Paulo Braga
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Por Paulo Braga - 13/6/2011 08:27:09 |
Toque de recolher Paulo Braga Comerciante há muitos anos em barraquinhas, exposições, leilões, vaquejadas e outras festas com maior concentração de público puxa conversa sobre o que chama de “toque de recolher” imposto pela matança na guerra do narcotráfico em Montes Claros. Lembra que estamos a um mês da nossa exposição agropecuária, que já figurou entre as principais festas do interior de Minas Gerais. “O povo está com medo de sair de casa. Ainda ontem, um amigo que não passa mais do passeio da própria casa à noite, contou que já se pegou escondido atrás do portão, com medo de motos que vinham em sua direção. Gente de bem morrendo de medo”. O interlocutor me faz lembrar que 12 horas atrás uma mãe, radialista, me dissera que seu filho de 17 anos, indignado por não se sentir seguro em caminhar pela cidade e depender de os pais levá-lo e buscá-lo de carro, anuncia vontade de deixar o País. Voltando à conversa com o comerciante, experiente, ele admite que a queda nas vendas reflete ensaio de volta da inflação e o grau de endividamento das pessoas (“todo mundo tem prestação e consórcio para pagar”). Ressalva que em Montes Claros a violência e a impunidade agravam o sumiço dos fregueses. “Estou vindo de uma vaquejada em Coração de Jesus, tinha muita gente. Com pouco dinheiro para gastar, mas, muita gente mesmo. Aqui é diferente, as pessoas temem ir às ruas e, principalmente, às festas”. (Lembro relatos que ouvi de freqüentadores de barraquinhas tradicionais a que não compareci). Ele acrescenta: “Fica difícil a gente apostar, eu mesmo não vou arriscar na exposição. O custo é alto e não vejo perspectiva de a polícia tomar conta da situação, a ponto e a tempo de o povo voltar a confiar em sair de casa tranquilamente. Prefiro ir trabalhar na Festa do Senhor do Bonfim, em Bocaiúva”, desabafa. A conversa segue e o comerciante contesta a idéia de que os assassinatos em Montes Claros acontecem em áreas restritas, nos bairros Esplanada e Feijão Semeado, principalmente. “Já são 53 assassinatos neste ano, fora quem morreu após ser baleado e socorrido com vida, mas, depois, não resistiu. Essa noite, mataram dois rapazes no São Judas. Na anterior, tombou gente no Independência, no Santo Expedito e no Distrito Industrial. É de Norte a Sul, só não vê quem não quer. Dias atrás, uma bala perdida acertou uma moça durante show no parque de exposições”, queixa. A crise de autoestima a que tem feito referência o jornalista Waldyr Senna fica evidente: “Não demora, Montes Claros vai parar no Jornal Nacional como recordista de assassinatos. Nossas autoridades estão achando que só tem bandido matando bandido, mas, não é assim. Já vimos inocentes mortos por engano e criança assassinada por vingança. O crime organizado está tomando conta da cidade e prendendo a gente dentro de nossas próprias casas. Vou dizer mais: o comércio está sendo atingido, tem trabalhador perdendo seu ganha pão, ou se armando, por achar que assim fica protegido”. É verdade, tem gente honesta se armando, ou trabalhando com muito medo, vivido ainda por pais, esposas, maridos e filhos que ficam em casa esperando. Ouvi a respeito de frentistas, comerciantes, garçons e vigias, entre outros. Quem transita por aí livremente com armas para matar, pode usá-las para assaltar. E tem acontecido. Se o Estado acha que a segurança pública aqui está boa, para a bandidagem ela está uma maravilha. Assaltos, inclusive com assassinatos de vítimas, têm sido registrados. Nem funerária escapa dos ladrões, que atacam mesmo à luz do dia e até nas ruas mais movimentadas do centro de Montes Claros. Quem garante que roubar não tem sido a escapatória para endividados que o tráfico ameaça matar? O crime provocando novos crimes. Pessimismo? Opiniões isoladas? Não. Pode até haver exageros, fruto do medo coletivo, comum nas epidemias, todas elas estressantes e, portanto, desencadeantes de muitas doenças. A de assassinatos está caracterizada há quatro ou cinco anos seguidos em Montes Claros, que beira a três vezes mais que o máximo de dez assassinatos por 100 mil habitantes/ano tolerados pela Organização Mundial de Saúde. Pelo menos nos discursos, violência demais é grave problema de saúde pública. Para quem precisa ou vive falando em atrair investidores e alimentar inteligências, é importante dizer que o medo coletivo fundamentado costuma afugentá-los. Ouve-se longe um toque de recolher. |
