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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 30 de outubro de 2024
 

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Mensagem: No Tempo dos Quintais ALBERTO SENA Houve um tempo, em Montes claros, que quase toda casa tinha quintal. Mas depois, muito depois, os quintais, um a um, foram desaparecendo porque a cidade não aguentou segurar a vocação para o crescimento. Quando quase toda casa tinha quintal, a família morava na Rua São Francisco, próximo da casa de ‘dona Geralda do ‘seu’ Nilo’, quase esquina de Rua Corrêa Machado, a 50 metros da casa da escritora Amelina Chaves, mãe de Roldão. Todos situaram o lugar? Pois bem, a família morava numa casa em estilo colonial, com portas e janelas altas, telhado sem forro. Uma casa de quatro quartos, cinco com mais um nos fundos, contíguo da cozinha. E um quintal mágico, grande. Ia dar nas proximidades da linha férrea. O quintal tinha um pé de urucum, perto da porta da cozinha. Para dona Elvira, era ‘uma mão na roda’ quando precisava de urucum. Saía da cozinha, dava meia dúzia de passos e colhia-o. Logo atrás da casa havia um coqueiro macaúbas, com espinhos enormes. Abaixo havia um pé de manga ‘coquinho’ e lá embaixo, próximo da cerca onde cresciam buchas, da família das cucurbitáceas, cujo nome científico é luffacylindrica, havia um pé de manga ‘comum’, aqui nesses píncaros chamada de manga ‘sapatinho’ (a mais saborosa). Como puderam ver, era uma casa com quintal gostoso, bom para a meninada praticar a arte de brincar. O trem de ferro da Central do Brasil passava lá no fundo e isto era atração à parte. E de lambuja, na frente da casa, recuada em relação ao alinhamento da rua, tinha uma área de terra onde se podia – vejam bem – jogar bolinha de gude e finca, no período das águas. Mas me deixem emendar nisto o fato de que tínhamos um tio chamado Abel, Abel Sena Leite. Era pai de Berenice (Nice), Marlene, Filomena, Clarisse, Mário, Saul, Adalberto, Marisa, Sílvia, Renato, Fernando, Eduardo, 12 ao todo, filhos da bondosa tia Maria Fialho. Um detalhe fundamental: tio Abel, irmão de mãe, Elvira, era um homem alegre. Dava gargalhadas à toa às vezes. Era brincalhão. Ele sempre ia nos visitar de surpresa. Entrava de supetão e batia ao mesmo tempo nas janelas e nas portas nos assustando e quando corríamos para ver o que estava acontecendo víamos ele se dobrando em boa gargalhada. Era assim, o tio. Grande figura! Fora mestre de obras e nós tínhamos orgulho dele – ‘ajudou a construir a Catedral de Nossa Senhora Aparecida, de Montes Claros, de cem metros de altura’, diziam. Numa vez, tio Abel chegou de surpresa, mas nem imaginava a surpresa que o aguardava. Todos estavam ali no quintal debaixo, do pé de urucum. Como sempre, ele contava alguma piada, nos divertindo. De repente, ao vivo e em cores, eis que surge um macaco – isto mesmo, um macaco. Saltou o muro atrás do pé de urucum. Foi um salto incrível. Pegou todos de surpresa. O macaco fez o que fazem os atletas de Olimpíada no ‘cavalo com alças’. Pôs uma das mãos no muro e pulou quase caindo sobre nós. O macaco assustou conosco tanto quanto nós assustamos com a inesperada visita dele. Nunca tínhamos visto um bicho tão diferente. Os pelos dele eram vermelhos. Tinha mais ou menos o tamanho de uma criança de três anos. Ele se estacou diante de nós, e a primeira pessoa a agir foi a irmã Célia, na ocasião, adolescente. Ela partiu para cima do macaco, repetindo: __ É meu! É meu! É meu! Só que o bicho, literalmente, era macaco velho. Arreganhou os dentes para Célia numa ferocidade ameaçadora, ao que o tio Abel catou rapidamente do lado um pau e partiu na direção do macaco, que, bobo não foi de ficar esperando o que poderia acontecê-lo. Assim como chegou, de surpresa, rápido, assim o macaco desapareceu em meio aos arbustos de sabugueiro do quintal, saltou a cerca e sumiu das nossas vistas. Mas permaneceu gravado na memória, para ser lembrado agora como história de criança. Para homenagear a memória do tio Abel. Para relembrar a nossa infância em Montes Claros. Para saudar os irmãos Tone, Wanda e Lúcia (ela faz aniversário neste 22 de agosto) testemunhas oculares dos fatos. E para agradecer a Deus, in memorian, por nos ter dado Célia, ‘a Rock Lane’, heroína das nossas brincadeiras de caubóis.

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