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Mensagem: MONTES CLAROS LHE DEVIA PAIXÃO. Ray Colares, que o consagrado Helio Oiticica vaticinou, na década de 70, ser “o grande jovem gênio brasileiro”, ressentia profundamente não ser reconhecido pelos montesclarenses. Lembro-me, no Rio de Janeiro, Baixo Gávea, Ray inconsolável, em pranto, lamentoso por seus conterrâneos não o conhecerem e nem valorizarem seu trabalho. Entre um chopp e uma lamúria, sofejava: “E mês que vem eu vou de trem pra Montes Claros...”. Para logo em seguida, retrucar: “Não tenho nada com isso nem vem falar. Eu não consigo entender sua lógica..”. “Cara, eu não entendo a lógica deles! Querem que eu seja artista e careta? Não dá! O Hélio é que dizia: Seja marginal, seja herói... Bicho, eles acham que eu aspiro é o abismo?” Já com um chopp na mesa, levantava, pedia alto ao garçom outro e mais um uísque. Ao sentar, com os olhos brilhando, jurava que ainda iria pintar o teto de sua imaginável Igreja de Nossa Senhora de Montes Claros, onde dançaria fitado com os catopés e marujos. Pensativo, silenciava por um tempo e questionava: “Será que os riscos dos meus ônibus, dos meus quadros, são inspirados nas fitas dos catopês?” Nisso batucava na mesa o som dos tambores e dava um sorriso de criança. Felicíssimo Colares. Ciclotímico, alternava momentos de depressão e excitação. Cantava “Amo Te Muito” para nossa Moczinha e em auto-reverse se dirigia aos desconhecíveis comensais das mesas ao lado, lamentando que ele não era querido em na sua cidade. “Lá, gente, imagine, eu só sou marginal, não sou artista”. Daí, num susto, abria o JB na mesa do bar e repudiava os elogios do jornal às suas exposições nas galerias Paulo Klabin e Sarramenha no Shopping da Gávea. “Olha, Ucho, o Morais - referindo-se ao crítico Frederico Morais - ao invés de se conter em comentar apenas meus trabalhos, está dizendo que a minha vida é trágica. TRÁGICA? Trágica é a fome! Trágico é operário cair de andaime! Trágico é office boy morrer eletrocutado em trilho de metrô! Minha vida não é trágica porra nenhuma!. Eu não entendo a lógica deles! Ray só queria ser amado, ser reconhecido. Era puro amor... não correspondido. Pois bem, passados 24 anos do encantamento de Ray, enfim Montes Claros, tutorada por Viviane, Feli, Caíco, Fabiola e Andréa, resgatará a dívida de reconhecimento com o homem e o artista Colares. Cem criativos montesclarenses foram convidados e se dispuseram a prestar um tributo ao nosso gênio das artes. Receberam um guarda-chuva, como um substrato, para interferirem artisticamente em homenagem a Ray Colares e sua obra. Os trabalhos de alta qualidade, estão divertidíssimos, bonitos de se ver numa exposição que acontecerá do dia 14 a 20 de junho, no Montes Claros Shopping Center. É bom lembrar que a mostra tem caráter filantrópico. Portanto, nesta segunda feira, dia 14, Ray receberá a maior demonstração de amor da sua cidade Montes Claros. Ele, agora, com certeza, estará encantado e em paz. RAYMUNDO ETERNAMENTE FELICÍSSIMO COLARES.
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