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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 30 de outubro de 2024
 

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Mensagem: Parece que está chegando ao fim, em morte próxima por exaustão, o polêmico carnaval temporão em M. Claros. Que de carnaval não tem nada. Desde que foi criado, há cerca de 14 anos, vem sendo mudado de um lugar para outro, debaixo de anátemas dos prejudicados, que são muitos - a população que quer cumprir suas obrigações diárias. Surgiu nos fundos de um hospital, o maior que existe entre Belo Horizonte e Salvador, numa distância de mil quilômetros. Migrou para uma praça que viu morrer, em pouco tempo, os jatobás vigorosos que a batizavam. Talvez sufocados pelo barulho, pelo pisoteio, pelas noites gentis tomadas pelo estrépito que a natureza desconhece e abomina. A invenção foi levada ao Parque de Exposições e de lá saiu tangida pelo clamor da vizinhança em sobressalto. Vive provavelmente os derradeiros dias, o estertor, trazida de volta para a Praça dos Jatobás Mortos, como a população passou a chamar aquele malhada, de onde se retiraram - na ponta dos pés - as árvores de nossa cultura. Talvez não quisessem ver o que viram, ali onde tudo era paz e calmaria, à beira de um regato antigo. Os prefeitos dos últimos 14 anos devem ser avaliados sobre sua conduta na criação e manutenção desta mula-sem-cabeça que vaga sem achar lugar, pedindo descanso, sepultura, perseguida por outros interesses, em especial seguida pela lógica dos traficantes – como acaba de acontecer. Nunca é demais lembrar que um dos melhores prefeitos da história de Belo Horizonte, o humanista e médico Célio de Castro, negou licença para que pessoas oportunistas, interessadas em ganhar dinheiro com a saúde das demais, continuassem usando o espaço público - que é de todos - para a realização de micaretas, em que a fruição de muitos é obtida sobre o sofrimento dos demais. Reconheceu que o espaço público não pertence a prefeituras. Principalmente não pertence a eventuais mandatários, eternamente interessados em tirar proveito das circunstâncias. A rua, a avenida, as praças e esplanadas pertencem, e só, à população que as custeou e usa - e este bem é irretomável. O humanista permanente, e prefeito transitório, vetou o desvirtuamento do espaço que é de todos, em especial destinado a atender as necessidades elementares da população ordeira. Até hoje, muitos anos depois, Belo Horizonte não permite que suas vias sejam novamente desviadas para atividades danosas, em especial as que prejudicam a saúde coletiva. Nem é preciso repetir que a motivação dos shows que tomam praças e ruas, à revelia dos donos verdadeiros, é o lucro, em primeiro lugar, e os proveitos políticos/eleitorais, em seguida. Sempre a esperteza dos políticos, que se julgam donos da res publica - como dizem os juristas. Não são. Nunca serão. Custe o que custar, precisam ser lembrados disso, para o seu próprio bem. Mas a conduta que imprimem, tentando manipular a multidão ávida de sensações também passageiras, esta sim vai para a análise da história. Célio de Castro será lembrado por levantar-se solitariamente em defesa da população que o chamou para o exercício de uma consciência mais alta, que não se abate, nunca se cansa.

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