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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 30 de outubro de 2024
 

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Mensagem: Droga no Cemitério - José Prates - O tráfico de drogas alucinógenas tem se alastrado pelo país não sendo, hoje, nenhuma novidade em qualquer cidade, pequena ou grande. São tantos os artifícios usados pelos traficantes para venda da droga que muitos surpreendem a todo mundo, estabelecendo seu comércio em lugares inimagináveis que, alem da surpresa, causa choque. Imaginem que em Montes Claros, no Norte de Minas, estão usando o cemitério local como ponto de venda e os sepulcros como depósito. Dizem, inclusive, que o consumo aumentou. Os usuários que se multiplicam não vêm nenhum problema nisso e até elogiam o local pela tranqüilidade e privacidade que lhes são garantidas, sem falar na ausência da polícia que ali não comparece para reprimir esse comércio, talvez preocupada em não perturbar o sossego dos que estão ali gozando o descanso eterno. Enquanto isso se multiplica os viciados, dependentes químicos, principalmente entre os jovens que buscam na droga uma fuga dos problemas, mesmo rotineiros, que a vida lhe apresenta. A incapacidade de gerir a própria vida, na maioria dos casos, vem da falta de apoio para enfrentar e solucionar as questões que se apresentam, gerando a insegurança e o medo. Busca, então, a droga como refúgio. A causa, porém, não está somente, ai. Outros fatores existem principalmente familiares. Interessa logicamente, que abordemos o tema começando pela causa do problema, buscando um entendimento mais realista encarando a questão como sociológico, porque o uso da droga não é uma diversão como a reunião de amigos para o chope aos domingos no barzinho da esquina. A questão-chave é o entorpecente, sempre presente em qualquer estudo da problemática da droga. A finalidade do uso não é o momento de prazer na roda de amigos, mas, entorpecer para chegar a um estado de lassidão capaz de anestesiar a mente, promovendo o desligamento da realidade, sempre difícil, às vezes agressiva e hostil. O individuo despreparado para enfrentar os problemas cotidianos que a vida lhe apresenta, sente-se hostilizado ou rejeitado na realidade contundente e busca na substância o alívio que lhe permita esquecer o problema da rejeição. Não importa as conseqüências físicas ou moral que lhe possa advir. A dependência química, segundo a OMS é uma doença adquirida. Existe hoje, nos meios científicos, o consenso sobre a predisposição genética ao uso e aos problemas psiquiátricos que podem estar associados, como depressão, insegurança e outros, mas, se sabe, também, que vários outros fatores podem ser encontrados no caminho das drogas, inclusive o ambiente familiar que em alguns casos teve importância fundamental. Compartilhar responsabilidades e promover mudanças é tão difícil quanto reconhecer e aceitar um membro da família como dependente químico. Essa posição da família em relação ao dependente, não só cria dificuldades em sua recuperação por falta de apoio, como incentiva o uso da droga pelo alheamento ou desligamento dos parentes mais próximos. Infelizmente o uso e abuso das drogas são cada vez maiores, gerando sérias conseqüências não só para a família, como também para o adolescente, principalmente. É necessário que a família não se mantenha alheia ao problema e busque informar-se sobre a dependência quimica para que possa agir junto a seus filhos não só na prevenção, como também na intervenção quando essa dependência já se encontrar instalada. ignorá-la, fazendo de conta que nada sabe, é ocultar o problema de si e da família, permitindo seu agravamento. O mais importante é derrubar o preconceito que ainda existe e enfrentar a situação, aceitando a dependência como doença grave e promover o seu tratamento adequado. (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)

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