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Mensagem: O IMPERADOR DAS ALTEROSAS Relata Eustáquio Tolentino que: “Não existe em BH ninguém melhor cicerone e anfitrião do que Augusto José Vieira Neto, herói tupiniquim, filho de Mercúrio e Vênus e afilhado de Baco. Que me perdoe Dona Maria Helena, sua mãe biológica!” Foi meu mestre e guia em uma empreitada litero-etílica-luxurienta pelos portais diletantes de magia noturna da capital de todos os mineiros. Percorreremos em missão literal, trilhas de sofreguidão dos filhos da noite. Iniciamos o maravilhoso périplo às 8 e meia no Restaurante Linha D’Água, recebidos pelo garçom Vantuil, personagem das crônicas do Bala. Fomos servidos por dois garçons: Carlinho, de Porteirinha, e Raul, galã argentino oriundo do bairro La Boca, da Buenos Aires de Perón e Evita. Curtimos o piano de Vicente e a bossa de Lívia que nos brindou com “As Time Goes Bye” e “Close to You”. As passarelas da casa já fervilhavam com a presença de executivos e o desfile de manequins e modelos. Predominavam as louras e blondes, além de algumas morenas de arrasar quarteirão. Só em nossa mesa de abertura havia quatro louras aquarianas estilo madame Chanel e bocas de volúpia. Augustão, por onde passa deixa uma multidão de admiradores e amigos. Na casa já imperava a lei antifumo para desespero dos aficionados. Dali, rumamos para o Primo Prima Prime, há mais de quarenta anos sob a batuta do mineiríssimo Otávio Clementino, o “Rei da Noite”. Na casa, muitas celebridades do mundo das finanças com seus bolsos barrufados. Em destaque, Wanderley Luxemburgo, técnico do Galo e amigo do Bala. Abafou, sendo paparicado pelos inúmeros admiradores e admiradoras, que flechavam em cima. Deu o maior “frisson” e a boate fervilhou como um “night club da Broadway”. O “scotch” Buckanas correu solto, as luzes vestiram roupagens de penumbras e os desejos se manifestaram explícitos. O Grupo Retro, com Eustáquio Augusto e o suingueiro Gilson Cruz encheu a noite de bossa e balanço. As emoções subiram e as feras do Eu, contidas pelo social, se manifestaram. Ficou tudo planificado, a galera cantou, dançou e rolou na pista sintecada. Foram dados amplexos entre côncavos e convexos. Ósculos úmidos, selados ou sugados entre lábios que se buscavam na amplitude inusitada da noite de magia. Às cinco da matina Augustão deu uma canja num moderno piano de cauda, tocando músicas de Noel Rosa e tendo como “crooners” Otávio Clementino e Wanderley Luxemburgo. As almas se tornaram afins e o embriagado coro dançou e cantou uníssono. Estava aberta a porta que nos separava do vazio opressor da metrópole. Ao longe, as formas simétricas e desencontradas dos espigões de concreto armado, a fuga esmaecida das cores desgastadas, o baticum frenético dos veículos destramelados que ferem o vão entre os sólidos edificados. Os tentáculos da sobrevivência já nos abraçavam, sentia-se um clima de outono ainda imprevisível. Na face, uma mancha “rouge” de baton, um fio de cabelo feminino entre os dentes e o palato, uma fragrância de perfume embriagador no cangote moreno, o sabor da epiderme dela, com um leve traço de “scotch”. A alma refletida no olhar embriagado... A porta do carro é aberta, surge uma mão com os dedos entrelaçados apoiados em uma na coxa quente. Há um beijo sugado, uma promessa de orgasmos múltiplos, uma entrega, uma súplica de amor bandido! Do rádio portátil do segurança da boate ouvimos um resto de tango, um fundo musical embasando a saudade do momento perpetuado nesta crônica.
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