Por Paulo Braga - 12/3/2010 17:10:18 |
Luis Ribeiro liga cobrando manifestação formal, aqui no montesclaros.com, sobre os 20 anos de fechamento do O Jornal de Montes Claros. Passadas duas décadas, às vezes, Luis Ribeiro lembra o "foca" que recebi das mãos do grande Waldyr Senna: sempre atento, farejando notícia. Argumento que estou sem tempo. A vontade mesmo foi de criticá-lo por nos fazer voltar a um daqueles dias que não deveriam ter acontecido. Persistente, Luis Ribeiro me faz prometer que vou encontrar um tempo para o assunto, como quando começávamos cedo e "enforcávamos" almoço para colocar o JMC nas ruas, ao final de cada tarde, mais completo e atual que a concorrência seria capaz de apresentar na manhã seguinte. Encontro neste mural depoimentos de outros egressos do JMC, incluindo o mestre Oswaldo Antunes. Vai ficando difícil arriscar algumas linhas a respeito de tão bela história. Ao mesmo tempo, cresce a razão de Luis Ribeiro: o fechamento do "O Jornal de Montes Claros" não é para ser esquecido. Infeliz o povo que não sabe contar a sua história, já foi dito. Se não fomos capazes de evitá-las, também não temos o direito de esquecer as lágrimas que deixamos rolar na Avenida Dulce Sarmento, a 10 de março de 1.990. Decido, então, escrever. Lembro de rápido diálogo com o Dr. Oswaldo, ao pé do cartão de ponto, quando cheguei a convencê-lo a retirar o primeiro aviso de fechamento ali afixado (nada me tira da cabeça que ele queria salvar o jornal, como se fosse a um filho). Mas, não adiantou, minutos depois, lá estava novamente o comunicado. Peço a Deus que não me deixe esquecer os bons ensinamentos que recebi no JMC, entre eles uma frase do Dr. Oswaldo para encerrar conversa que tivemos em sua sala, pouco antes do março indesejável: "Paulo, você tem filhos, um dia vai compreender essas coisas!" Somos órfãos daquele jeito de fazer e consumir jornalismo. Mas, não podemos condenar todos os profissionais, personagens e leitores de hoje, nem sempre culpados ou responsáveis por este tempo de pouca credibilidade, sinal da democracia, apesar das resistências, ou da falta de melhor entendimento sobre o que é tudo isso. Felizmente, o editorial de despedida do JMC não disse adeus, optou por "Calar antes do fim". Portanto, Paulo Narciso e demais amantes do jornalismo verdadeiro, este filme não acabou. Quem quiser e puder, candidate-se aos seus novos papéis e seja dos seus melhores atores. Entre também para a história de Montes Claros. |
Por Paulo Braga - 29/3/2008 14:37:03 |
E-mail: pauloabraga@hotmail.com Telefone: (38) 99418824 Errar é humano, persistir no erro... É importante que este jornal eletrônico insista em abrir espaços para o debate sobre a falta de responsabilidade com a ortografia. Estou abismado com os erros, inclusive de bacharéis, doutores e graduandos de universidades ditas as melhores do Brasil. Tenho documentos públicos, correspondências e relatórios com erros vergonhosos. E não vale botar a culpa na digitação, a gente percebe a diferença. Falta leitura, reciclagem. Falta o desejo de ser a cada dia melhor. Sobram desculpas. Todos erramos, mas é pelos que erram menos, por zelo e dedicação, que deveríamos nos orientar, sempre. |
Por Paulo Braga - 16/1/2008 21:19:48 |
