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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 31 de outubro de 2024
 

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Mensagem: Rio Pardo, Grão Mogol Manoel Hygino - Jornal ´Hoje em Dia´ Sempre me interessei por conhecer Grão Mogol, cujo nome já desperta um certo fascínio por atrações do Oriente. O próprio nome da cidade norte-mineira tem sido, no decorrer do tempo, objeto de averiguações e dúvidas. Minha madrinha, Dagmar de Alcântara, que assimilou o sobrenome Pimenta ao casar-se com o médico Antônio Pimenta, deputado estadual pelo ínclito PSD e, depois, diretor do DAG, o poderoso Departamento de Administração Geral do Estado, transformado em Secretaria no Governo Magalhães Pinto, suspeitava, liames com a alta nobreza europeia: Dagmar, e, ainda mais, com o Alcântara seguinte. O pesquisador e historiador Joaquim Ribeiro Costa, autor de utilíssima ´Toponímia de Minas Gerais´, suou a camisa para explicar origens e evolução do nome da cidade. Depois, Haroldo Lívio, advogado e escritor de mérito, em seu ´Nelson Viana, o Personagem´, estendeu-se sobre o tema, ultrapassando o limite que o título de seu livro admitiria. Se a esposa Maria do Carmo sabe construir deliciosa ambrosia (uma das melhores, senão a melhor, que jamais experimentai), Haroldo Lívio consegue tecer comentários preciosos em seus textos. Já falei disso, mas não custa repetir um trecho: ´Incrustada, no regaço da Cordilheira do Espinhaço, Grão Mogol (como ficou com a nova ortografia? Com ou sem hífen?) é pedra, é cristal, é ouro, é diamante´. A cidade é mineral e não sem razão descobriram, somente agora, que é mais do que os valiosos bens que os ancestrais cavavam no solo. E que, por ali, se instalará o novo polo mínero-metalúrgico deste Estado, do Brasil, enfim. ´A igreja paroquial, de pedra construída, os muros de pedra, as ladeiras cansadas, é tudo feito de pedra sobre pedra. As serras penhascosas são cristais pontiagudos, rolam ouro e diamante nas águas escuras dos ribeirões. Chega-se em Grão-Mogol por caminhos empedrados, de águas cantantes e ar puro de montanha´. Só a descrição serviria para cativar o brasileiro, ávido de aproveitar as riquezas fantásticas com que a natureza nos dotou, longe de sismos, de furacões e outros avisos que Deus põe diante dos olhos, dos ouvidos e da consciência dos pecadores e ignorantes. ´Protegida por agressivas muralhas rochosas da Serra Geral e fundada sobre bacia mineral, a cidade alterosa é uma fortaleza de pedra. Suas ruas estreitas e tortuosas foram pavimentadas de seixos rolados coloridos, imitando um bordado. Os muros que dividem as propriedades foram levantados pelo trabalho paciente dos escravos, colocando pedra sobre pedra, cuidadosamente. E em cada pedra deve ter ficado uma gota de sangue assinalando o martírio dos cativos que mourejaram na construção dos tapumes´. Esses pormenores me preocupam, porque não se haverá de permitir que a exploração do novo polo mineral venha a destruir a história pétrea de uma região, abençoada por Deus e que espero conhecer antes que algum mal lhe façam. Será construído um ramal ferroviário, a partir da região de Rio Pardo de Minas e Grão Mogol, para ligar o litoral baiano pela ferrovia que sairia do Tocantins, passando no Sul da Bahia até Ilhéus. O assunto ainda está em estudos. Mas se terá de pensar que, se a exploração do minério só rende uma vez, já que não há duas safras, também se crerá que a beleza histórica seja atingida pelo projeto, de tão alto valor econômico para uma região, que sempre ficou relegada desse que os velhos garimpeiros partiram para não mais voltar. Aproveitar o potencial magnífico, sim; prejudicar o que há em Rio Pardo de Minas e Grão Mogol, jamis. Com Haroldo Lívio, reitero: ´Primeira cidadela da civilização mineira, na zona geopolítica hoje polarizada em Montes Claros no apogeu da mineração diamantífera, Grão Mogol conseguiu registrar doze mil almas, população bastante expressiva para a aquela época de fastígio, que abrangeu o Império e os primeiros anos da República. Agora, o fastígio retorna. Cuidado!

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