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Mensagem: Agora, setembro chegou Manoel Hygino (Hoje em Dia) Fugida à Itália com seu namorado, a poetisa inglesa Elizabeth Barret Browning ansiava, voltar à pátria. Em poema que se celebra até hoje, lamentava: “Oh, to be in England, now that Abril is there!” Mesmo ao lado do grande amor de sua vida, o poeta Robert Browning, que a furtara à casa paterna à noite, ela sofria problemas de locomoção, não olvidava o lar pátrio. Semelhantemente se diria com relação às festas de agosto em nossa aldeia natal de indeléveis recordações. No penúltimo dia de festa dos catopês, marujos e caboclinhos (e eu fui um deles, há décadas!), desfilaram pelas ruas do centro, saindo da Praça do Automóvel Clube (cenário do trágico episódio que Chateaubriand apelidou de “emboscada de bugres”) e perto de onde viveu minha mãe e se finou) em direção do Rosário. No último dia de festa, houve o Encontro Mineiro de Congado, na Associação dos Grupos de Catopês, Marujos e Caboclinhos. Há muita simbologia e agosto é um mês muito especial. Após a saída de cena, em 2009, desses personagens, chuva miúda caiu sobre a cidade. Canção imortal de Dulce Sarmento, musicista admirada, nas serranias em volta os ipês vão vestir-se de roxo já com muita saudade. Mas essas árvores já também pintam de roxo as ruas de Belo Horizonte em que conseguiram sobreviver à insânia dos vândalos, das intempéries, à incessante corrosão causada pelos gases dos veículos em circulação. A cada agosto que passa, a árvore batizada por Martius planta saudades nos corações daqueles que amam as festas de mês tão singular e até venerado por pessoas que sentem a significação desse período para a cultura local e regional. Darcy Ribeiro, cidadão do mundo, rendia tributo de carinho a essa época do ano e às festas, em que seu grande desejo era ser imperador da Festa do Divino. Mas, agora que a primavera está chegando, pensaria evocar a importância da estação das árvores e das flores, sem as quais não sobreviverá o homem. Nesta fase da história da humanidade, quando se pensa em buscar vida em outros planetas, tentemos recuperar o ainda recuperável na natureza, proteger, defender, para que não morramos de sede e fome na Canaã de todos os homens que têm um mínimo de sensibilidade e capacidade de raciocínio. Não estamos matando os bens da natureza: esse é um processo de autodestruição inconcebível e criminoso. Bem a propósito, lembro uma escritora estrangeira que faleceu quando Belo Horizonte completava sessenta anos. Gabriela Mistral, nascida no Chile no ano da proclamação da República no Brasil, 1889, Prêmio Nobel de Literatura, proclamou a grande valia do sistema em que vivemos. “Toda a natureza é uma aspiração de servir. Nessa verdade: serve a nuvem, serve o vento, servem os sulcos do arado. /Onde houver uma árvore a plantar,/deves plantá-la tu;/”Onde houver um erro a emendar,/deves emendá-lo tu;/Onde houver um esforço a que todos se neguem,/deves aceitá-lo tu. Se aquele que retirou a pedra do caminho,/ o ódio entre as gerações e as dificuldades do problema./Há a alegria de ser sadio/ e de ser justo; /Mas há, sobretudo, a formosa, a imensa alegria de servir, /Que triste seria o mundo, /se tudo nele estivesse feito! Se não pudesses nele plantar uma flor, /ou iniciar uma conquista. Não. Não gostes apenas dos trabalhos fáceis. /É belo fazer-se os que os outros evitam/ porque é difícil; Não caias no erro de acreditar:/ só há grandeza nos grandes trabalhos; os pequenos serviços são imensos trabalhos: adornar a mesa, pentear uma criança, plantar uma flor... Há uns que criticam, / há outros que destroem/sê tu, o que serve. Servir, não é tarefa dos inferiores. /Deus, que dá o fruto e luz, serve. Poderemos chamá-lo: “O que serve!/ Quando o crepúsculo chegar, fixa teus olhos em tuas mãos, /e pergunta cada dia: - Serviste hoje? A quem? A árvores, a teu amigo, a tua mãe?...”
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