Nome: Paulo Agostinho Pereira Braga E-mail: pauloabraga@hotmail.com Telefone: (38) 99418824 Cidade/UF: Montes Claros/MG Mensagem: Tive câncer, passei por três cirurgias pesadas, perdi alguns órgãos, mas fiquei livre da doença, graças ao tratamento médico e, principalmente, a um milagre, conforme reconhecem os profissionais que me atenderam. Sei o que aparece de receitas "milagrosas" quando se está numa situação dessa. Por crendice ou picaretagem, oferecem de paçoca de fel de urubu a coisas ainda piores. Infelizmente, muita gente menos esclarecida cai nessas conversas, consome até produtos que só tendem a piorar o quadro de infecção dos pacientes. Sei que o vice-presidente José Alencar Gomes da Silva, por sua condição, não vai aceitar os serviços a ele oferecidos na mensagem 30910 por curandeira que se diz milagrosa. Porém, infelizmente, há muitos outros que podem embarcar nesse tipo de conversa. Se a curandeira se apresentasse como tal, acho que não estaria aqui fazendo esse comentário, mas ela se diz crente em Deus. Ora, quem verdadeiramente crê em Deus sabe que só Ele cura, que não precisa o paciente ir ao céu para ser atendido, basta que crê e manifeste seu desejo. Deus é onipresente, não tem consultório como os curandeiros oportunistas. Se de fato acreditasse no Criador e Salvador, essa mulher atribuiria o milagre apenas e tão somente a Ele, nunca a si mesma. Lamentavelmente, o Brasil desgovernado, de saúde pública com péssima porta de entrada, expõe as pessoas humildes a esse tipo de esperteza, de picaretas que se dizem espíritas, evangélicos ou católicos, mas que não passam de capetinhas. |
Por Paulo Braga - 16/5/2007 10:35:38 |
Questão de exemplo Paulo Braga Ainda não ouvi falar de mulher que tenha antecedido Dona Lili no exercício do ofício de “açougueiro”, em Montes Claros. Começou quando lugar de mulher era na cozinha, enquanto criar, abater, desossar e negociar porcos e bovinos eram apenas para machos. Enfrentou preconceitos, mas abriu caminho para muitas mulheres norte-mineiras, como “Cássia de João Bonito” e “Marluce de Ismael”, do bairro Delfino Magalhães e da cidade de Ibiaí, respectivamente, para ficar apenas em dois bons exemplos de sucesso feminino no comércio de carnes, nos dias atuais. Há 45 anos, tia Lili e minha avó, Dona Perciliana Minguita, já ajudavam o açougueiro Manoel Viana, meu tio Manoelzinho. Criavam e abatiam porcos, desossavam bovinos, tratavam buchos e faziam excelente lingüiça. Para abastecer o açougue na esquina das ruas Rui Barbosa e Belo Horizonte, trabalhavam duro, inclusive à noite, nos finais de semana e nos feriados. Meus pais, o saudoso comerciante Joaquim Pereira da Silva e minha querida Dona Maria José Braga, costumavam encher a Rural, com os 12 filhos, para inesquecíveis passeios na casa-chácara do Tio Manoelzinho, no então distante bairro de Lourdes. Fartura, inclusive, de lições de trabalho e respeito. No dia 10 de maio corrente, Tio Manoelzinho foi chamado por Deus. Tia Lili, não sei se vai reabrir o comércio, fechado durante os meses que ela dedicou a cuidar apenas do marido doente. Se o fizer, que o ponto construído há alguns anos na Rui Barbosa, bem próximo ao açougue antigo, continue sendo não uma loja de carnes, mas uma Casa de Amigos. Ali, a pressa sempre foi inimiga da perfeição. “Se você está com pressa, veio ao lugar errado”, brincava “Seu Manoelzinho”, sempre que alguém tentava fugir do “dedo de prosa” enquanto ele “amolava a faca”. Amigo não pode demorar a vir, muito menos já chegar querendo ir embora, sem colocar a conversa em dia, advogava. “Não temos fregueses, temos amigos”, era o seu lema no comércio. Gente assim precisa ser melhor aproveitada. De berços humildes, o casal de açougueiros educou bem seis filhos, venceu pelo trabalho. Mas, o Brasil, infelizmente, ainda não aprendeu a valorizar os bons exemplos, segue deixando que bandidos sejam os ídolos de uma juventude muitas vezes sem perspectivas. Abandona até seus ídolos no futebol, enquanto na Europa, por exemplo, os melhores são aproveitados para formar novas gerações de craques. A melhor das revoluções começa nas salas de aula. Deveríamos chamar pessoas com testemunhos de superação para fazerem palestras. Mas, será que os alunos, pais, diretores, professores e demais funcionários estão dispostos a “perder” uma ou duas horas por semana? E a televisão, cheia de programas que só atrapalham? Deveria, no mínimo, investir em programas como o da norte-americana Oprah, no gnt, canal 41, na Sky. Quase todos os dias, ela mostra histórias de personagens vivos como os trigêmeos negros, pobres e órfãos de pai desde criança que, em apenas sete anos de formados, vão completar um milhão de dólares em doações à