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Mensagem: Hoje me deu uma melancolia, uma vontade enorme de chorar. A saudade apertou quando os catopês passaram, e junto com eles comecei a dançar, relembrando os tempos idos. Quando pequena, na pracinha do Bom Jesus, ficávamos todos de prontidão esperando os marujos, catopês e caboclinhos passarem na porta de casa. Eu, pegava a rabeira dos catopês e ia atrás dançando, como se fizesse parte do terno de São Benedito. Saía muito cedo de casa, e só chegava à noitinha, sabendo muito bem que ia tomar aquela surra de corrião. Nem me importava com nada, eu queria mesmo, era fazer a festa. Naquele tempo, os nossos cabelos (meus e de minhas irmãs), cresciam prá cima, e a onda de chapa ou escovinha, não existiam, tínhamos que nos contentar com os pentes que nos matavam quando os nossos cabelos tinham que ser penteados pelas nossas irmãs mais velhas ou pela nossa mãe ( eu não queria nem saber, saía assim mesmo, sem ser penteada). Eu morria de ódio delas, queria mesmo, era de não ter mãe e imãos, assim, poderia sair prá rua bem cedo, e chegar qualquer hora da noite, sem ser notada por ninguém, era um sofrimento só, correr em busca daquilo que nos dava prazer ( catopês), e saber que ainda tinha que apanhar de cinto ou chinelo. Hoje, sinto o quanto eu era feliz, mesmo vivendo daquela maneira, feliz de ver as pessoas felizes, feliz de correr atrás de catopês e dançar sem ser notada por ninguém. Era bom, e eu gostava muito. Chegava ali na Igrejinha do Rosário, já morta de cansada de tanto dançar e sentava alí mesmo num meio fio qualquer, esperando alguém, me dar um copo dágua. Eu comia o que todos comiam, acho que pedia alguma coisa prá comer a qualquer pessoa, não me lembro muito bem, só sei que chegava em casa saciada de todas as maneiras. Lembro-me também, e achava muito lindo, quando alguém gritava lá de trás: Viva São Benedito!!!, Viva a Bandeira do Divino!!!, e todos respondiam, ´ viva!!!´. Eu não perdia a oportunidade de gritar também: Viva Nossa Senhora!!! e todos respondiam: ´ Viva´. Prá mim era uma das coisas mais belas do mundo, era darçar com os catopês e Gritar o ´ viva´.
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