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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 30 de outubro de 2024
 

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Mensagem: CIDADE CAPITÃO ENEAS QUE VEIO DE BURARAMA José Prates Em nosso dia-a-dia, algumas coisas nos acontecem que podem ser agradáveis ou desagradáveis. Agora mesmo, ao consultar o e-mail, tive uma agradável e emocionante surpresa: encontrei um convite para assistir à solenidade de instalação de uma unidade industrial na cidade de Capitão Enéas, norte de Minas. Ao ler o honroso e-mail, enviado pelo Assessor de Comunicação Social Ricardo de Arruda Alcântara, em nome do Sr. Prefeito Reinaldo Landuldo, coisas do passado saíram do fundo da memória e projetaram-se na minha mente: o início de minha puberdade, saindo da adolescência em 1944, quando consegui o meu primeiro emprego. Fui contratado para trabalhar na estação radiotelegráfica instalada pela Comissão de Construção da EFCB, na fazenda Burarama, onde acabava de chegar a “ponta de trilhos”. O dono da fazenda, onde ficou a estação ferroviária, era o Capitão Enéas, paraibano de nascimento, mineiro no nome. Era, nesse tempo, empreiteiro da estrada de ferro como fornecedor de dormentes que retirava de suas terras. Homem empreendedor e visionário, ocupou um largo espaço de mata, reservando um bom pedaço aos arredores de onde foi construída a estação e ai passou a construir casas para seus empregados; escritórios, serraria, matadouro, estabelecendo-se ali de maneira definitiva, como sede de seus negócios. Mais Casas foram surgindo e logo apareceram os primeiros comerciantes com botequins e quitandas. O crescimento foi aumentando, já tomando corpo de cidade. Não se emancipava, porque essa não era a vontade do Capitão. Com todo aquele desenvolvimento, não era possível continuar como propriedade particular e o Capitão, naturalmente, sentia isto. Ele próprio começou o trabalho para emancipação de Burarama. Foi quando a idade avançada chegou. Aquele homem ativo “que não falava, mas, fazia”, senti a perdia da força que estava sendo destruída pela ação implacável dos anos de vida. Naturalmente, pensou em Burarama sua criação que ficaria, simplesmente constando no rol de herança, anexo ao inventário. Por que, então, não emancipá-la? Tem todos os requisitos: numero de casas, água, luz, população, renda. O que falta? Não tem foro de Vila, mas já é, de fato, uma cidade. Olhou para trá e viu que o tempo passa rápido. Agora vai. E foi. Em dezembro de 1962 estava emancipada. Era criado o município de Burarama de Minas com uma área de 918 km2. Desse fato, na ocasião, tomei conhecimento pelo Jornal de Montes Claros e gostei da noticia. Burarama que vi nascendo, cresceu, tornou-se adulta e emancipou-se. Conheci melhor o Capitão Eneas quando fundamos O Jornal de Montes Claros em 1951, ele Prefeito recém-eleito de Montes Claros. Todo maquinário para o jornal foi financiado por ele que se mostrava entusiasmado com o empreendimento. Na inauguração, sugeri que ele dissesse algumas palavras, ele negou-se dizendo: “Eu não falo; eu faço”. Ao ver o convite, à nossa lembrança, entre outras coisas, veio um fato ocorrido em 1948. Burarama não era nem vila e já possuía um comercio que atraia muita gente. Foi nessa ocasião que a firma Fraga e Silva, Ltda. exportadora de milho e algodão resolveu colocar ali uma filial. Recém saído do Exército, trabalhando na firma como auxiliar de contador, fui incumbido do balanço no estabelecimento que existia e sua entrega a Onofre, designado gerente do novo comércio. Onofre, na ocasião, era nosso companheiro no escritório da firma em Janaúba. Foi designado pelo Sr. Veraldino C. Silva, para gerenciar a filial de Burarama, levando em conta seu desenvolvimento gerencial. Um pouco mais tarde, Onofre comprou a filial e estabeleceu-se sozinho. Há muitos anos não o vejo. Não sei se ainda existe, mas, na minha memória ainda está a figura de um jovem irradiando alegria ao assumir a nova empreitada. Ele previu a Burarama cidade. Naturalmente cresceram juntos. Bem que gostaria de ter noticias desse amigo e saber como é sua vida, hoje, na Burarama que virou Capitão Enéas. (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)

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