gandhi, 40% das mulheres são analfabetas. A CNN mostrou: cinco mil assassinatos de honra por ano, a maioria no mundo muçulmano; 130 milhões de mulheres sofreram corte genital; 21% em Gana confessaram que sua iniciação sexual foi por estupro. Questões semelhantes não se restringem, contudo, à Ásia e a África. O mundo está atrasado séculos em termos de tratamento das mulheres. Vendiam-se negras - e negros também - durante a escravidão no Brasil e colônias espanholas. Ainda no século XXI, o comércio de mulheres tem abrangência internacional. Mas o que acontece no Afeganistão, que pretende demonstrar evolução social e humana, causa desaprovação, condenação e dor. Até quando? No Brasil, ainda se negociam mocinhas e o sexo é instrumento de remuneração. Embora não sejam utilizados métodos como os da Afeganistão, a submissão feminina é candente, humilhante criminosa. Não há como negar. O papa Honório III sentenciara: ´As mulheres não devem falar. Seus lábios carregam o estigma de Eva, que foi a perdição dos homens. Para Eduardo Galeano, o mesmo pânico faz com que os fundamentalistas muçulmanos lhes mutilem o sexo e tapem seus rostos. Na civilizada e exemplar Grécia, antes de Cristo, as mulheres não tinham senão direito de obediência às tarefas próprias do sexo. Elas sequer participavam do teatro. Podiam simplesmente assistir às obras, nos piores lugares, nas arquibancadas mais altas, mas não representavam. Não havia atrizes. Na obra de Aristófanes, Lisistrata e as outras protagonistas foram interpretadas por homens usando máscara, como observa o autor uruguaio. Não foi diferente o cenário teatral na gloriosa Inglaterra. Nas peças de teatro, havia rapazes fazendo o papel das personagens femininas dos grandes dramaturgos, como Shakespeare. O mundo não mudou muito e abrangentemente. A propósito, em plena guerra do Peloponeso, as mulheres de Atenas, Esparta, Corinto e Beócia se declararam em greve contra o conflito. Elas não mantinham relações com seus homens e o jejum carnal terminou por vencer os guerreiros. Assustados diante da rebelião feminina, disseram adeus aos campos de batalha. E agora, Karzai?
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