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Mensagem: Reflexões do Cotidiano Viajar é algo mágico. Uma sensação do incomum, do inusitado. Um ato que desperta os sentidos e apura as emoções, uma quebra radical da rotina. Mesmo que sejam poucos dias, levamos parte de nossa vida acondicionada em malas sobre rodinhas. Cheguei no princípio da semana de Caldas Novas. Dez entre dez mineiros conhecem esse paraíso termal. Só que, dessa vez hospedei-me na colônia de férias do SESC. Local melhor impossível. A estrutura do complexo turístico, a organização, a limpeza, o conforto, a alimentação, nada a reclamar. Quando se conhece o SESC ou o SENAC, sentimos que fazem parte do Brasil desenvolvido, do país sério que merecemos, principalmente nesses dias que a cada hora explode um escândalo no setor público. Em pleno cerrado, uma ilha verde, paisagismo digno de um Burle Marx! A beleza natural das árvores, o perfume e o colorido das plantas e flores, passarinhos em profusão. A poesia da vida, um vento de felicidade e calma me envolve, os sons da natureza me enfeitiçam. É um lugar para viver dias de paz, de agradecimento, aconchego, ou simplesmente ser feliz! Andando por suas instalações me deparo com a sala de leitura onde revistas semanais ou revistas alternativas são um convite à leitura. Poltronas confortáveis para ler, computadores e livros são uma tentação para sair das piscinas. Lazer e cultura, uma dupla imbatível. Mais adiante a Biblioteca Bernardo Ellis, escritor goiano, orgulho do seu estado, que ocupou a cadeira nº 1 da Academia Brasileira de Letras. Uma biblioteca é um lugar sagrado, pois a leitura é como o vinho e o pão, embriaga e alimenta. Sempre que leio um livro, ele começa a fazer parte de mim. Nas estantes, livros da melhor literatura brasileira e estrangeira. À beira de uma das piscinas, sob uma frondosa jaqueira, estava lendo a revista “Época” de 10/08/09. Nela está o artigo “Prosa, Poesia e Política”. Aborda a eleição do médico Pedro Kassab, pai do prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab, para a Academia Paulista de Letras, sem nunca ter publicado uma obra sequer. Na A.B.L, entre os políticos de fardão, está o Coronelão do atraso, o presidente do Senado, José Sarney, cuja biografia política é uma vergonha! O dito senhor escreveu 13 livros de poesia e prosa. Não conheço ninguém que os tenha lido, mesmo o mais conhecido, “Marimbondos de Fogo”, que, com certeza, deveria se chamar marimbondos da corrupção, ou os marimbondos nada sabiam. Mas, o poder inebria, o sucesso é temporário e, um dia a verdade aparece, porque essa é eterna, Não consigo entender como dois grandes intelectuais brasileiros, o crítico literário Antônio Candido e o poeta Ferreira Gullar – esse sim, um maranhense digno de respeito, um escritor admirável, não conseguiram entrar para a Academia Brasileira de Letras. Mário Quintana, um dos maiores poetas do Brasil, tentou fazer parte da Academia por duas vezes e não conseguiu ser eleito. No entanto, o Soba do Maranhão, desde 1980, lá está na cadeira 38. Acredito que o maior dos nossos escritores, Machado de Assis deve estar se revirando no mausóleo da Academia no Cemitério São João Batista, e, mesmo sendo o bruxo do Cosme Velho não conseguirá reverter essa situação. A crônica é um olhar sobre a vida, às vezes uma conversa, ou às vezes um desabafo. Comecei falando da Colônia de Férias do SESC em Caldas Novas, um lugar paradisíaco e termino indignada questionando a presença do Senador José Sarney, presidente do Senado, que não se sente culpado de nada, seus servos decretaram que nada houve. E também sua presença na Academia. Tomara que a ABL seja mais criteriosa em suas escolhas, que saiba separar o trigo do joio. Como sou otimista por natureza, e num país onde existem o SESC e o SENAC não se deve perder a esperança. Quem sabe esses microcosmos ensinem ao macrocosmo como administrar com ética, justiça e responsabilidade os bens que são de todos os brasileiros P.S. Dados retirados da reportagem Prosa, Poesia e Política – Revista Época – em 10/08/09.
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