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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 15 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Amelina Chaves

Há pessoas que envelhecem com o passar dos anos e deixam que a mente se avelhente prematuramente; há as que perdem, com o tempo, a mocidade do corpo, mas a mente se mantém jovem.
Lembra Luiz de Paula Ferreira que “a madrugada que passou não volta mais”. Algumas madrugadas, alguns dias da vida, deixam saudades, misto de alegria; outras infundem tristeza, mescla de decepções. O tempo passa leve “como as asas do vento” e deixa marcas. Marcas que robustecem e demarcam a própria existência. Não sentimos o passar do tempo, mas ele sempre passa e no seu percurso delimita valores. Quando isto acontece, a vida alcança os seus objetivos, o seu próprio significado. Pedro J. Bandaczuk nos lembra que o fotógrafo norte-americano Edward Steichen, acostumado a flagrar as cenas mais chocantes e incompreensíveis do cotidiano, observou: ´É possível compreender os estragos da bomba atômica. Mais difícil é entender o significado da vida´.
No dia 25 de Junho passado, no Centro Cultural Hermes de Paula, o colunista social João Jorge, com o brilhantismo de sempre, conduziu uma merecida homenagem à escritora Amelina Chaves, com a participação ativa de Carlos Maia e Charles Boavista (Maia y Boavista), à qual se associou o secretário de cultura Ildeu Brauna, com os aplausos de todos nós. Escrevendo, Amelina Chaves encontra o sentido da vida.
Porque a “memória é uma construção do futuro, mais do que do passado”, como disse Murilo Mendes, é que vemos a homenagem a Amelina Chaves como uma preservação futura de sua glorificação no presente. Para a grande maioria dos escritores demoram-se anos para que seja dado valor às suas obras e, muitas vezes, por gerações que com eles não conviveram.
Nós, daqui deste Sertão, falarmos sobre Amelina Chaves não tem mais graça. É chover no molhado. Vejamos o que sobre ela disse Valdivino Pereira Ferreira, do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano e do Colégio Brasileiro de Genealogia, do Rio de Janeiro: “A escritora Amelina Chaves tem sido um baluarte das letras e das artes no chão norte-mineiro desde algum tempo. Tem no coração o amor pelas letras nas suas mais variadas formas e carrega nas mãos um cálamo deslizante, que entontece a tela do computador todas as vezes que ela se senta ao lado dele para compor seus livros regionais. A bela dama de Montes Claros, nascida num povoado perdido nas Minas Gerais — tão amplas, múltiplas e unas, como diria João Guimarães Rosa — e adotada com amor filial pela grande metrópole norte-mineira, tem se revelado mesmo um espírito inquieto e irrequieto. A prova disso está no passeio que faz por entre as diversas formas da escrita. Divide a sua arte na poesia, no conto, na crônica, no romance regional, na biografia, no folclore, no folclore. Até na composição já enveredou-se. Fico a imaginar o que seria desse Brasil e de nossas cidades sem essas sacerdotisas, diletantes em história e genealogia, para contar a sua história e para resgatar o seu passado. Foi o mestre João Capistrano de Abreu (*1850—†.1927), quem disse que a “História do Brasil é um pouco a história das famílias e dos municípios espalhados pelo seu território”. Recebi aqui em Turmalina a oferta generosa de vários títulos de sua produção literária: “O eclético Darcy Ribeiro”, sobre o maior de nossos sociólogos no campo da antropologia; “Um mineiro de Caratinga no Planalto”, sobre o vitorioso empresário mineiro José Romão Filho, que se radicou nas proximidades de Brasília; “João Chaves: eterna lembrança”, um preito de homenagem ao grande vate montesclarense, compositor de imortais modinhas seresteiras; “Jagunços e coronéis”, um saboroso romance regional que nada fica a dever a nenhum escritor de renome. Já tinha dela “O andarilho do São Francisco”, outro romance regional de ótima composição dramática, imaginativo e denso. Amelina, de fato, é uma trabalhadora incansável da palavra. Fez acordo com o tempo, pois gerou para o mundo e para a sociedade organizada, nada mais nada menos do que quinze filhos, que se estendem hoje numa plêiade de netos e bisnetos, noras e genros, que engrandecem e aquecem os belos “Montes Claros das Formigas”. Amelina enriquece e adorna qualquer lugar em que viva. Essa é a bela filha do povoado de Sapé, pelas fraldas da Serra Geral. A cultura montesclarense está em paz consigo e com o mundo: Amelina é um recanto, um remanso de paz cultural. Mas é um torpedo perigoso para aqueles que não amam nem defendem a bela cidade de Montes Claros “montes clareou”. Assim é Amelina, o romance de Tolstoi que anda: a “Guerra e Paz” na defesa cultural. Em se tratando da cultura gorutubana, norte-mineira e brasileira, é claro”.

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