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Mensagem: Queremos ou não a violência? Toda a forma de conter a violência, será bem vinda e acatada por todos os cidadãos de bem. Seja esta violência manifestada na forma de violência domestica, violência cultural, violência psicológica, violência contra a criança ou qualquer outro tipo de violência. Meus pais contam-me que quando eram estudantes primários, conheceram a palmatória, que é um pequeno artefato em forma de circulo ou haste, que podia conter furos ou não, na qual se batia na palma da mão. E diziam-me eles, as que continham furos doíam muito mais, alem de criar bolhas ou pintas de sangue. Época de educação rígida. Felizmente, eu pertenci a uma geração depois do fim do uso das palmatórias. Não apanhei de meus professores, com exceções de uma “reguada” de madeira na cabeça, alguns puxões de orelha, outros beliscões e uma “gizada” no meio da testa. Alias, era e ainda é muito fácil acertar minha testa, mesmo que de longe, devido a generosidade de seu tamanho. Mas também eu era “a personificação do diabo em pessoa”, palavras estas de um ex-diretor de uma das mais conceituadas escolas publicas de Montes Claros. E de certa forma, ele tinha razão. Eu pintei todos os números, não somente o 7. Tanto nas escolas, quanto fora delas. Se fosse na época de meus pais, minhas duas mãos teriam que ir direto para a guilhotina, sem precisar passar pela palmatória. Porque a escola não punia fisicamente, isso não queria dizer que iria ficar barato para mim. E não ficava mesmo! Quando meus pais se inteiravam das minhas estripulias, o castigo era certo. Já apanhei com cipo de fedegoso, já fiquei de joelho por horas a fio em cima de grãos de milho, já levei “cascudos” do meu pai, que pareciam ter arrancado um punhado de cabelo e afundado o crânio. Ah, e as lembranças do “currião”, que me contava coisas que meus pais não sabiam dizer. Talvez alguns mais antigos entenderão melhor esta historia, se eu lhes contar que minha mãe é filha de “Afonso Capivara”. Então imagino o que minha mãe e meus tios passaram. Também, não quero dizer que eu não merecia passar por estes castigos físicos. Tudo tem a sua época certa de ser. Meus castigos foram merecidos. Não guardo mágoas de meus pais e muito pelo contrario, amo-os e sinto que não consigo retribuir todo o amor e carinho que eles me deram. Mas com o avanço da ciência e com a chegada das novas tecnologias, formas de punição como a de antes, já não se faz tao necessária. Toda criança é um ser indefeso, que necessita de apoio e educação. Educação começa em casa. A família é a célula da sociedade. Pais hoje em dia passam o maior tempo fora de casa e delegam a educação de seus filhos para as babás, que normalmente são pessoas sem instrução ou com poucas qualificações. Hoje em dia todo mundo chia, quando se vê babás dando maus tratos em crianças. E fatos como estes são descobertos, como disse, graças as novas tecnologias. E não seria o mesmo tipo mau trato se fossem dados pelos pais? Portanto, como disse também, tudo tem a sua época. A tendencia é evoluirmos, é fazermos ciência, é fazermos do pouco o muito. Ainda existem no meio de nós, sociedades onde se permitem pais e tios apedrejarem até a morte, em local publico, aqueles filhos que faltaram-lhe o respeito. Ainda há sociedades, onde é comum a mutilação genital feminina, feita nas crianças pelos próprios pais, que consiste em extirpar o clitóris afim de evitar sentir prazer no ato sexual. A medida que avançamos, que estudamos, que compartilhamos ideias, muitas praticas, hábitos e costumes dos dias atuais, vão caindo por terra. Esperamos que possamos ter uma sociedade mais humana, mais justa, mais digna, onde os nossos atos de violência, possam se transformar, em atos de amor e respeito ao próximo, onde o dialogo prevaleça, onde o “nosso” ganhe sempre do “meu”. Onde o altruísmo sucumba o egoísmo. Onde crianças demonstrem educação e respeito, pois foram tudo o quanto elas receberam no lar, na creche, na escola, na igreja, no templo, na padaria, no bairro, nos livros, na sociedade. E sendo assim, elas só poderão dar aquilo que elas tem: Educação e Respeito. (Marden Carvalho, de 34 anos, nasceu em Montes Claros, imigrou aos 21 anos para o Japão, onde morou por dois anos. Depois de breve retorno à terra natal, foi para Portugal, onde permaneceu por 5 anos, seguindo para a Espanha (3 anos). Atualmente, está na Inglaterra onde trabalha em duas áreas: computadores, reparacao, e como barman)
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