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Mensagem: Roedores de pequi Waldyr Senna Batista Aproveitando, outra vez, o “gancho” da revista “Veja”, que listou as possíveis futuras metrópoles do Brasil, há outras considerações a fazer no que se refere a Montes Claros, que ficou fora da lista. A cidade é pujante, tem expressão política, exerce forte liderança econômica regional, mas falta-lhe definir perfil mais nítido. Ela se destaca em vários ramos de atividade, sem que nenhum deles se sobressaia especialmente. Pode-se até dizer que sua força deriva dessa multiplicidade. A pecuária é expressiva, o comércio é moderno e diversificado, a indústria, representada pelo que restou do ciclo da Sudene, mantém posição de destaque, com empresas especializadas em tecnologia de ponta, As que fecharam são um caso à parte. Em Minas Gerais, há cidades com características bem definidas. Patos de Minas, cujas avenidas bem cuidadas são de encher as vistas, é conhecida como a “capital do milho”, graças à forte divulgação em torno da produção desse cereal. Uberaba é reconhecida como “a terra do zebu”, com exposição agropecuária tão importante que atrai produtores rurais até do exterior, além de políticos e governantes de expressão nacional. Uberlândia, vibrante metrópole com mais de 500 mil habitantes, tem diversificado parque industrial e concentra empórios atacadistas, cuja rede sobre rodas faz-se presente em praticamente todo o território nacional. Unaí, há anos, marca presença na mídia televisiva, projetando imagem desenvolvimentista. Na atual temporada, apresenta-se como “o maior polo de agricultura do Estado de Minas Gerais”. O que essas cidades têm em comum é a continuidade do apelo publicitário, que coloca em primeiro plano vantagens que oferecem para atrair investidores, independentemente de divergências locais e do grupo no poder. Disputas eleitorais são outra coisa. Em Montes Claros prevalece a descontinuidade, por falta de uma linha que privilegie o potencial da cidade. Haja vista o que ocorre atualmente, em que a publicidade institucional ocupa-se de destacar obras rotineiras, como asfaltamento de ruas e instalação de postos de saúde, para concluir dizendo que, com essas realizações, “a cidade está cada vez melhor”. Não é verdade. Em termos de investimentos, não há nenhuma grande obra em andamento, e as poucas que foram iniciadas com recursos dos governos estadual e federal, encontram-se paralisadas, caso de três grandes avenidas que completariam o circuito da avenida Sanitária. E o anel rodoviário-sul, destinado a desviar do centro da cidade o tráfego pesado, não está nem no papel. O município, sufocado pelo empreguismo na Prefeitura, tem arrecadação insuficiente até para a quitação da folha de pessoal. Falta dinheiro para atividades de rotina, como a coleta de lixo. Desta forma, não há como desenvolver qualquer programa para atração de empreendimentos industriais, tendo havido, quando muito, a instalação de unidades comerciais de grandes redes, que geram poucos empregos e transferem a receita aqui auferida para suas matrizes. Neste sentido, a cidade acaba de sofrer duro revés, com a venda da Alprino, de capital local e 40 anos de existência, para a gigante Pássaro Verde. Se na esfera empresarial as coisas estão deixando a desejar, no que tange às amenidades não há muito do que queixar. O Carnamontes e a Festa Nacional do Pequi estão aos poucos se impondo como a nova cara da cidade. O carnaval temporão, com os inconvenientes conhecidos, e o festival folclórico até dando origem ao surgimento de uma espécie de confraria, segundo a qual o montes-clarense autêntico, o de boa cepa, é o apreciador da fruta amarela: “Nós somos roedores de pequi”, proclamam os bravos adeptos dessa versão sertaneja dos legendários “Cavaleiros da Távola Redonda”. (Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil)
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