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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 30 de outubro de 2024
 

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Mensagem: TIÃOZINHO DO BANCO Meus pais foram padrinhos de seu casamento, daí a amizade histórica de nossas famílias. Era conhecido como “Tiãozinho do Banco”, porque foi fundador e primeiro gerente da agência do Banco Econômico da Bahia em Montes Claros, aonde, aos 14 anos, por causa dele, abri minha primeira conta bancária. Nasceu em Buenópoplis, MG, e, antes de chegar a este importante cargo, foi motorista de caminhão. A família fixou residência na “Princesa do Norte” e a matriarca tratava meu pai como se fora seu filho. Essa amizade estendeu-se aos descendentes de ambos e perdura até nossos dias. Tião era extremamente leal aos amigos, que eram muitos, dada à sua facilidade em conquistar os corações das pessoas. Gostava de beber seu uisquinho. Usava copo longo e ficava com uma das mãos tapando as bordas, mas com o dedo indicador dentro, mexendo o gelo. Quando o uísque amarelava ele dava sua primeira talagada. Sabia beber. Nunca abusava ou ficava de fogo. Sempre rodeado de amigos e música, foi marido e pai exemplar. Tininha (Ernestina Marques da Silva) foi o grande amor de sua vida, junto aos filhos Hélio, Rosarinha, Mazinho, Tininho, Paulinho, Ângela, Claudinho, Zé Alencar e Tiãozinho. Tenho umas passagens interessantes vividas com ele para contar, porque, além de amigo, fui seu advogado, depois que ele deixou o banco e tornou-se grande empresário, em Montes Claros e no sul da Bahia (Brumado). Logo que iniciei minha vida profissional ele, Mauricinho, Dácio Cabeludo e Zé Piriquitinho me convidaram, num sábado, para um poquerzinho na fazenda “Lagoa do Peixe”, de Mauricinho. Lá fui, pato, para, em menos de meia hora, perder mais de um mês de salário. Nunca mais joguei. Fiquei sem dinheiro para a feira do sábado. Que vergonha! Minha sorte foi que Zé Periquitinho me deu prazo para pagar o que perdera. Mauricinho, Tone Mamoeiro, Walter Brasileiro e Zé Periquitinho, seus grandes amigos, sempre exaltavam sua lealdade. Quando derrubaram Mauricinho da universidade ele o procurou para hipotecar solidariedade e disse que se fosse algum problema de caixa, colocaria imediatamente à sua disposição um milhão de cruzeiros. Nosso Reitor, espantado, entendeu o gesto amigo, embora não tivesse gostado da dúvida sobre a lisura financeira da instituição que comandara por anos a fio. Acompanhei alguns processos judiciais para as empresas de Tião, em Brumado. Quando o caso era urgente ele fretava um teco-teco para me conduzir. Tornei-me amigo da juíza, Dra. Magda, que gostava de uma viola. Ela passou a marcar minhas audiências às sextas-feiras para que eu permanecesse na cidade nos fins de semana. Fazíamos belas serenatas para a mãe de Newton Cardoso, D. Dezinha, uma pessoa maravilhosa, mestra de todos brumadenses, que preparava para nós, nessas ocasiões, uma senhora feijoada de fogão de lenha. Depois que Tião foi para o andar de cima, continuei e continuo convivendo com Tininha e com os “meninos”. Compareci à festa dos 85 anos de Tininha, na casa de Claudinho. Depois que cantamos parabéns ela se levantou e saiu dançando pela sala, gritando e rebolando: “eu quero é sexo, eu quero é sexo!” Quase nos matou de tanto rir. Que mulher extraordinária! Sempre alegre, brincalhona e de um otimismo inigualável. É um exemplo de vida para todos nós. Nos 60 anos de Tininho perguntei-lhe o que desejava de presente e ele respondeu: uma mulher linda para fazer um strip-tease durante a festa. E não é que lhe dei esse presente? Tininha adorou o show da atriz, que causou verdadeiro frisson. Imaginei o que Tião, se ainda estivesse conosco, diria, comentando esse presente maravilhoso. Certamente me faria, logo, aquela sua costumeira pergunta: – Companheiro é o quê? E antes que eu respondesse retrucaria, enfaticamente: – Companheiro! E balançaria, sorrindo, o couro cabeludo para cima e para baixo, coisa que muito poucas pessoas conseguem fazer. Quando tocávamos viola e cantávamos em algum lugar e ele sentia que o violeiro estava cansado, ordenava imediata paralisação da música e cantava, pausadamente: – “Não vás me abandonar, ó linda flor maravilhosa! O tocador quer beber. Prá?!” E dava um pequeno intervalo para que o tocador também se aproveitasse das bebidas e guloseimas da jornada. Esse o meu grande amigo Sebastião Alves da Silva, que deixou muita saudade em meu coração e de quem sempre me lembro, especialmente por suas espirituosas brincadeiras e pelo afeto que me dedicou. Meu caro Tião, onde você estiver, receba estas minhas pobres palavras, regadas a um bom uisquinho e a um delicioso tiragosto. Sua vida valeu a pena.

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