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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 31 de outubro de 2024
 

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Mensagem: MONTESCLAREADAS VII Deba de Freitas, notável líder político de antanho, andava pelas ruas trupicando em seus próprios passos ligeiros. Arqueado sob o peso da sua incomensurável pança, um verdadeiro cemitério de galinha caipira. Quando encontrava algum menino seu afilhado e eles eram muitos, tirava uma moeda de dois tões do bolso e dizia: “Toma para comprar bala Toffe no bar de Adail Sarmento, meu afilhado”. O hoteleiro Juca de Chichico contava histórias da sua viagem a Transjordânia durante a Segunda Grande Guerra Mundial. Relatava também o causo da garrafa cheia de diamantes que afanara de um garimpeiro que nele confiara. Quando algum passante perguntava: “Como vai seu Juca?” Ele respondia, ao mesmo tempo em que fazia o gesto de trazer para si o interlocutor:” O que aperta não machuca...” Já o emérito pecuarista João Athayde era circunspecto e de poucas palavras. Andava elegantemente vestido com ternos modelo Scaraveli, confeccionados em cazimira Aurora. Como seu xará, o também elegante João Chaves, usava gravatas borboletas feitas de seda francesa. Pouco aparecia em locais públicos e quando fazia presença, passava a passos largos, pisando de maneira determinada. O olhar sempre fixado à frente e para o alto. Padre Agostinho Becaussen, pároco da Catedral no tempo em que um cemitério circundava a igreja, falava gritando impropérios. Quando alguém ou alguma coisa incomodava os seus botões, incorporava o bicho da cólera urbana e pulava e gritava como se estivesse numa farândola de diabretes. O seu olhar era impiedoso, o humor inflamado e a sua alma de répobro! O babalaorixá Zé Fernandes, tinha um flamalial preso dentro de uma pequena cabaça que quedava pendurada no seu altar de santo por uma embira. Quando precisava de algum favor especial, soltava o ente com expressas ordens de só voltar após cumprir a missão. Como bem relata o jornalista Tião Martins: “Minas tem coisas de que até Deus duvida”, haja vista o bode Zebedeu, folclórica figura caprina que faz parte do corpo ritualístico e do ofício religioso do vodu do Terreiro de Chico Preto. Inspira respeito e medo e quando vagueia pelas ruas do bairro Doutor João Alves a galera lhe abre caminho... Dia desses, ao passar por um lote vago onde transcorria uma pelada, um morador desavisado apanhou uma pedra no chão com a intenção de arremessá-la no dito. O bode o encarou e disse entre dentes: “Joga se você é homem, seu xibunge!”. O otário amarelou de susto e medo enquanto vertia água salgada pernas abaixo...

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