universidade da qual foram os melhores alunos de Direito. Eles atribuem o sucesso aos ambientes em que foram mantidos pela mãe: casa, escola e igreja. Adultos, jovens e crianças do Brasil também precisam saber que há boa recompensa para quem se determina a aprender a tabuada, a boa escrita, o bom ofício. O Brasil é diferente? Sim, mas não será multiplicando o número de traficantes, assaltantes e corruptos que haveremos de consertá-lo. Em Montes Claros, poderíamos começar essa revolução levando às escolas públicas, entre outros, os vivos da lista dos 150 ilustres que serão homenageados com a Medalha Civitas, além de escritores radicados aqui, como Itamaury Telles e Luiz de Paula Ferreira, cujas obras, com justiça, vêm sendo relacionadas pela comissão de vestibular da Unimontes. Pois, melhores são os exemplos do bem. |
Por Paulo Braga - 9/5/2007 07:37:53 |
Rezar e fazer certo Paulo Braga Faz bem a Igreja Católica em incentivar pessoas de boa formação de caráter a se envolverem, direta ou indiretamente, com a política brasileira. Alguém tinha mesmo que reagir. A cartilha “Organizando grupos de fé e política”, lançada pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), através da Arquidiocese de Belo Horizonte, pode ajudar a melhorar os quadros políticos, além de induzir todas as religiões verdadeiramente cristãs a não deixarem que a política vire coisa exclusiva dos bandidos, sob pena de todos nós pagarmos ainda mais caro pela omissão. Neste sentido, tem razão o deputado montes-clarense Humberto Souto, ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), quando diz que o ruim para a democracia ameaça todas as instituições que dependem da liberdade. A marginalização dos quadros políticos no Brasil é, de fato, preocupante, seja pelo alistamento de gente suja, seja pela inversão de valores em uma sociedade que derrota um Delfim Neto e novamente leva da cadeia para o Congresso Nacional, com outro banho de votos, gente comprovadamente enrolada, como Paulo Maluf. Azar do povo, que não sabe votar? Penso que não. Um povo sofrido, com pouca ou nenhuma capacidade crítica, não tem “o governo que merece”, mas o governo de quem mais o engana, de quem compra melhor os seus direitos. As igrejas, os pastores e padres honestos, tanto podem quanto devem assumir o papel de formar grupos de gente séria, para levarem as massas a reflexões e decisões à luz da Palavra de Deus, já que os partidos não são capazes de estabelecer conceitos que dignifiquem a política. E não estarão inventando nada, de forma alguma poderão ser acusados de desvirtuar os propósitos bíblicos. Deus não quer um povo humilhado. Jesus Cristo contestou o poder mal exercido, pregou contra os corruptos e enganadores. Dia desses, na feira livre do bairro Delfino Magalhães, após um rapaz chamar o “Homem da Cobra” de “meu vereador”, três senhoras passaram a conversar sobre nomes que estão surgindo para as eleições de 2.008. Uma delas, identificada pelas outras como Professora, alertou: “não basta trocar pombo-correio por urubus”, numa clara alusão ao escândalo em que se envolveu quase metade da atual Câmara Municipal e à sua vontade de promover mudanças. A segunda, que parecia dona da barraca de fumo e verduras, disparou: “Se Fernandinho Beira Mar viesse para cá, ele seria disputado pelos partidos políticos, iam transformá-lo em candidato a prefeito, eu acho”. Revoltada com a frustração da filha que parou de estudar ao perder a bolsa que “ganhou” nas eleições passadas, “Dona Maria”, a freguesa, arrematou: “E muita gente ainda vai votar num desses, pois, na televisão todos são bonzinhos...” Exagero? Nem tanto. O temido Primeiro Comando da Capital (PCC) já deixou escapar planos para investir na eleição de deputados e prefeitos, em todo o Brasil. Parece que, após anos de políticos virando bandidos, o crime resolveu dar o troco, como as aranhas de “Aracnofobia” e os camundongos de “Ratos em Nova Iorque”, valendo-se, quem sabe, daquela máxima dos 100 anos de perdão. Enquanto homens e mulheres de bem preferem não reagir, o dinheiro público, que deveria servir à promoção da justiça social, vai virando propriedade dos criminosos na política e dos políticos no crime. Dar as costas para os problemas não resolve nada. Se você duvida, pergunte ao goleiro Fábio, do Cruzeiro Esporte Clube. |
