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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 19 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Petróleo em Minas

Manoel Hygino
Jornal ´Hoje em Dia´

No tempo de Getúlio Vargas, apareceu um americano por aqui e disse que o Brasil não tinha petróleo. Naquela época, ainda se consumia pouco hidrocarboneto, isto é, petróleo e derivados. Certamente Link pertenceria a algum grupo internacional interessado em descobrir o ouro negro em outros pedaços do planeta.
Monteiro Lobato, que era patriota, homem de visão e com notável tenacidade, não acreditou. Por que, existindo petróleo em derredor, a natureza somente o escondia do Brasil, cuja área geográfica é a maior de todos os países da região?
O bravo paulista pagou caro por defender suas idéias. Chegou a ser preso, por desobedecer a versão oficial de que hidrocarboneto por cá não havia. Perfurou o seu próprio poço, com os minguados recursos técnicos de então, e nada se localizou de produção aproveitável. Veio o silêncio.
Quando Getúlio já era presidente constitucional, muitos anos após, ele próprio lançou a campanha “O petróleo é nosso”, com apoio maciço da juventude, dos nacionalistas de todas as correntes políticas, que piamente criam que aqui não era só de café e leite, de ouro, pedras preciosas, e minério de ferro.
Pioneiro na perfuração de poços petrolíferos em áreas profundas, possuidor de técnicas avançadas, o Brasil se transformou num dos grandes produtores do mundo, e muito mais tem a pesquisar, inclusive no pré-sal na costa marítima. A natureza, ou Deus, como se quiser, deixara em território brasileiro, em terra e no mar, o tal petróleo que o famoso Mister Link dissera inexistir.
Não se admitiria, porém, que o óleo só pudesse ser extraído junto à orla marítima, um privilégio que Deus ou a natureza tampouco tivesse definido. Por que? Minas Gerais, estado mediterrâneo, insistia para que se promovessem pesquisas em seu território, tão grande como a França. Parecia má vontade com a terra berço de Tiradentes e de grandes nacionalistas. Teimou-se em que a União trabalhasse no Norte-mineiro, como um tudo. No entanto, bateu-se na tecla, tendo uma empresa de Belo Horizonte, a Brain Tecnologia, elaborado o estudo “Avaliação do Potencial Patrolífero da Bacia do São Francisco”. A área em questão se estende por Minas, Bahia, Goiás, Tocantins e Distrito Federal, compreendendo o polígono Buritis, Paracatu, Pirapora, Januária. A bacia do São Francisco praticamente estava inexplorada quanto à pesquisa de hidrocarbonetos.
De 1960 a 1990, estudos geológicos de caráter regional foram realizados, identificando-se quatro situações para proposição de locação de poços exploratórios, sendo dois perfurados em Minas. Concluídos, revelaram indícios significativos de gás.Resumindo, emanações naturais de gases provenientes do subsolo e potencial petrolífero da Bacia do São Francisco eram dados animadores. A descoberta de grandes reservas comerciais de hidrocarbonetos em bacias proterozóicas da Sibéria, China, Estados Unidos e Austrália demonstrou que o que lá ocorria, semelhantemente a Minas Gerais, viabiliza a produção de óleo e gás entre nós.
Mais recentemente, a Petrobras divulgou – finalmente! - que se comprovara a presença de petróleo e gás em poço ao Sul da bacia do Jequitinhonha, em reservatório arenoso acima da camada de sal. O poço é operado pela própria Petrobras, que tem 60% de participação, e a Statoil Hydro, 40%.
A nota oficial era clara: “A descoberta indica o bom potencial daquela bacia.” Os reservatórios descobertos são arenitos e estão a 3.630 metros de profundidade. A extensão da jazida e sua economicidade serão avaliados oportunamente pelo Plano de Avaliação a ser proposto à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, ANP, conforme determina o contrato de concessão. A perfuração terá seguimento.
O essencial, contudo, é mostrar que Minas Gerais tem petróleo e gás, como a própria natureza sempre demonstrou, expelindo o que emanava do subsolo. A constatação de agora haverá de estimular novas pesquisas e perfurações. Não será possível deixar só no que já se conseguiu na bendita região do Jequitinhonha. Há muito a trabalhar. E o Brasil precisa.

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