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Mensagem: CATOPEZADAS Rolim, que era rolinha só no apelido, um dançante de catopé de antanho, motorista de caminhão Dodge caixa seca, morador da baixada, tomador de fubuia no bar de Tiano e habitual prevaricador nos anos 50, foi curtir uma tarde de alcova tropical com uma mariposa do Beco do Marimbondo. No dizer do escudeiro Zé Paraíso: “ele, o Rolim, tem a torneira muito grande!” Aí, satisfeito terminado a função genésica o nosso herói tirou da algibeira uma boa nota de um cruzeiro – estávamos no tempo da Tabela Price – e pagou a dama da noite. A filha de Eros e Afrodite, indignada, retrucou em cima da fatura: “serviço de cama para ferramenta do tamanho da sua é negócio para cinco cruzeiros, no mínimo, seu Rolim”! Já Maneco de Dona Gregória, antigo dançante dos Caboclinhos, andava variado pelo centro da urbe. Foi parado por Tico Lopes, que lhe perguntou: “Cê tá andando variado, Maneco?” O interlocutor responde: “Tô aqui pensando no tempo antigo em que tudo era bom! Na época atual, tá tudo de cabeça para baixo! Moço, tô que nem arara sem cordão...” Já Rui Queiroz, conhecido no trecho musical como Zé Rui, ou mesmo Rui do Bongô, foi ao Shopping e levou como seu acompanhante, para assuntos aleatórios, o também mestre do tambor Tico Lopes, que no dizer de Eduardo Lima, o Goiabão, só anda como um dândi. Foram comprar um supimpa vaso de plástico para um arranjo com plantas artificiais. Escolhida a peça, Rui pede à atendente que preencha o vazio do interior do vaso com aquelas aparas próprias. Bota uma, tira. Bota areia, palha, tira. Bota pedrinhas e isopor, tira. Bota arranjos vegetais, tira. Bota o escambal, tira! Extenuada, com expressão cansada, a moça lembrou o dito do escritor Lampedusa: “desenha-lhe no rosto emaciado uma melancolia metafísica...” Pergunta, então, ao Rui: “por que o senhor não gostou de nenhuma das arrumações que fiz?” Rui do Bongô responde, no ato: “Porque está tudo catopezado!” A balconista que era de outra região do estado, desconhecedora da nossa linguagem, pergunta: “E o que é que é catopezado?” Rui apontando para o Tico diz: “Ele entende mais do que eu de folclore!” Tico dá as solicitadas explicações e a balconista, meneando a cabeça, fala: “Bestage, moço. Ele quer é que eu dê um tcham no vaso! Como é um cidadão cheio de detalhes, minúcias e quizongas, próprios de artistas e de músicos, Rui conclui o diálogo com uma pergunta bastante pertinente, endereçada ao companheiro: “E você sabe o que é que é tcham, chefe?” Esclarecimento aos meus caros leitores: o montesclarino é um ser com alma e estigma próprios. Um capiau diferenciado, pois bota panca de rico viajado, mas, a bem da verdade, nada mais é senão um chapadeiro “fiduna”. Domina-lhe a semântica libidinosa do pequi, o “rusarô” da cachaça, a subserviência religiosa. Nós andamos com um terço no bolso, mas, para garantir, também com uma fita benta de catopé na carteira de notas e, ainda, por via das dúvidas, um patuá de macumba na algibeira... Para nós, o gado mija pra trás, mas nos põe para frente. Na avaliação do saudoso Deca Rocha, “nós somos caboclos curraleiros, cheios de truques e alguma falsidade...”
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