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Mensagem: MONTES CLAROS QUE NINGUEM ESQUECE JOSE PRATES Telefonamos, hoje, para Montes Claros. A voz ao telefone não era, apenas, o som que me chegava ao ouvido, mas, o retrato da cidade. Eu via a nossa Montes Claros de povo alegre, falando devagar, num sotaque misto de baiano e mineiro. A cidade cresceu, estendeu-se pra um lado e pra outro; cresceu pra cima com arranha-céus, mas, a gente natural é a mesma, sem tirar nem por. O pequi vai continuar na mesa e a farinha, também; feijão preto, de vez em quando, só na feijoada. Cinquenta anos fora, nossos costumes foram modificados, mas, a nossa alma em nada mudou. Somos na alma os mesmos montesclarenses de ontem, vivendo o Montes Claros que não se modificou nem morreu em nós. Quando ouvimos falar ou lemos sobre a Praça Plinio Ribeiro , Rua Mario Ribeiro ou Simeão Ribeiro, não nos vem à lembrança o logradouro, mas, o personagem que lhe deu o nome e que vive inteiro em nossa lembrança. Vivem porque são nossos conhecidos e foram nossos amigos com quem convivemos, partilhando do mesmo sonho que sempre embalávamos: o progresso da cidade. É por isso que não vemos o logradouro, mas, o personagem merecedor da homenagem pela sua luta em prol da cidade e do seu povo. Não queremos dizer que somos diferentes da gente de hoje, nascida outro dia mesmo, que não sabe e talvez não faça questão de saber quem foi esse ou aquele que deu nome a este ou aquele logradouro, nem, tampouco, fazem questão de lembrar o Montes Claros jovem, de casas baixas, sem arranha-céus. As imponentes torres da Catedral, sem nada que impedisse, eram vistas de longe, anunciando aos viajantes a chegada à cidade Hoje, procuramos a catedral, numa foto da vista parcial da cidade e a encontramos escondida, encoberta pelos edifícios. O que fazer? É o chamado progresso que destrói a historia. As escolas não ensinam e “os mais velhos” esqueceram o passado. Não é o nosso caso, como não é o caso de muitos que ainda têm na memória aquele velho Montes Claros onde tivemos a oportunidade e a glória – podemos dizer assim – de conviver com esses ilustres montesclarenses, cujos nomes estão nas placas nomeando as ruas. Pessoalmente, nunca cruzei a av Plinio Ribeiro, nem a Rua Mario Ribeiro, mas, se o fizesse, tenho certeza que eles estariam comigo, andando devagar, mostrando-nos a cidade que não conhecemos mais, porque saiu da infância, passou pela juventude e hoje é adulta com nova fisionomia e outro porte. Montes Claros não era, porem, apenas, poesia e romantismo. Nasceu com a vocação de líder e líder é desde 1831 quando o arraial das formigas foi elevado a Vila Montes Claros das Formigas. Não foi tímida ao nascer. Nasceu para crescer. Desde seu inicio atraiu moradores, fazendo a população crescer assustadoramente. Fazendeiros ricos, pessoas abastadas chegavam para instalar o comercio e com eles casas de alvenaria foram sendo construída em volta da capela, formando sua primeira praça, hoje Praça dr. Chaves. Cresceu como Vila e, aos poucos, aumentado o comercio bovino. A riqueza que crescia, atraiu muitos fazendeiros e negociantes, nascendo, então a agricultura. O que nós vemos hoje? Uma metrópole, líder comercial e cultural do Norte de Minas. Não esquecemos e nem podemos esquecer o passado porque a Montes Claros romântica não sai da nossa mente, com reisidencia fixa em nossa alma. Não podemos, porem, negar o nosso orgulho pela Montes Claros de hoje, conhecida em todo o país. (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)
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