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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 31 de outubro de 2024
 

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Mensagem: Cidade hospitaleira Alberto Sena Montes Claros é cidade hospitaleira. Sempre foi. Mas essa particularidade já lhe rendeu alguns dissabores. De tanto receber bem o visitante, se é gente mal-intencionada, acaba se aproveitando da hospitalidade. É aí onde mora o problema. Certa feita apareceu na cidade um homem que se dizia mágico, mestre em hipnose. Na época o método hipnótico freudiano estava em alta. Já nem sei mais como é que se escreve o nome do cara. Mas a pronúncia lembra algo como ‘Orietebei’. Vamos fazer de conta que era esse o nome dele. O homem já chegou com o aval de gente da soçaite de Montes Claros. Não digo quem o trouxe porque de fato não o sei, mas o homem, galante, conquistou algumas das fêmeas cobiçadas da cidade naquela época. ‘Orietebei’ disse que ia dar um curso de mágica no auditório do Colégio Imaculada Conceição. Antes, circulou por todos os cantos da cidade e se projetou, demonstrando, já naquela época, como se faz marketing pessoal. Ele até deu alguns exemplos de magia. Dizia ser descendente de clã de mágicos, cujo nome estaria inscrito no Livro do Guiness etecétera e tal. Ele desafiou uma turba de jovens, ali na porta do bar Montanhesa, na Praça Coronel Ribeiro. Claro que todos já perceberam a temporalidade deste caso. A Montanhesa era na esquina de Rua Bocaiúva e hoje, acredito, nem deve existir, pois como escuto daqui do alto do mirante da Serra do Curral, a Praça Coronel Ribeiro está indo para o beleléu. Ele pediu que cada um se sentasse no meio-fio e ficasse com as mãos entre as pernas. Os que aceitaram o desafio se sentaram e depois de alguns instantes, ele disse: “agora, se forem capazes, levantem-se”. A maioria permaneceu sentada, mas houve quem se levantou. Em volta de ‘Orietebei’ se formou uma aura de suspeição. Com o passar dos dias, na cidade as pessoas começaram a perceber: “ele não é bem o que diz ser ou parece ser”. Mas uma coisa não se podia tirar dele: a capacidade de conquistar as mulheres. E foi neste particular o abuso dele. Imagine Montes Claros e a religiosidade constatada em cada porta; e os hábitos e os bons costumes, os motes de pregação e de castidade etc. Já nem sei mais como aconteceu, mas de uma hora para outra, ali na Rua Dr. Veloso, onde funcionava a Delegacia de Polícia, o nome ‘Orietebei’ passou a ser ouvido com frequência. Saía da boca de pessoas que se diziam prejudicadas pelo tal e foram à Delegacia registrar queixa. Então, alguns policiais saíram no encalço do suposto mágico. É possível que ‘Orietebei’ soubesse alguns princípios de magia porque duma hora para outra, ele desapareceu com uma mulher da sociedade montesclarense. O acontecimento foi um escândalo, deu até notícia em jornal, na página de polícia. A mulher ficou vidrada, caiu na lábia de Orietebei, a quem pedira que fizesse uma experiência hipnótica com ela. Ele atendeu, mas a hipnose só durou o suficiente para passarem uma noite em Januária, onde a mulher caiu na real e se livrou de ‘Orietebei’. Parentes dela foram lá e a trouxeram de volta para Montes Claros. Os tempos agora são outros. Muita coisa mudou na cidade. Crescimento para tudo quanto é lado. Por causa da BR-251, que leva a Rio-Bahia, tema abordado por Waldyr Senna recentemente, a região do Norte de Minas ganhou movimento extraordinário, e recebeu, e ainda recebe problemas de toda ordem. Mas As pessoas estão mais atentas para não caírem em golpes como o de ‘Orietebei’. Uma só coisa, eu acredito não mudou em Montes Claros: a hospitalidade. Senão, uma pá de gente conhecida, que já esteve na cidade e a apreciou tanto, não sairia falando tão bem do clima, do calor humano, do pequi, do araticum, da pitomba, do umbu, do requeijão, da cachaça, da farinha, da carne de sol, do doce de marmelo, do doce de cidra, do Mercado Municipal, dos restaurantes e pizzarias da Avenida Sanitária, do Automóvel Clube, do céu quase ao alcance das mãos, das noites de Lua Cheia, da exposição agropecuária, das moças bonitas, das festas, dos grandes homens, das grandes mulheres, da cultura, da intelectualidade...

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