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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 30 de outubro de 2024
 

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Mensagem: O poder da graça Manoel Hygino - Jornal ´Hoje em Dia´ Quando recentemente uma gripe - suína, aviária ou comum - quis derrubar-me a atirar ao leito, fortes orientações médicas e seguras instruções medicamentos me foram receitadas. Todas as pessoas têm remédios, caseiros ou não, para combater essa e outras doenças. A auxiliar de serviços Graça me receitou ´guaco´, que deve realmente ser eficaz, com a ajuda de Deus e da terapêutica prescrita pela pneumologista Maria Amélia. A despeito do tempo inclemente, do frio intenso, dos ventos que lembram os morros uivantes da ficção inglesa ou o castelo do príncipe Hamlet, da Dinamarca, não fui vencido. Por enquanto, obviamente. Desde criança ouvia fazer nos chás e outras mesinhas dos curandeiros raizeiros do Brasil. Os índios, que Cabral encontrou por aqui em 1500, não dispunham de consultórios, mas eram sabedores das virtudes de muitas ervas, raízes e folhas, boas para combater os males do corpo e da alma. Pequi chegou mais cedo que o viagra sem precisar de laboratórios para demoradas e caríssimas pesquisas. Por isso, louve-se o empenho, engenho e arte da professora Maria das Graças Brandão, do Departamento de Produtos Farmacêuticos da Faculdade de Farmácia da UFMG, ao transformar em livro sua experiência de meia dúzia de anos no âmbito da flora brasileira, como aqui publicou o repórter Felipe Torres, recentemente. Assim apareceu ´Plantas Úteis de Minas Gerais - na Obra dos Naturalistas´, valioso trabalho, realizado, com a equipe do Banco de Dados Medicinais e Tóxicas da UFMG. Catalogaram-se 101 amostras de plantas nativas, cujas informações constaram do acervo de 14 naturalistas. Foi muita gente competente que veio da Europa para identificar riquezas, que passaram às vezes a servir a povos de outros países, até antes de nós. Santo de casa não faz milagre. Como não sou versado em coisa alguma, muito menos em plantas medicinais, cuidei de apurar o que era o ´guaco´ da Graça. Aprendi que Guaco, em botânica, é a designação aplicada no Brasil a várias espécies do gênero Mikania Wild, da família das compostas, subfamília das tubulifloras, tribo das eupatoríeas, subtribo das ageratinas, especialmente a Midania amara Wild, trepadeiras a que se atribuem propriedades medicinais. Quais, não sei. O brasileiro, principalmente os idosos e os mais simples, principalmente do interior, sabem imensidades sobre plantas amenizadoras de dores e salvadoras de vidas. Nelas se crê, firmemente, porque a convicção do poder curativo e salvífico ajuda muito. Hoje, brasileiro compra o que vem dos laboratórios internacionais que pesquisam incessantemente, têm cientistas em seus quadros, técnicos trabalhando em muitos países, inclusive buscando entre nós os conhecimentos e mediação de nossa rica flora para aproveitar em produtos que aparecerão nos mercados consumidores de todo mundo. E os laboratórios faturam algo. Hermes de Paula, médico, pesquisador, dedicou um capítulo de seu portentoso livro às plantas, dizendo modestamente não pretender catalogar toda a flora da região em que nasceu, passou a maior parte da vida e faleceu, honradamente. Mas na sua relação não encontrei ´guaco´. A embáuba, moída, é cicatrizante, e a folha diurética. O miroró é utilizado em banhos para eczemas, moléstias da pele e para emagrecimento, receita não usada pelos jovens de hoje que querem ter corpo de modelos internacionais ou de bailarinas de dança clássica. A jalapa é purgativa e quina-de-barroca estomáquica e afrodisíaco, como se diz também do pequi, rico em vitaminas A e E, além de alimento de primeira grandeza. A seiva do jatobá, chamado ´vinho do jatobá´, é considerado estomáquico e contra azias. O chapéu-de-couro, empregado na fabricação do refrigerante Matecouro, é diurético, assim como o picão. A alfavaca é contra gripe e bronquite e balsámico, como o ´guaco´ talvez. Salsa-parrilha e salsa-caroba são antissifilíticos e copaíba produz um óleo contra blenorragia e outros fins. Enfim, uma riqueza. O artimízio, por exemplo, com as folhas queimadas com cachaça, se usa para cólicas uterinas e, ainda, como fricção para nevralgia. São meios de que lança mão quem não pode pagar o preço alto de medicamentos.

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