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Mensagem: Clonagem de telefones Waldyr Senna Batista Ainda não se falou, em Montes Claros, sobre a clonagem de aparelhos telefônicos a serviço de narcotráfico. Ela é praticada com frequência pelos bandidos que atuam na rota que se inicia no Centro-Oeste do País e alcança o Nordeste, passando por Montes Claros. Essa é mais uma semelhança da criminalidade que aqui se pratica com a de grandes centros urbanos, além da mais evidente delas, que são as execuções sumárias. Estas têm mostrado declínio, ultimamente, mas ainda se situam em níveis preocupantes, devendo fechar o ano com média mensal superior a cinco assassinatos. Até agora foram 52 casos em nove meses. Mas se a pequena redução é atribuída à repressão policial, que tem alcançado vitórias relativas, a clonagem de telefones pode ser entendida como alternativa criada pelos traficantes para fugir à ação policial. Presos, os criminosos atuam no interior dos presídios, incluindo os de Montes Claros e Francisco Sá, que recebem prisioneiros de outras regiões. Utilizam aparelhos clonados, especialmente os da rede rural. As empresas de telefonia evitam confirmar a existência desse elo, mas o simples manuseio das faturas de telefones clonados levam a essa conclusão. São ligações de longa duração, feitas para os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e Tocantins, vizinhos da Bolívia, da Colômbia e do Paraguai, que produzem a maior parte da droga que abastece o mercado brasileiro. A rede rural de telefonia, que conta com quase 1.500 aparelhos, é segmento que as provedoras de telefonia sempre rejeitaram, por ser deficitária. Em razão disso, os assinantes de aparelhos da rede rural penam quando se deparam com as indefectíveis mensagens gravadas, dando conta de que “esse aparelho está programado para não receber chamadas”. Esse pode ser o primeiro sinal de que houve clonagem, para cuja eliminação o usuário passará a conversar com máquinas, que reproduzem mensagens pasteurizadas emitidas por centrais de atendimento instalados em Fortaleza, no Ceará. As moças do balcão de atendimento local nada podem fazer além de excluir os débitos indevidos contidos nas faturas. Isso resulta em estresse, com horas de espera e conversas improdutivas. Quando a Telemig encampou a Cia. Telefônica de Montes Claros, foi a contragosto que aceitou incluir no negócio a rede rural, integrante do sistema. Fez-se constar no contrato a obrigatoriedade de preservação e manutenção do serviço, que, no entanto, tem merecido tratamento de filho bastardo. Uma espécie de contrapeso em meio ao filé mignon que é a telefonia nacional, privatizada pelo governo Fernando Henrique Cardoso. A Telemig transferiu o acervo para Telemar, que o entregou à Oi, campeã absoluta em péssimo atendimento, onde os usuários são empurrados com a barriga. Os narcotraficantes certamente perceberam essa lacuna e vêm tirando o máximo de proveito. Ao que parece, a Anatel, agência criada para fiscalizar os serviços do setor no país, não se dispõe a chamar a Oi à responsabilidade. (Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil)
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