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Mensagem: Velhas lições sobre chagas e leishmaniose - Luiz Ribeiro - As pesquisas na área de parasitologia tiveram grande avanço graças ao pesquisador mineiro Antonio Augusto Tupynambá. Graças a ele, foram descobertas espécies de barbeiros transmissores da doença de Chagas e do mosquito flebótono, transmissor da leishmaniose visceral, também conhecida como calazar. Durante esta semana é comemorado o centenário do cientista, que nasceu em Montes Claros (em 17 de julho de 1909) e morreu, aos 76 anos, na cidade do Norte de Minas em março de 1986. Antonio Augusto Tupynambá é citado em diversas publicações científicas internacionais. Em reconhecimento ao seu trabalho, duas espécies descobertas por ele receberam o seu nome: o barbeiro Panstrongylus tupynambai e Phlebotomus tupynambai. O pesquisador teve o interesse despertado para a parasitologia e para a pesquisa científica ao ingressar na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na década de 1930. O mineiro trabalhou nos mais importantes centros de pesquisa do país, entre os quais o Instituto Ezequiel Dias, atual Fundação Ezequiel Dias (Funed), de Belo Horizonte; e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. Na Funed, onde, a partir de 1937, atuou no departamento de parasitologia, ao lado dos cientistas Amilcar Vianna Martins e Valdemar Versiane, dedicou-se à pesquisa da doença de Chagas. Além de publicar diversos trabalhos sobre o assunto, Tupynambá realizou inúmeras expedições científicas pelo interior mineiro e chegou a examinar cerca de 7.330 barbeiros. ´O doutor Antonio Augusto Tupynambá fez as expedições científicas num período em que era difícil viajar pelo interior, devido à falta de infraestrutura e más condições de transporte. Muitas vezes, ele viajava a cavalo. Era preciso levar também a alimentação, pois as viagens demoravam vários dias´, afirma a historiadora Fabiana Melo Neves, do Centro de Informação Científica e Cultural da Funed, que guarda um acervo do pesquisador. Ela ressalta a importância das descobertas de Tupynambá, que também fez um estudo sobre a distribuição geográfica da doença de Chagas, identificando as áreas endêmicas da moléstia, em parceria com o tropicologista argentino Cecíilio Romaña. Neste ano, foram comemorados os 100 anos da descoberta do mal de Chagas, ocorrida em abril de 1909, pelo também mineiro Carlos Chagas, no municípío de Lassance, no Norte do estado. Até hoje, a doença continua endêmica em diversas regiões do país, como o próprio Norte de Minas. Tupynambá contribuiu ainda com estudos sobre a ocorrência da esquistossomose na Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte. A coordenadora do Laboratório de Parasitologia da Fundação Ezequiel Dias, Eliana Furtado Moreira, destaca a importância de estudos realizados na primeira metade do século 20 por pesquisadores como Tupynambá para a descoberta dos vetores e avanços no diagnóstico e busca do tratamento das doenças parasitárias. Ela salienta que foram homens como Tupynambá que deram sequência a trabalhos como o de Carlos Chagas. ´Com a identificação das espécies de barbeiros e do mosquito flebótono, transmissores das doenças, foi possível avançar nos diagnósticos. Isso foi muito importante para a melhoria das ações de saúde pública de controle e prevenção´, afirma a coordenadora. O laboratório da Funed é referência nacional para o diagnóstico da doença de Chagas e para a leishmaniose. Em 1938, o pesquisador de Montes Claros começou a lecionar na Faculdade de Medicina da UFMG, assumindo a cadeira de parasitologia. Também foi responsável pelas aulas de clínica de doenças infecciosas e tropicais e de história natural. Na década de 1940, foi convidado a trabalhar na Fundação Oswaldo Cruz (Instituto Manguinhos), no Rio de Janeiro. Passou a comandar expedições científicas pelo interior do Brasil. De acordo com o professor de direito Eduardo Tupynambá, um dos filhos do cientista, a pedido de Getúlio Vargas, ele viajou para o Rio Grande do Sul, precisamente na região de São Miguel, onde fez estudos sobre espécies de mosquitos. Lá, identificou uma das espécies do flebótomo, que recebeu o seu nome: Phlebotomus tupynambai. Em junho de 1945, Antonio Tupynambá se mudou para Montes Claros, onde se casou com Terezinha Machado Tupynambá (falecida há alguns anos), com quem teve seis filhos. Ele abandonou a carreira científica e tornou-se fazendeiro no Norte de Minas. ´Ele ficou decepcionado porque não concordava com a interferência política na ciência e tecnologia. Por isso, decidiu deixar de ver a academia´, conta Eduardo, que pertence ao corpo docente da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).
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