Receba as notícias do montesclaros.com pelo WhatsApp
montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 30 de outubro de 2024
 

Este espaço é para você aprimorar a notícia, completando-a.

Clique aqui para exibir os comentários


 

Os dados aqui preenchidos serão exibidos.
Todos os campos são obrigatórios

Mensagem: ZÉ SARUÊ Notório dono de boteco desta terra de Figueira nos anos 50 e 60. Construiu a sua história e fama em uma espelunca fincada no antigo prédio rococó do Mercado Municipal, onde hoje se encontra instalado o Shopping Popular. Tipo caucasiano, barriga proeminente, nariz de turco, andar apressado, afobado, galegado, glutão, destemido, olhar de gavião. Esperto que nem coelho, dormia com um olho fechado e outro aberto. Não despachava para o bispo e a sua filosofia de vida era trabalho, dinheiro no bolso e estamos conversados... A casa era, ao mesmo tempo, bar, restaurante popular, guarda volumes, ponto de jogo do bicho, catira de objetos e jóias e no estrado de madeira posto acima do piso, como mezanino, um depósito, além de um quarto de aluguel para casais inflamados pela semântica libidinosa da roça. Ele jogava nas dez e batia com pau de dois bicos! O PF servido em suas mesas era famoso pela suculência em gordura e temperos. Pimenta malagueta à vontade. Como o fogão era de lenha, sempre caia algum “picumã” do teto nas panelas. O que potencializava a rusticidade do prato! Na área havia sempre uma morena popozuda por perto para fazer companhia a freguês nas mesas de bebidas e distrair o passante que sorvia uma cerveja Teutônia ou mesmo uma Pilsem casco verde. A cachaça, servida na garrafa arrolhada, era curraleira e deixava o usuário com as parietais pegando fogo. Quase sempre algum desavisado estando chumbado pelo álcool ingerido, caia ao solo quando descia os quatro degraus íngremes da porta de entrada. O Zé carregava o bebum para dentro, molhava sua cabeça com água fria, dava um copo de consomê e o botava para descansar em um canto. Ele era despachado. O negócio era prestar serviços, ganhar dinheiro e pronto. Não tinha coré coré! Era comum ter em estoque e para vender, balas de todos os calibres, uma boa carabina Papo Amarelo, uma espingarda polveira para matar mateiro ou mesmo um treisoitão que o cliente comprava para pipocar algum desafeto por perto. Tinha uma visão apurada do futuro e como sabia das coisas da vida e conhecia o mundo e o submundo, tornou-se um conselheiro nato. Arranjava, sob encomenda, um advogado dos bons, um macumbeiro supimpa e mesmo um parrudo guarda costas... Num sábado de sorte em 1965, joguei na sua banca do bicho e acertei a milhar 2376 na cabeça. Me ingrupiu no papo e como o montante ganho era bastante expressivo, alegou pouco capital de giro e levou quinze dias me pagando em parcelas até completar o total do prêmio. Zé Saruê, a bem da verdade, aproveitou a minha grana e ganhou juros em cima, trocando cheques de pequenos valores e prazo curto dos comerciantes do logradouro. Tudo o que caia na rede, para ele, era peixe, pois não dava murro em ponta de faca!

Preencha os campos abaixo
Seu nome:
E-mail:
Cidade/UF: /
Comentário:

Trocar letras
Digite as letras que aparecem na imagem acima