Por Paulo Braga - 30/4/2007 17:45:47 |
Plantando pesquisas (*) Paulo Braga Na política, quem sai na frente corre o risco de gastar todo o gás antes da hora, mas, até políticos ditos experientes, tentados pelo gosto do poder, vivem antecipando campanhas. Já acontece, por exemplo, quanto à próxima eleição para prefeito, marcada para outubro de 2.008. Aqui mesmo em Montes Claros, pretensos candidatos praticamente fazendo corpo-a-corpo, ou lançando propagandas intempestivas, ilegais. O saudoso ex-prefeito Mário Ribeiro da Silveira costumava dizer que gente, muitas vezes, é como bois, se uns correm em determinada direção, os outros vão atrás. E assim fazem os candidatos, uns se lançam antecipadamente e lá vêm outros, com suas verdades e mentiras, para “pegar” os bobos dos eleitores. A moda é plantar pesquisas. Todo dia surgem rumores diferentes, sobre fulano ou beltrano “na frente”. Porém, nunca aparece relatório escrito, registrado, detalhado e assinado por algum instituto de pesquisas com credibilidade. É aquela estória dos pés de cobras, dizem que eles existem, mas ninguém vê, acredite se quiser. Dia desses, num supermercado, um assessor de político mal acabara de me contar que seu patrão teria investido 70 mil reais em “pesquisa séria, feita por um instituto de Belo Horizonte”, cujo nome ele não citou, quando se pôs a avaliar as possibilidades de veracidade de suposto levantamento totalmente divergente, que conhecida dupla de “marqueteiros tupiniquins” tem se encarregado de espalhar, a serviço de outro candidato, posto em primeiro lugar nessa segunda lista, mas que na tal “obra de 70 mil” apareceria apenas “em quarto, bem longe”. Ora, quem tem pesquisa confiável não fica preocupado com supostos dados totalmente divergentes, ironiza-os. Logo, concluí que acabara de ouvir duas lendas (mentira é palavra muito pesada) sobre o mesmo assunto. Uma coisa é certa, quando um político tem a seu amplo favor pesquisa verdadeira, mesmo que feita para “consumo interno”, ela aparece, é mostrada de maneira formal, ainda que a poucos e parcialmente, para não orientar os adversários. Do contrário, como diz “Zezão Sugesta”, pagodeiro em São Tomé do Buraco Grande, é “minhoca lá”. Outro fato: pesquisa séria não diverge muito dos resultados que a gente encontra no dia-a-dia, conversando com pessoas de diferentes áreas. Também, não é comum apurarmos altos índices de votos definidos, consolidados, a quase um ano e meio das eleições. Portanto, nesse universo de seis a oito possíveis candidatos, se alguém chegar dizendo que um deles está com 25, 30 ou mais por cento das intenções de votos, desconfie da metodologia, da abrangência e da real existência da tal pesquisa. Se falarem em 50 por cento, tenha certeza de que é mentira. Observe ainda que, tão importante quanto as intenções de votos, é necessário conhecer a rejeição dos candidatos, que nada mais é que o percentual de eleitores que afirma não votar de jeito nenhum em cada um dos pretendentes. Normalmente, os mais amados são também os mais odiados, salvo os casos de completa frustração ou escandalização do eleitorado. Por acaso aquela pessoa que chegou dizendo ter visto uma pesquisa informou também os números da rejeição, pelo menos a ordem dos candidatos nessa fila? A propósito: os índices de rejeição, igualmente, podem e provavelmente vão sofrer grandes alterações até a próxima eleição, principalmente se o prefeito Athos Avelino Pereira de fato construir a nova história que a propaganda oficial está prometendo. Seus adversários sabem que cada rua asfaltada, cada emprego gerado, cada serviço prestado e bem divulgado pode, no mínimo, colocar novamente o chefe do Executivo a caminho do segundo turno, ainda que prefiram acreditar e pregar que “nem pintar ruas de ouro adianta mais”. A favor do atual prefeito pesa também a inexistência até aqui de escândalos em sua administração e na sua vida pessoal, ao contrário do que acontece com muitos plantadores de pesquisas por aí. (*) Jornalista |