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Mensagem: A PRAÇA DE ESPORTES JOSE PRATES Desprezando a história, o dirigente montesclarense de hoje pleiteia a demolição da antiga praça de esportes, ontem gloria do atletismo norte – mineiro, hoje, para alguns, coisa velha e imprestável. A extinção da velha Praça não é, apenas, menosprezo a um patrimônio histórico, mas, um desrespeito à memória de alguns desportistas que já partiram, parte dos que levaram o esporte montesclarense ao alto do pódio em disputas estaduais, como a conquista do titulo de campeã estadual de vôlei, na década de cinqüenta e lugar honroso na disputa do campeonato estadual de basquete na mesma época, graças ao preparo que receberam nessa velha Praça. Por quê? Porque tínhamos um espaço físico adequado a uma juventude vibrante, interessada no esporte como fator de educação, treinada e incentivada por elementos como o Sargento Pimenta, dedicado mestre, cujo interesse maior era despertar e incentivar o interesse desportivo do jovem. A maioria absoluta dos que hoje habitam Montes Claros, não conheceu a Praça na sua plenitude de atividade, nem tomou conhecimento de sua importância para aquela juventude que tinha o prazer como motivo para prática do esporte. Ontem, não havia, como hoje, o profissionalismo como atração, que fez substituir o simples prazer pelo interesse de fama e dinheiro. Aquela praça não era simplesmente um ponto de encontro de jovens namorados. Era sim, o ponto de encontro de uma juventude que amava o esporte e sentia orgulho daquele espaço único consagrado às atividades desportivas, sem par no norte do Estado. Ali estavam as quadras de basquete e vôlei, a piscina olímpica, a pista de corrida, a quadra de ginástica e tudo mais que fosse necessário à preparação do jovem dentro do esporte, motivo de prazer e orgulho de uma população que sempre amou sua terra. Lembro-me do jardineiro Benício, de tesoura na mão, acertando a folhagem dos fixus que cercavam a praça, enquanto outros cuidavam dos canteiros floridos que ficavam na área interna. Lá dentro, estava a alegria das aulas de ginástica; o apito dos treinadores nas partidas de vôlei. No salão do prédio da administração, a vitrola toca a meio som, o bolero “besa mucho, como se fuera la ultima vez”, para que dois jovens dancem agarradinhos, de olhos fechados, como se fossem anjos descendo do céu sobre a praça de esportes, orgulho da cidade e alegria da gente jovem. Naquela ocasião, duas coisas chamavam a atenção em Monsclaros: a catedral e aquela praça. Nas famílias de classe média, casamento era feito na Catedral; churrasco aos domingos, na praça de esportes. Em qualquer cidade grande ou pequena em qualquer parte do mundo civilizado, vemos prédios, monumentos, ou espaços que contam historias, cuidadosamente conservados com as mesmas características do passado sem lhe modificar a fisionomia. Vamos ao Rio de Janeiro, aqui mesmo pertinho de nós e contemplemos o casario da Gamboa, da Rua da Quitanda, o chafariz da Praça Quinze, a Quinta da Boa Vista com a casa imperial que lá estão intactos, conservados, mostrando o passado; vamos á Roma antiga e passemos pelo Coliseu, seguindo até o Senado e de lá vamos até o cárcere onde estiveram presos os apóstolos Pedro e Paulo há vinte séculos passados. Em todos esses prédios ainda podemos contemplar as belas colunas gregas e a majestade das paredes, tudo conservado dentro do possível. Em Jerusalem ainda se vê as colunas do Sinédrio. Ninguem pensa em demolir nenhum desses monumentos para construir nada em seu lugar. Ali está a historia de um povo que deve ser mantida intacta para conhecimento da posteridade. A Praça de Esportes, velha, sem utilidade talvez, mas, é historia e como história deve ser mantida. Digníssimo Prefeito e Senhores Vereadores: Por favor, acordem para os fatos. Montes Claros tem uma importância muito grande no cenário político e econômico do Estado e é conhecida no Brasil inteiro como cidade progressista e altamente civilizada. Por que, então, desfazer essa fama demolindo a velha praça e em seu lugar construir um terminal rodoviário? Por que não conservá-la intacta, atraente como história para satisfação dos que vierem após todos nós? A cidade cresceu horizontalmente e, hoje, ela, a Praça, deve estar no centro comercial. Deixe que ela fique ali ocupando o centro da nossa historia desportiva. Sejam, senhores, sensíveis à história. É o povo que pede. (José Prates, 81 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros de 1945 a 1958 quando foi removido para o Rio de Janeiro onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)
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