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Mensagem: ...ASSIM ERA O NOSSO BREJO - PARTE 8 - O Padre Augusto... 3 Aos sete anos, ele já acompanhava o Vigário. Aquelas viagens pelas freguesias talvez cimentassem os seus pendores pela carreira eclesiástica, pois era notório o seu contentamento em percorrer léguas e mais léguas de estrada, ouvindo o cincerro de “Peri”, que era a “madrinha” da tropa, e os guizos dos burros de carga. Montado em uma besta de pelo de rato, ia acompanhando o ilustre protetor, encantado, verdadeiramente, com o apóstolo católico! Apesar dos pendores demonstrados, o Cônego Chaves, vez por outra se fingia de zangado com ele, medindo dessa maneira as suas reações nervosas, à sua personalidade, tal qual fazia mais tarde o Padre João de Santo Antonio, com o menino João Pinheiro, que mais tarde tornou-se Governador das Minas Gerais, conforme relato do Padre Gaspar Cordeiro do Couto. Chamando-o, certa vez lhe disse o Cônego Chaves: “Então, Augusto, você quer mesmo entrar para o Seminário? Vejo que tem vocação; mas lembre-se de que, se lá entrar, é para ser um menino econômico e piedoso, pois seus pais e eu não temos lá muita coisa... Se assim proceder, conte sempre com a minha proteção”. Augusto sentia-se cada vez mais impaciente por começar os estudos, desejando ser internado o quanto antes no Seminário. Por sua vez, Camilo Prudêncio dizia ao filho, com certeza tristemente e com lagrimas nos olhos: “Muito folgarei com a sua ida para o Seminário. Mas quanto me custará suportar a sua ausência, meu filho!” Contava ele agora onze anos e fora o primeiro aluno da classe sob a orientação segura do Professor Benicio. Todos lhe desejavam, assim, um futuro promissor na carreira Eclesiástica. O Cônego Chaves, no ultimo retiro espiritual feito em Diamantina, em conversa com Dom João Antonio dos Santos, resolvera matricular o afilhado no recém fundado Seminário. Corria o ano de 1868, quando ficara definitivamente resolvido o seu internamento. Para a época, só mesmo com o auxilio do Cônego Chaves poderia um menino daqueles confins do Sertão matricular-se num Seminário, pois as taxas, apesar de módicas em comparação com as de outros estabelecimentos, eram demasiado elevadas para quem não possuía rendas maiores. Era a seguinte tabela: 25$000 (vinte e cinco mil réis) pagos mensalmente, para o estudo e pensão ou 225$000 (duzentos e vinte e cinco mil réis) pagos de uma só vez, anualmente, passando o aluno as férias em casa. Naquela manhã, em casa de seu Camilo, os parentes já sentiam de antemão a ausência de Augusto. Sua mãe chorava copiosamente enquanto preparava as malas do filho. Diamantina ficava muito distante e, para se ir até lá, era necessário viajar, no lombo do cavalo, durante muitos dias consecutivos, pousando na estrada. E ela chorava pensando na ausência tão prolongada do filho querido, vendo-o já vestido de batina e correndo pelos recantos do Seminário... Ainda que amoroso e sincero amigo dos pais, Augusto sentia-se plenamente satisfeito e conformado com o destino que Deus lhe dera, pois, diante de certas formas de visões que de vez em quando lhe apareciam em sonhos, ele aqui viera para trabalhar na Seara do Senhor. Essas visões mostravam lhe Jesus à beira de um lago muito azul, aonde ele se encontrava em companhia de outros, quando então o Mestre lhe dissera como a Simão Pedro: “Vem, tu serás pescador de almas”. Certo dia, durante uma das missas celebradas pelo Cônego Chaves, quando contemplava ele a imagem do Crucificado, pareceu-lhe que, um fulgor de estrelas aureolavam a fronte do Nazareno! Foi ateada, assim a divina centelha da fé em seu coração para dela jamais se apartar. Jesus era para o jovem “coroinha” uma entidade excepcional e maravilhosa! Grande parta das famílias de Montes Claros, outrora quase que composta de parentes e amigos, se reuniram à frente da casa de seu Camilo para assistirem a partida de Augusto, rumo à Diamantina. Com os olhos azuis cheios de lágrimas, ele ia abraçando a cada um ternamente, como os antigos nautas que embarcavam para os confins da Terra. Montado na sua besta de pelo de rato, lá se foi atrás do ultimo homem da tropa, olhando sempre para trás, abanando um lencinho branco como sinal de despedida. Alguns amigos de infância colocados no alto da colina da Igreja dos Morrinhos trocavam “adeus” com ele bem lá de cima. Enquanto isso, a pequena comunidade de São Gonçalo de Brejo das Almas, hoje Francisco Sá, ”beldade do norte de minas”, para cujo rincão ele futuramente se transferiria para exercer o mais puro Sacerdócio por mais de quarenta anos, florescia às margens do Gorutuba, entre seus morros do mocó e catuni e mais adiante o da “maceira”. Semana que vem tem mais. Homenagem a Geraldo Tito Silveira, maior escritor das Minas Gerais. Um grande abraço, meus conterrâneos. Enoque A Rodrigues, de São Paulo, SP.
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