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Mensagem: O drama nas escolas Jornal ´Hoje em Dia´ - Manoel Hygino dos Santos Guardamos as melhores e carinhosas lembranças de nossas professoras de curso elementar, o antigo primário. Era a abertura da inteligência ao conhecimento e à vida. Jovens senhoritas e senhoras que recebiam na escola o filho alheio, mas o tratava como se fora seu. Em uma de suas belas composições, Ataulfo Alves canta a humilde beleza de sua pequenina Miraí, encravada no interior mineiro. Exalta a beleza ingênua de seu berço e o amor que lhe devotava a mestra querida. Espanta-me, assim, a sucessão de desaforos dirigidos pelos alunos de nossos dias àquelas que deram o dão o máximo de si, em eternos de conhecimento e educação às futuras gerações, quase sempre - ou sempre - percebendo salários - vou dizer - pífios. Li o comentário de uma professora, dizendo que, embora estejamos numa democracia, a classe não pode dizer o que se passa nas salas de aula; não pode revelar suas dores, decepções e angústias. O exercício da profissão se tornou um trabalho perigoso, inclusive por atuação de pessoas e entidades alheias ao meio. Para a professora, forças estranhas à escola impedem que o magistério seja tão bom quanto antes, embora se conte com instrumento úteis e modernos, como a internet e o computador. São instrumentos, ferramentas, não objetivo. Mencionada mestra exclama: ´Lamento não poder gritar aos quatro cantos do mundo o que se passa atrás das cortinas da educação hoje no Brasil. Não sei mais o que sou, se educadora ou revoltada. Não me conheço, perdi minha identidade numa sala de aula qualquer´. Tomou conhecimento da lamentação, outra professora, de Cabo Frio, que colabora em pesquisa para uma Universidade do Rio de Janeiro. Ela não se surpreende com os fatos, embora dolorosos, e concorda com as mensagens sobre ´os turvos ares da educação´. Acrescenta: ´Ao que tudo indica, ficarão - os ares - totalmente negros, caso nenhuma providência seja tomada´. As considerações publicadas forma de tamanha franqueza que não me assustei em momento algum, pois - por meio da pesquisa que estou desenvolvendo, o que foi relatado pelos internautas já é de meu conhecimento´. A discussão do tema com público aberto é útil ´para que a sociedade possa perceber o quanto estamos indo para um caminho tortuoso´. Reclama de conselhos titulares e outros segmentos que elaboram leis e normas, sem antes penetrar no campo onde elas serão aplicadas. É uma realidade. Buscou exemplo e expôs: ´É tão absurda a situação em que se encontram as escolas, que uma delas convocou algumas pessoas do Conselho Tutelar de determinado estado para fazerem uma palestra para os alunos, no intuito de que estes melhorassem no quesito disciplina. Foi um terror. Os alunos expulsaram os conselheiros, jogaram ovos podres, tomates, pratos de merenda e os ameaçaram de morte. A partir daquele dia, a escola não funcionou mais, houve uma destruição total dos móveis, computadores. As leis são elaboradas para beneficiar o aluno. Sob a óptica do aluno, o professor é apenas um ´delinquente´. Há milhões de crianças e adolescentes fora da escola, todos o sabemos. Há muitos irresponsáveis... responsáveis, e culpados não punidos... nem puníveis. A verdade verdadeira é que o o país que habitamos, em que nascemos, onde formamos família, geramos filhos, há filhos de numerosos pais que não vão à escola, nem sabem como nela se portar, contando com aquiescência e cumplicidade de setores que não conhecem as entranhas do problema. O resultado aí está para vergonha daqueles que ainda a têm e desapontamento dos que acham que estamos no melhor dos mundos. O Brasil é o país com o maior número de analfabetos da América Latina, segundo a Unesco. No total, são 14,1 milhões de brasileiros, ou seja, 10,5% da população maior de 15 anos, que não sabe ler nem escrever. A América Latina tem 25 milhões de analfabetos, principalmente no Brasil e México, os mais populosos países.
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